Lui

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Lui significa ele.

Por Lucca;

- Por favor, por favor! Eu imploro! Juro que vou pagar. - dizia o homem encurralado em um beco. - Por favor!

- Deveria ter pensado nisso antes. - soquei-o no rosto diversas vezes.

- Por favor, pagarei hoje mesmo. Eu estou com o dinheiro. Hoje mesmo. Por favor.

- Então, acho que hoje é o seu dia de sorte. Espero esse dinheiro até as cinco da tarde, caso contrário eu juro que não serei tão bonzinho como fui agora. Vamos, Pietro. - puxei o lenço de seda do meu bolso para limpar a mão suja de sangue. - Tudo culpa do verme do Felippo! Esse desgraçado nunca faz o trabalho direito, só dá nisso. Merda!

Felippo é o capo responsável pelo recolhimento da propina referente às mercadorias distribuídas na zona norte de Napoli. Para mim ele é só mais um incompetente protegido pelo meu irmão mais velho.

Napoli fica ao sul da Itália, é uma grande cidade portuária localizada no golfo do mar Tirreno, importante para o país. Todos os dias aqui desembarcam navios cargueiros lotados de mercadorias em trânsito.

- Vou alerta-lo.

- Alertar? Eu vou socar a cara dele até ele parar de ser imbecil. Esse cara é da área daquele babaca e ainda si ele deixou passar. - chutei uma lata de lixo em minha frente - Culpa do Giovani que sempre o acoberta. Se fosse por mim, aquele estúpido já estava fora há muito tempo.

- Você tem razão. Mas mudando de assunto, o que vai fazer hoje à noite? - ele inquiriu enquanto caminhavamos até o carro. Abri a porta e sentei-me tomando a direção do veículo. - Coloca o cinto, cara. - ele me chamou a atenção quando sentou.

- Nada, por quê? Eu deveria fazer algo?

- Hoje é o casamento da sua irmã, e eu acho que você foi convidado. - ele dizia focado na tela do celular. - Giovani anda de orelha atrás com ele, esse tal de Frederico.

- Droga! Esqueci completamente disso. Quando a Paola coloca algo na cabeça não tem jeito, é sempre assim. Se ela quer casar, que case.

- Não posso discordar. - ele sorriu - Agora, falando de negócios, os Capellini vão fechar uma parceria com os caras daquela empresa de engenharia civil. A prefeitura os contratou para fazer um novo prédio, e o Dino vai cobrar o dobro. Foi um bom negócio.

- De fato. - acenei positivamente - Como conseguiram o contrato?

- O vice-prefeito entrou em um acordo, deseja vinte por cento e tudo resolvido.

- Giovani está com um projeto junto ao prefeito. Coisa grande.

- Ele me disse sobre isso. Ainda vai passar pela câmera, mas acredito que lá não terá problemas.

Pietro é o braço direito da nossa família, ele é uma espécie consigliere - conselheiro -, que toma as decisões imparciais e não de acordo com os sentimentos.

Minha família, há décadas, controla a máfia em Napoli, junto com outras famílias, incluindo a do mesmo, a família Conti. O atual chefe da família é meu irmão Giovani Martinelli, que assumiu o comando ano passado quando o meu pai passou seu cargo para ele. O velho decidiu descansar um pouco.

- Temos metade da câmara dos vereadores na mão, com certeza não teremos problemas por lá. - respondi, parando no sinal vermelho. Olhei a direita e pude ver o Vesúvio, conhecido por suas famosas erupções.

- E então, conseguiu dormir?

- Ontem à noite eu consegui, mas só duas horas.

- Precisa tratar disso. Existem aqueles médicos que passam remédios de tarja preta para dormir. Rivotril. - o sinal abriu e continuei o trajeto enquanto ele explicava - Eu peço para a Elena conseguir um especialista desse. Ela conhece bons médicos.

Divã (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora