09- Os Manuais Da Prostituição

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Eram sete da manhã e Hugo estava em frente ao restaurante italiano, como havíamos combinado por mensagem. Se apoiava no carro usando óculos escuros e uma jaqueta de couro, posso sentir seus olhos me seguindo por detrás das lentes negras enquanto ando, ele me recebe com um aperto de mão.

-Vamos lá? Temos um dia cheio hoje.

Entro no carro, não sabia o que exatamente iríamos fazer, mas temia procedimentos estéticos malucos.

-Então, por onde começamos?- pergunto apreensivo.

-Regra número 1, a Narcisus nunca permitiria que um de seus funcionários se apresentasse de forma menos que impecável, então, roupas.

Com isso seguimos em direção ao centro da cidade.

-Então, quais são as outras regras?- pergunto quebrando o silêncio.

-Ok, regra número 2, você não deve falar da sua vida, aquilo não é o programa Casos de Família, está ali pra transar, não pra se lamentar.- assinto com a cabeça,- regra número 3, você deve fazer o que o contratante pedir, sem desculpas ou frescuras, ele paga, ele manda. Por enquanto é isso, as próximas serão ditas no momento certo.

Mais alguns minutos de carro e chegamos a uma loja, na fachada havia um grande letreiro preto, LEXUS, quando entramos percebo que ali haviam apenas...

-Ternos?- pergunto.

-Claro, o que esperava, roupa casual?- pergunta ele debochado, a verdade era que eu não havia pensado em nada, só não imaginava algo desse nível.

Depois de dezenas de trocas e acertos eu tinha um terno que se encaixava perfeitamente ao meu corpo, era um preto clássico.

Então partimos rumo ao próximo compromisso, Spa, como anunciara Hugo.

-Regra número 4, Sebastian, sobre hipótese alguma você pode revelar a identidade de um cliente, se quebrar essa regra pode se considerar morto.

Assim que diz isso, o observo por um longo tempo, ele não parecia estar brincando.

-O que vamos fazer no Spa?

-Ah claro, empregados da Narcisus devem estar sempre sobre os padrões de higiene prescritos pelos contratantes, vamos apenas "limpar você".- diz ele fazendo aspas com uma das mãos, a outra permanecia no volante.

Aquilo me pareceu estranho mas não questionei, fomos para o Spa, quanto a essa parte prefiro não comentar muito, mas aí vai uma observação, tirar pelos com cera nem é nem um pouco agradável, e aquela cera passou por lugares que só minha mão passava durante o banho, quando saí de lá eu estava dolorido e liso, pelo menos minha barba e cabelos estavam intactos, e minha dignidade? Nem tanto.  Aquele lugar não havia sido o banho de rosas e massagens que eu imaginara.

Durante o almoço não falei nada, nem tinha o que falar depois que Hugo havia me visto ser depenado. Agora todas as escolhas precipitadas que havia feito pareciam estar mostrando sua verdadeira​ face.

Hugo parecia não estar com muita pressa, estava relaxando em mais um dia comum enquanto me sentia um frango prestes a ser abatido.

-Vamos lá então?- diz ele se levantando, joga uma nota de cem reais sobre a mesa e sai andando.

-Me levanto e o sigo, mais algum tempo dirigindo e percebo que ela liga a seta na direção de um motel.

-Espera, mas vai acontecer aqui? Tipo, agora?- pergunto meio desesperado.

-Não, claro que não, só vamos acabar de te arrumar aqui. Você não acha que alguém rico que quer sigilo vai vir em um motel barato desses, acha?- pergunta ele, dou de ombros.

Hugo estaciona e sai do carro com uma maleta e meu terno em um cabide ensacado, na recepção ele pega uma chave e partimos rumo a um quarto.

-Vá e tome um banho, eu espero aqui.

Alguns minutos depois estou em uma água quente, nesse momento minha mente fica dispersa, como seria o tal cliente? Sem preconceitos mas não me deixaria nem um pouco animado se tivesse que traçar uma bunda flácida de um velho, um arrepio percorre meu corpo só de pensar. Mas se fosse pela minha família eu faria. Perder minha...

Talvez fosse melhor nem pensar, me levanto, me seco e visto uma cueca nova, assim que saio Hugo dá um assobio.

-Então, antes de se vestir preciso fazer uma coisa, - ele mostra um pequeno aparelho em sua mão.- Esse é um exame rápido para HIV, é necessário antes de todo encontro com um cliente.

-Eu não tenho HIV, não posso ter.

-Todos pensam isso.- diz ele desdenhoso.

- Não, é sério, eu não posso ter.- respondo de novo.- Ele me observa por alguns instantes e então percebe o recado.

-Meu Deus, você é virgem?!- pergunta ele chocado, assinto com a cabeça.- Mas nada? Nem um boquete? Uma rapidinha? Tipo, nada?

Olho sério para ele.

-Tudo bem, acredito em você, mas isso não muda o fato do teste ser obrigatório.- diz ele.

Faço o teste e como imaginado, o resultado é negativo.

-E agora, antes de se vestir, é hora da chuva,- o observo sem entender do que estava falando. -Ah, qual é? Você não acha que aquele povo nos filmes pornôs vem limpos de fabrica né?

-Eu não assisto esse tipo de coisa.- digo ofendido, ele me observa tentando definir se estava falando a verdade.

-Sebastian, você não existe.- diz ele , então pega uma espécie de saquinho plástico com uma espécie de canudo embutido e me entrega,e dá algumas instruções e pede para que eu repita o processo algumas vezes, ele se oferece para ajudar no processo mas eu dispenso, não sabia qual era o intuito daquilo mas ainda assim faço, depois de acabado, era como se eu parque aquático tivesse passado por dentro de mim. Então finalmente me visto, ajeito o cabelo e saímos do motel, era hora de encarar meu cliente misterioso.

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