Lucca II

4.3K 426 94
                                    

Por Lucca,

É tarde da noite e ainda estou no escritório conversando com o líder da Tríade. Comemorando é a palavra correta, nossa primeira transação funcionou perfeitamente. Estamos jogando poker online e conversando sobre futuros e promissores negócios.

Ele enfim resolveu admitir que é ruim no jogo. Non era uma novidade. A partida está agradável, porém olho novamente o relógio no canto da tela para ver que está realmente tarde e tenho que acordar cedo para resolver meus compromissos.

Quando eu era jovem, costumava passar a noite inteira online para jogar poker com o Pietro, ou qualquer outro jogo viciante. Hoje valorizo as boas noites de sono.

Me despeço e ele diz querer uma revanche. Ganhei trinta e seis mil euros.

- Quando quiser. Ciao! - desligo o notebook e me espreguiço na cadeira.

Mais um dia se foi.

Coço meus olhos, o enfado me pegou de jeito. Busco meu celular na mesa e envio algumas notícias para o Pietro sobre a nova parceria com o "chinês", mas suponho que ele esteja dormindo a essa hora. Quando envelhecemos nos tornamos preguiçosos e caseiros.

Fecho a porta do escritório e antes de dormir eu sigo para cozinha. Um lanche noturno cairá bem, já que estou faminto. Dei sorte, tem piadina feita e faltava apenas o recheio. Está morna, sinto ao tocá-la.

Piadina é feita de uma massa leve e crocante e o recheio fica a nossa escolha. Essa caíra bem com mortadela e mussarela de búfala.

Terminei lanche rápido e subo a escada que dá acesso aos quartos. A casa está silenciosa, menos o quarto da Paola de onde ouço alguns ruídos, provavelmente está assistindo alguma coisa. Bato na porta e peço para ela abaixar um pouco mais, e finalmente entro no meu, me preparando para dormir.

Mal me deito na cama e escuto uma batida na porta.

- Lucca? Fligio, stai acordado?

Fico em silêncio por alguns segundos, mas decidi ceder.

- Estou.

- Posso entrar?

- . - ela entra. É estranho vê-la acordada tão tarde, mas sei que ela estava na cozinha e preparou a massa que comi há poucos minutos. - Grazie.

Ela se faz de desentendida e me olha por cima.

- Grazie pela piadina.

- Oh, era para o café da manhã. - ela sorri, mas sei que é mentira. - Você recheou?

- . Com mussarela e mortadela.

- Búfala? - assinto. - Adoro essa mistura. - mamma começa a olhar para o teto e coça um braço.

- Aconteceu algo? Geralmente não está acordada esse horário.

- Estou nervosa. - me sentei e encostei minhas costas na cabeceira da cama. - Paola vai para faculdade amanhã. Seu papa já tomou até calmante. - dou um mínimo sorriso, imaginando a cena. No jantar ele estava mais nervoso que a universitária. - Tem de tutti nessas universidades, pessoas drogadas, aquelas malucas que protestam por qualquer coisa sem lógica.

- Ela vai para estudar. - tento acalmar, e espero realmente que seja isso.

Minha irmã graças à influência do Pietro resolveu fazer Direito na universidade de Bologna, longe de casa e isso é o que está matando meus pais, sua bambina há milhas longe deles.

Houve uma briga para tentar fazer Paola mudar de opinião, estudar por perto. Mamma quase implorou para que ela fosse para a universidade de Roma e quase pediu que o reitor viesse aqui.

Divã (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora