08 - Cera e Néctar

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"Os primeiros meses se tornaram intensos vorazmente. Logo, passar longos períodos com ele era comum e bem-vindo. Diria que começava a estranhar seu afastamento, o que me era novo e intrigante. Ele retornaria à Vila dos Greymun e disse-lhe que poderia deitar-se com a fêmea que desejasse, pois para mim era indiferente. Eu deveria ter previsto a reação dele, questionando-me mil coisas ao mesmo tempo.

— A fidelidade não importa-me de fato — sempre sendo sincera em um nível áspero, expliquei a ele — Gosto mesmo é de ver a excitação que corre pelo teu corpo quando digo que tu és o único macho que me penetra. É o sentimento masculino totalmente egoísta de posse, que também é o maior presente que lhe permito ter. Claro que também adoro a forma como me toca, me toma e me submete. É bem único, admito.

— Quanto às conselheiras que lhe acompanham nas noites? Não estão lá só para lhe dar palavras confortáveis. Elas também lhe aquecem com seus corpos na cama... — Dyron insistia.

— Preciso ter com quem me satisfazer enquanto tu estás distante. Tenho certeza que tua masculinidade não se incomodará em dividir-me com outras fêmeas. "

No momento de fúria, dissera para Méry que não sentia falta de Dyron. Na verdade, era o que realmente gostaria de não sentir. Havia algo perdido dentro de si a respeito dele. Latente e provocante, uma saudade fria. Mentira por falta de palavras para expressar-se. O vazio era estranho para uma pessoa acostumada a uma vida preenchendo-se com si mesma.

Levantou o rosto constando a claridade do amanhecer que irrompia da janela enquanto sua face saboreava a macieza das melenas de ébano. Tivera ela aninhada sobre seu peito ao longo da madrugada fria. Sentia a tranquilidade na respiração e acariciou-lhe o dorso despido sem intenção de despertá-la, por mais que fosse preciso. Era prazeroso sentir que poderia protegê-la. A ilusão era real no imaginário da bruxa, sendo ela própria o bastião da figura que moldava-se de sua sombra.

Buscava na memória distante os rastros do atual enigma. Desde que se tornara regente do condado, nunca sentira-se tão indecisa. Vivera em luxúria ao lado do barão, suprimindo qualquer demanda maior após eliminar toda sua lista de pendências com o passado. Se enganava, entretanto. Com seu vasto conhecimento em campos pouco explorados naquele tempo — por tabu ou repreensão da Igreja — construiu laboratórios, instruindo curandeiros e alquimistas a seu serviço, criando sua fortuna com os viajantes que vinham para Karnácia buscando curas milagrosas e a encontravam por um determinado preço. Medo e respeito fizeram com que, ironicamente, Kállina fosse uma mulher de imagem santa apócrifa. Mas o legado de sua mãe estava incompleto. Era a peça do enigma que se fizera urgente após o que passara com Dyron.

Uma esmeralda e uma safira se levantaram delicadas. As íris de cores distintas lançaram seu brilho para Kállina, saudando em despertar. O sorriso angelical se fez junto do leve aperto na cintura de sua mestra. Méry, sua frágil joia a ser lapidada, estava envolta de suas asas tal uma posse inestimável.

Karnácia: Condessa ProfanaOnde histórias criam vida. Descubra agora