Lo psicologo

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Curiosidade: Na Itália, a maioria das profissões não tem a forma menina, exemplo é o título desse capítulo "lo psicologo" Não existe lá a psicóloga, como a advogada ou a médica, é tudo na forma masculina.

Por Antonella;

Eu tive poucos relacionamentos e, até eu entrar na universidade, a maioria deles durou pouquíssimo tempo. Eu conheci Mateo através de alguns amigos em comum. Ele é um pouco mais velho que eu, então felizmente ele não era um universitário. Embora mais tarde a visão que tinham dele mudasse.

Nessa época as pessoas da minha turma o consideravam quase um aluno, não por ele decidir fazer parte do quadro de discentes, mas graças às suas constantes idas atrás de mim no local. No começo não era tão ruim, na verdade no começo relacionamentos não são ruins. O problema vem depois.

Se você permite alguém fazer determinada ação, seja ela considerada boa ou não, a pessoa irá se acostumar e achar que sempre poderá fazer aquilo e no dia em que isso se tornar um incômodo para você ela não irá perceber, pois eles consideram que a liberdade que você deu lá atrás dure para sempre.

É comum algumas pessoas não perceberem que dadas situações só são permitidas esporadicamente. Mateo não percebeu isso, mas eu também sou culpada por nunca ter estabelecido limites para situações como essa.

Eu era bem mais jovem, meus pensamentos seguiam a emoção do momento. Eu estava encantada com o rapaz mais velho que eu, encantada com seu jeito de parecer tão responsável e me sentia importante para ele, pelo simples fato de ele ter a preocupação de gastar seu tempo livre fazendo coisas como ir me buscar na universidade, me levar e buscar nos treGiovannas. Enfim, era algo agradável, porém, somente nos primeiros meses.

Como eu disse, se você concede permissão para alguém pegar algo seu ela irá achar que pode fazer isso quando bem entender e em alguns casos elas não aceitam um não como resposta, mesmo que existam forças maiores ou até mesmo porque você não queira que ela faça aquilo.

Começo de relacionamento é um mar de rosas e o que nós mais vemos é o "grude" do casal, principalmente quando são jovens. Justamente como eu e Mateo. Eu dei liberdade demais para ele, o que resultou no sentimento de posse que ele desenvolveu sobre mim.

Ele só demonstrou isso quando eu quis liberdade para sair sozinha com amigos e quando, principalmente, eu quis cortar coisas como ir me buscar nos treinos e fins de aula.

Comecei a me sentia sufocada com sua presença constante ao meu lado, sufocada com sua disponibilidade exagerada, sufocada com seus ataques repentinos de ciúmes, na maioria das vezes sem fundamentos, e inúmeras coisas que pessoas grudentas fazem. Torno a dizer que relacionamentos são complicados.

Na verdade não. Talvez seja eu o problemas já que pareço ser um imã para homens problemáticos.

Agora, quase sete anos depois que ele entrou em minha vida, eu tenho mais certeza do quanto me arrependo de ter aceitado o convite inocente dos meus amigos, para ir aos barzinhos que eles frequentavam, onde consequentemente conheceria aquele que se tornaria o meu maior martírio nos anos seguintes.

O que mais me entristece é saber que fui eu quem causou isso, já que eu poderia ter evitado muitas coisas com um simples "não venha todos os dias aqui" ou "não gosto que faça isso". Evitando assim que chegássemos aonde chegamos, e eu não digo isso porque queria prolongar nosso relacionamento, mas sim evitar que quando terminássemos acontecem situações como a que aconteceu hoje.

Evitaria também o que estou fazendo agora, que é tirar Chiara do seu tão querido hospital psiquiátrico para ouvir meus lamentos.

Psicólogos também sentem necessidade de ser ouvidos, afinal.

Divã (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora