Capitulo 13 - As Emoções Nem Sempre Corretas

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Os lábios relampejantes estão prontos a desfrutar tamanhas palavras feitas em um simples papel,o escritório vazio ao lado da escada é o principal objeto de concentração e percebendo que não à ninguém observando entra nele,a claridade do lugar em tons brancos e azuis deixam o ambiente mais luminoso e fora bastante usado por Fabio.Os olhos embalsam-se pela quantidade de livros resguardados entre as prateleiras de cor bege e a cadeira acolchoada torna-se confortável para se relaxar e poder passar o tempo que for a ler eternos rabiscos de tinta,a infinidade de páginas e mais paginas de papel impressionam-a sobre a mesa macia e escorregadia, eles são documentos importantes manuseados nas parcerias de Fabio,mas o que é essencial em tudo isso é apenas o pedaço de papel que compõe sua delicada mão  e que envolve a sua espera.

— Será que devo abrir neste momento,o senhor português não me parece ser de intensa confiabilidade,mas se estou aqui farei tudo para que eu possa entender as escrituras — Marcia fala alto tendo desconfiança em sua mente.

O soar da voz de Marcia é ouvido pelo lado de fora e Magda se aproxima da porta do escritório com seus brilhosos ouvidos adocicados como mel sobre a fechadura da porta que encontra-se trancada para que nada lhe importune neste momento.Os estalos do papel rangem-se pelo destacar da grandes unhas que vagarosamente o rasgam,o senso secreto de expectativa acaba neste exato momento.

"Querida senhora Marcia sei que teu coração se encontra despedaçado pela perda destas maravilhosas pessoas,tu é uma dama forte e saberás se conter ao infortúnio presente que se concebe,esta carta fora escrita para lhe dizer que independente de tudo eu estarei sempre a tua disposição e me desculpe por qualquer desprazer que tenha dito,amo muito tua filha e será difícil apaga-la do meu coração,no momento que puderes me visite para quem sabeis um dia sermos amigos,se precisares de minha ajuda estou aqui,sou muito grato a tu e meus sinceros pesâmes".

Marcia inteiramente estável não sabe o que pensar depois de sussurrar atentamente cada letra perfeita do papel,o exaspero dos suaves sentimentos descritos no papel alucinam sua alma que não sabe corresponder ao mesmo amor pelo qual Eman sente por Luma,isso lhe faz transbordar recordações dos preciosos momentos do passado com sua pequena filha Ofélia,tão fina e elegante quanto ela adorava desbravar pequenas árvores e flutuar sob dias ensolarados,momentos mágicos acabados por um tragico instante de descuido,tudo desabara nesses anos todos de sofrimento impossibilitado de inexistir pela grande fatalidade.Os olhos acastanhados ficam inundados de tantas lágrimas nunca vistas neste rosto firmemente frio,Magda escutara tudo nos minimos detalhes o conteúdo da carta e o que mais lhe espanta não se encontra no ouvir dela

"Nunca vi minha patroa tão triste assim" Magda pensa boquiaberta e com os olhos arregalados

o que vê pela fechadura é ainda mais espetacular,o choro do mais rochoso ser cai em forma de gotículas esparramando-se pela mesa algo nunca jamais presenciado antes,o coração permanece muito longiguo em sua dor.

O vai e vem do balanço sussura como um canto musical em harmonia junto ao canto dos pássaros que torna-se ainda mais vivo,levantando-se dele,Luma gesticula sobre o roseiral sentindo o cheiro perfumado de cada pétala de rosa que brilha em meio ao dia úmido e o vento despetàla as facetas guiadas pelo coração, é a razão tentando imperar de todos os cantos.O corpo demasiadamente leve não esconde a alma despidamente tensionada pelos acontecimentos que lhe tiram o gracioso sono da noite,o amargo das emoções sufocam o seu ser e tornam-se intransitáveis,descalça com os pés livres olha os encantos para tentar esquecer o que ouvira da fulgaz mulher,tão desprazeroza quanto a uma rosa jogada a morte.

" Como eu sou tão simplesmente levada pelas emoções , ele é noivo de Paola" — fala Luma para si desconcertada acariciando uma rosa.

As rosas até tentam amenizar as decepções com  sua total maciez,mas seus espinhos cortantes demonstram que as feridas são irreparaveis,após passar pelo jardim e sentir o frescor do ar puro é hora de retornar a casa,com os cabelos louros  sobrepondo em luminosidade perpassa os pedregulhos da calçada e surge para dentro relutando ao ver a face dura de Paola sobre a poltrona da sala,sua incrivel inocencia se agiganta ao passar pelo corredor e perceber  um cômodo que jamais viu,a mesinha douradiça se estabiliza entre as muitas caixas de objetos alucinantes,bonecas moldadas com tanto carinho e de forma brilhantosas,panelas,jarros e pratos construidos em detalhes feitos pela virtuosidade das mãos,terras lamacentas e cerámicas robustantes compõe o material das belas obras tão perfeitas e encantadoras,o ar de boas vibrações se instala em Luma ao tocar nas partes do cômodo,belas artes sendo contempladas com muita paixão e que entuasiamam o olhar de qualquer um.

— Pelo jeito gostou de tudo o que viu aqui,seu rosto feliz diz tudo — Estela olha encantada para Luma.
— É tudo fascinante,mas a quem pertence tudo isso? — Luma pergunta deslumbrada.
— Pertence a mim,faço peças de objetos de artesanato,bonecas e algumas coisa com barro e cerâmica que eu compro na feira — Estela conta empolgada.
— Que lindo,a forma como reproduz as coisas é impressionante —Luma com face impactada.
— Faço isso para ter um dinheiro extra e comprar coisas que Antonio não me proporciona — Estela cabisbaixa revela.
— Não envergonhe-se disso,percebo que seu marido é muito grosseiro e com certeza a senhora desgosta dessa união — Luma pega com ternura sobre o rosto de Estela.
— Mesmo com tudo o que Antonio faz eu continuo amando,mas não concordo com suas atitudes — Estela diz o que sente verdadeiramente.
—Lhe tenho como uma pessoa especial em meu coração pelo que faz e por ser  tão bondosa comigo e com todos —Luma levemente durruba uma lágrima de emoção.
— Eu trato bem todos,sei que um dia encontrarei o que mais amo na paz e na felicidade — Estela suspira.
— Como assim encontrar?a senhora  tem o amor — Luma fixa os olhos ao querer perguntar.
— Obrigada por preocupar-se mas não é nada,bem agora precisamos sair daqui antes que Antonio chegue e me veja fazendo esses objetos — Estela desconversa olhando para o lado de fora.
— Deixa eu ver mais um pouco — Luma pede com doçura.
— Pode ver mas apresse-se pois não quero discutir com ele,quando me viu fazendo essas coisas quebrou tudo,minha esperança de dar algo melhor aos meus filhos tinha ido embora e agora não quero que aconteça novamente — Estela revela temendo o aparecimento.
— Atrapalho Mãe,vejo bem claro que insiste em fazer artesanatos para vender na feira da cidade,e se papai descobrir tudo — Paola diz com deboche.
— Ele descobrirá se alguém lhe falar,você sabe muito bem filha que essas economias ajudarão no sonho da tua irmã e nos seus — Estela interrompe meio desconfiada.
— Não acredito,este relógio eu ja vi ele em algum lugar sinto uma sensação estranha,me desculpe mas preciso me retirar com licença — Luma desnorteada tem uma sensação e corre balançando o vestido.
— Que mulher mais surtada,devemos tomar cuidado para que não nos enlouqueça também — Paola fala sorrindo de alegria.
— É melhor calar-se,p reciso fechar esse espaço agora,veja bem como se portar — Estela intima a filha.

Luma encolhe-se na poltrona servindo como refugio para que tudo se amenize e volte a inteira normalidade,as perguntas feitas na mente oferecem caminhos que nem sabe o porque de existir em cada detalhe vazio sendo costurado pouco a pouco e simplesmente  perduram nos sonhos enigmaticos que vem tendo com bastante frequência, a cada rastro de tempo toma conta da memória vazia e as razuras do ser vão sendo travadas no caminho escurecido.

Destino imprevísivel(pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora