Capitulo 14 - Resfriar Os Princípios

18 7 0
                                    

O cômodo a princípio denota as pequeninas coisas e exalta as belezas encantadoras das paredes enlajotadas provocando uma proeza aos suspiros de quem sente,a pequena estante guarda os jarros de rosas que baforizam seu sabor ao trafego das narinas,o lampião parado ao lado do jarro não oferece  a visão da luz porque ainda não anoitecera nas entranhas mais profundas,Luma reconfortada apoia sua cabeça sobre a macia almofada e seu olhar movimenta-se desencontrando com o silêncio  deserto que percorre pontualmente o insoluvel local,sonhos imutaveis não saem de sua cabeça e são como pontes a serem contruidas dia após dia ignorando a destruição que o consumira sagazmente,a misteriosidade de tudo isso a faz crer que as lembranças perdidas tentam voltar mesmo que a ilusão as atrapalhe de qualquer maneira.

— Por que ficou tão calada?,me diga o que houve com você — Alice pergunta insistidamente.
— Não aconteceu nada,apenas estou pensando em algumas coisas — Luma tenta desconversar desviando o olhar.
— Me fala,talvez eu possa ajuda-la em alguma coisa — Alice interrompe olhando fixo e insistindo para contar.
— Vou falar mas espero que me compreenda — Luma com rosto atento — Esses sonhos que venho tendo quase todas as noites,eu sinto que vi algumas coisas,tudo sem explicação.
— Pode ser que tenha uma explicação,o medo que sente é algo de sua memória querendo voltar novamente,não quero que se aflija tenho muito carinho por você — Alice diz delicada.
— Sei que com a senhorita posso contar,tenho muita vontade  de descobrir o que é que me prende a todos esses sonhos — Luma com os olhos paralisados.
— Vai conseguir em algum momento,não devemos falar disso traz coisas ruins a você — Alice alerta sensatamente.
— Como vou esquecer? — Luma  diz esgotada.
— Tenho uma ideia ótima,vamos fazer um passeio,conheço um lugar perto daqui que é bom e podemos levar comidas para nos alimentar e apreciar,aceita? — Alice tenta entusiasma-la.
— Resolvi aceitar sim,iremos dar um passeio para esfriar a cabeça e distrair um pouco — concordou Luma depois de pensar.
— Vamos até a cozinha,la tem a cesta para colocarmos algumas frutas,geleias e tortas — Alice puxa Luma e as duas vão para cozinha.
— Como está?,saiu do quarto transtornada — Estela pergunta aflita.
— Agora estou bem,eu e Alice sairemos para nos distrair — Luma responde com tom suave.
— Que bom,aqui tem algumas maças,uvas,uma torta de milho que eu fiz e uma geleia coloquem tudo na cesta — Estela mostra o que elas tem que levar.
— Mãe peço que não conte ao papai,ele odeia que eu saia de casa por ser moça — Alice pede discreta.
— Não mencionarei nada,apenas não demorem muito provavelmente ele volte no final do dia,ta aqui a cesta pronta e me deem um beijo — Estela acolhe as duas em seus braços.
— Estamos de saida e não comente nada com Paola,ela parece não gostar de todos nós — Alice exclama desconfiada.
— A senhora fique tranquila voltaremos até que a lua nasça no horizonte — Luma diz virando as costas seguindo com Alice.
 — Cuidem-se,não voltem muito tarde — Estela pede alertadamente.

O destino de grosseiras gramas  esmigalha-se com as macias sandálias feitas de pérolas,a virtuosidade se mantem presente com os enlaçes dos vestidos coloridos que embalsam a delicadeza das moças,as duas prosseguem em meio ao arvoredo de folhas secas e escurecidas deste ocioso paraiso sem pressa de chegar,as borboletas azuladas estão com suas asas abertas ao frenético vento sobre as camomilas cheirosas crescidas com o tempo e resistentes a estação ,a felicidade invade em seus interiores ao acharem o lugar perfeito de acomodação tanto quando encantador cercado por dois pés de pessegueiros das flores rosinhas claras que ressurgem na nova safra e no meio dele um campo límpido de capim onde estendem a toalha para se sentarem,a cesta de frutas palhosa traz o doce cheiro das comidinhas que se tranferem pelo ar e compõe o dia calmo.

— Que frescor de instante obrigada por me trazer aqui — Luma deslumbrando o local.
— Sabia que iria adorar essa bela paisagem,aqui podemos descansar de tudo — Alice diz aliviada.
— Olha uma borboleta linda,azulada como céu —  Luma deitada sobre a grama.
—  Meu pai sempre me trazia aqui quando eu era mais infantil,hoje em dia ele nem denota que eu existo —  Alice sussura descontente.
— Como eu queria poder me lembrar de quem eu sou,principalmente quem é minha família,sinto um vazio por dentro de mim — Luma fala com voz delicadamente rouca.
— Conte comigo te ajudarei a encontrar sua família —  Alice demonstra querer ajudar.
— A cada dia que passa vejo que não sou bem aceita em sua casa apenas a sua mãe e a senhorita me entendem — Luma diz sentindo-se desprezada.
—  Também me sinto assim,quero ser apenas uma atriz de cinema e teatro mas meu pai me proibiu de pensar nisso,quer ver eu casada e infeliz — Alice concorda deitada ao lado de Luma.
— Como ele pode fazer isso,eu perdi minha memória mas sei que a mulher não deve ser usada apenas para casar e sim ter liberdade para tudo — Luma  levemente alterada.
— Minha vontade é de fugir,largar tudo para desbravar São Paulo e ser completamente feliz —
—  Na vida se tem vontade de descobrir o porque tudo não fazer sentido,se acidentei naquela cachoeira e a vida me coloca diante de uma confusão de sentimentos —  Luma diz com os olhos marejados.
— Tudo se resolverá,você foi a melhor coisa que se teve,é uma companheira minha,uma irmã mesmo não sendo de sangue — Alice enchendo-se de orgulho.
—  Alguma coisa aconteceu em meu interior desde que recebi todo aquele carinho de Pedro,é inexplicável mas não vou confudir o que não é —  Luma fala com o coração apertado.
—  O brilho que vocês dois tem é de uma verdadeira paixão resguardada em si — Alice olha firme a Luma.
— Isso não pode ser verdade,só sinto apenas gratidão pelo que ele fez por mim —  Luma desconcertada desvia o olhar.
— Paola não merece um cavalheiro igual Pedro —  Alice com face serena desdenha.
— Bem o dia está muito lindo vamos parar em frente aquela árvore para sentarmos —  Luma desconversa puxando Alice para que a acompanhe.

Destino imprevísivel(pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora