La Donna I

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Por Antonella,

- É sério, você não precisa sair de casa. Você nunca nos atrapalhou, e não é agora que isso irá acontecer.

Eu vinha pensando em encontrar um novo local para morar, desde a última quarta-feira, quando descobrimos sobre a gravidez de Giovanna. Cheguei a procurar por um consultor imobiliário para pedir algumas indicações, mas quando soube, Giovanna fez questão de listar diversos motivos para que eu não fosse embora. Como, por exemplo, dizer que minha presença seria muito importante para ela e o bebê, pois eu saberia o que fazer quando ela estivesse se sentindo sozinha. Sem se esquecer do fato que eu seria "tia" e outras várias razões.

Eu não me importaria de cuidar dela durante sua gestação, isso não me transformaria em uma babá como disse Karin, muito pelo contrário, eu faria com todo carinho. Ela esteve ao meu lado sempre que eu precisei de um ombro amigo, e principalmente quando eu precisava fugir do Mateo.

- É uma nova etapa na sua vida e na do Lorenzo, eu me sinto uma intrusa.

- Intrusa? De onde você tirou isso? - rebateu. Ela sabia ser insistente quando queria.

- Por hora vamos nos esquecer disso. Viemos jantar juntas e conversar como fazíamos antes, certo?

- Certo. - ela respondeu, tirando o cinto de segurança e saindndo do carro.

Giovanna era uma amiga do proprietário do Le Calabri, um restaurante no centro da cidade. Ela adora comida caseira, e como dona de um Buffet conhece ótimos locais que nos oferecem pratos do tipo.

Seguimos até a mesa que fora reservada para nós e assim que me sentei notei a presença inesperada do meu paciente silencioso que desfrutava de seu prato na companhia de um amigo.

Lucca acenou discretamente para mim. Devolvi o gesto e tomei meu lugar tentando, o máximo possível, agir como se não o conhecesse para que Giovanna não percebesse, caso contrário ela transformaria nosso jantar em um interrogatório. Ela é uma curiosa de primeira classe.

- Você acha que pode esconder algo dos meus olhos atentos, mas eu vi o bonitão ali. - ela apontou com a cabeça para a mesa onde ele estava. Ao menos ela disfarçou nisso. - Quem é ele?

- Um conhecido, apenas. - eu não poderia dizer que ele era um dos meus pacientes, se ela descobrisse iria me perguntar sobre nossas sessões. Giovanna não liga muito para a ética.

Ela continua analisando Lucca, e eu busco meu celular na bolsa para me atentar a qualquer coisa que não fossem as insinuações dela. Olho rapidamente para a mesa dele e vejo que o seu amigo também está olhando para cá, porém, discretamente.

Voltou ao meu celular que está cheio de notificações e eu me concentro ali ao máximo. Giovanna finalmente decidiu mudar de assunto e eu me senti aliviada.

O garçom não demorou muito para servir nossos pratos, que foram solicitados no ato de nossa reserva. O lado bom de ter amizade com o dono do local.

- Seu amigo tem um gosto bem similar ao seu.

- Hã?

- Vocês pediram o mesmo prato. - ela riu baixo. - E agora ele pediu um dos melhores vinhos. Romaneé-Conti. Eu adoraria poder prová-lo novamente.

Eu imaginei que ela não desistiria tão fácil e agora teve a chance de tocar no assunto novamente.

Esperta.

- E então Antonella, você não respondeu minha pergunta. - continuou, enquanto eu provava meu tão esperado prato.

Olho de soslaio para o lado e vi que o garçom, antes na mesa dos dois, seguia até mim com a garrafa ainda em mãos. Pousei meus talheres no prato de porcelana ainda tentando digerir o que estava prestes a acontecer.

Divã (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora