Capitulo 1 - Irredutível Desejo

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No horizonte o sol transpunha as tranquilas terras da cidade,sua luz brilha e pode ser contemplada por todos.A vastidão de fazendas esvoa-se sobre os cantos,poderia ser um dia qualquer mas para Luma tudo era questão de tempo,por entre as janelas da fazenda de seu pai,brechas de luz iluminavam seus olhos azuis da cor das mais belas nascentes cachoeiras ,eles se abrem,ela suspira tranquilamente sem se dar conta de que esta ligeiramente atrasada.Pegando seu pequeno relógio pasma-se com o horario,levanta e rapidamente se veste,o vestido azul de seda a deixa formosa e deslumbrante ,parada sobre o espelho pressente que tudo poderia ser diferente,suas palpebras umidecem e derramam lagrimas que escorrem pelo seu rosto.
Na sala de jantar todos a esperam para o café da manhã,os rostos de seus pais se emocionam com tamanha beleza da jovem,que desce vagarosamente as escadas e senta a mesa.

O silêncio deixa um encalço infinito no ar,Luma pousa o corpo cabisbaixa sem ter coragem de dizer o que lhe instiga a vida,temendo não ser compreendida resolve falar a verdade,com os labios macios  e enxutos ecoa suavemente as palavras.

— Desculpem-me mas não vou ir ao baile como havia prometido,tenho outro compromisso que pode mudar tudo,inclusive minha vida — Luma olha receosa para eles.

   Seu pai Fabio contempla a decisão e anseia saber o motivo da filha estar determinada em sua ideia.Abraçada ao pai,Luma por meio de um olhar brilhante percebe o profundo descontentamento da mãe,o corpo ofegante simboliza o quão incontestavel está.Decidida a dar um rumo para vida,desfolha as mais limpidas e sinceras atitudes em relacão ao seu destino.

— Percebo que a noticia não lhe agradou minha mãe,não posso ter de casar com alguém que nem amo.Prefiro acampar com as crianças do orfanato,elas sim precisam de meu apoio — Luma encara a mãe com destreza.

Seu sorriso meigo provocara a alma indomada de Marcia,que insistidamente ressalta a importância de se casar com alguém de porte e manter dignamente a tradição da familia.
   Marcia conduz-se até o quarto sem olhar sequer para o rosto da filha,ao terminar de subir os degraus da escada não se contem com a afronta e o desgosto se alastra pelo seu rosto.

— Você tem classe e deve honrar o que lhe é destinado,não compreendo querer ficar com aquelas crianças insuportaveis e deixar seu futuro de lado — Marcia a mediu com o olhar

  Tão rapidamente,Luma se levanta e ignora as ofensas da mãe,o seu coração docil sabia que faria a escolha certa.

— Mãe,sei que a senhora esta falando isso porque não me ama de verdade,devido ao que eu fiz a Ofélia ,me culpo até hoje por tudo — Luma observa atentamente as palavras ditas pela mãe.

O Remoto passado volta a lhe perturbar,o seu pensamento foge interamente quando ela toca um quadro de sua irmã,o som das águas,as pedras e o cheiro do orvalho trazem um reflexo como se ela estivesse naquele tempo,tempo de muitas lagrimas dissiparem pela noite e retornarem ao raiar do dia,a sombra do que foi é apenas uma lembrança do que viria pela frente.Vendo a inquietação de sua filha,Marcia triunfa em saber que sente-se culpada.

— Espero que reflita antes de tomar qualquer atitude,jamais ações são esquecidas,todos têm de se sujeitar as escolhas,pense bem!!! — Marcia em tom irônico.
— Quais escolhas?Obrigar a própria filha a se casar com um homem de prestígio não é uma escolha,é deixar de lado sonhos e sentimentos,prefiro me casar com um simples capataz e ter uma vida feliz — Luma diz com firmeza no olhar.

Luma completamente trêmula e impaciente não travou sequer nenhuma afronta contra a mãe,o que queria mesmo é apenas poder sentir o desabroxar da liberdade e o apoio de todos,Fabio apenas escutara do seu escritório a palpitante discussão que em seguida carmejou,o estranho ambiente de paz o faz seguir até a porta e levemente o que surge em seus olhos é mãe e filha distanciadas e sem qualquer palavra.

Enquanto Marcia sobe ao quarto,Luma desce as escadas da fazenda em direção ao pequeno portão de madeira,sem perceber que seu pai está atrás,ele segura em seus volumosos cabelos louros e com uma imensa ternura que lhe transborda o coração,a abraça.

— Eu te amo muito filha,seja como for e em qualquer momento terá meu apoio para ser feliz,tome cuidado no acampamento pois a floresta contém partes inexploradas e muito perigosas — Fabio fixando os braços na filha.
— Agradeço pela compreensão pai,me cuidarei bem e nos veremos amanhã,só o senhor para me entender por completo — Luma sorri discretamente.

Luma acena brilhantemente para seu pai e antes de seguir seu percurso pelas ruas pedregosas e empoeiradas desta bela cidade maravilhosa,sente o ar puro e o sopro dos ventos balançando seus cabelos,seu chapéu cai repentinamente e quando ela vira-se para resgata-lo algo surpreendente ilumina seus olhos,um cavalo branco anda em sua direção como se uma força sobrenatural o fizesse parar ali,sua pelagem era totalmente macia e sua crina comprida o deixa ainda mais belo,chegando perto de Luma,ele encolhe-se como se estivesse fugindo de alguém e em busca de ajuda,o rosto de Luma fica rosado com o que transmite o dócil animal,seis olhos azuis fixam junto aos dele como se uma conexão existisse a muito tempo entre ambos.

— De onde você surgiu? Como alguém pode lhe ter abandonado ?o ajudarei a sair daqui — Luma intrigada pelo que vê.

Ela acaricia o esplendido animal e fica entusiasmada de como parece um ser inexistente devido a tamanha perfeição,em meio a estrada vazia poderia ser apenas uma mera ilusão mas algo mecheu no seu interior ao presencia-lo.

— Parece que já lhe conheço de algum lugar,sinto como se você faz parte sem saber o por quê — Luma em total sintonia com ele.

O cavalo compreende todas as palavras dela e tenta afasta-la antes que seja tarde demais.Um ruído se faz presente na direção em que apareceu,derrepente o animal começa a se abater fazendo suaves gestos para que Luma suba em cima dele.

— O que foi está tão assustado?Se ao menos pudesse me responder — Luma olha preocupadamente.

Em meio a poeira mostra-se um homem de face desconhecida,olhos acastanhados sobre outro cavalo negro como a escuridão da noite,junto a ele a expressão visivelmente revoltosa demonstrava-se ao encontrar Luma envolta ao seu cavalo.

— O que faz junto a ele senhorita? — o homem pergunta rudemente.

Totalmente impaciente,o homem percebia que não poderia ficar nenhum minuto ali sem antes ao menos recupera-lo.

— Não respondeu minha pergunta?Exijo que saia imediatamente de perto dele — o homem com os olhos arregalados.
— Quem é o senhor?Não me parece ser de boa índole,seu animal está ferido e assustado — Luma examina desconfiadamente.

Luma preocupa-se com o estado do animal e tem em mente não deixa-lo seguir junto ao homem.

— Não lhe devo explicações,estou com muita pressa e ele me pertence — O homem fala com grosseria.
— O senhor não vai leva-lo,porque eu não deixarei mais o maltratar — Luma responde rispídamente.

O coração de Luma pulsa arduosamente no peito,para ela é inutil fechar os olhos diante da tamanha expressão sofrida e as cicatrizes pelo corpo do animal.

— Não vê,todo ensanguentado pedindo ajuda,o senhor é uma má pessoa em ter tamanha brutalidade — Luma enfrenta sem medo.
— A senhorita parece se intrometer demais no que não lhe interessa —o homem franze o nariz e ressalta desprezadamente.

— Este cavalo seguirá comigo a partir de agora,prezo pela liberdade seja ela qual for — Luma com o rosto em vermelhidão.
— Em pleno ano de 1950 uma mulher tendo ideias libertárias,isso é uma afronta a sociedade — o homem fala estupidamente.

Luma demonstrando uma fisionomia bastante irritada observa o céu e constata que o tempo passou,entre as cinzentas nuvens o sol timído encontra-se no meio do horizonte,ela não perde tempo e opta por cavalgar deixando o homem para trás ,em grande correria impulsiona o cavalo para ir o mais rapidamente possível,o homem duvidou totalmente que ela cumpriria o que lhe falara,respirou e lançou-se impaciente numa perseguição contra ela,nunca para ele alguém ousou desafia-lo.

Destino imprevísivel(pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora