Capitulo 2 - O acaso faz tudo

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No jardim,Marcia admira suas pequenas tulipas e rosas avermelhadas que já não cuida com tanto fulgor,seu rosto amargurado e triste permeia não só o interior como seu exterior de maneira que a cada dia as flores murcham e não querem voltar a vida,tudo a sua volta se resume a uma completa solidão.Magda sua empregada aparece em passos tênues para que ela escolha o vestido de ir ao baile.

— Senhora ordenei a costureira que preparasse os vestidos para a escolha do seu agrado — Magda meio receosa.

Com o pensamento tão longe tudo parecia inexistir a sua volta e o que Marcia mais queria neste momento é ficar unicamente só.

— Como ousa atrapalhar meu tempo com coisas que podem ser deixaas para depois,definirei um vestido para ir ao baile mais tarde — Marcia demonstrando uma face zangada.

Magda envergonhada abaixa a cabeça e tenta seguir para a cozinha da casa mas Marcia a impede de se retirar.

— Preciso de sua ajuda Magda,quero a chave do quarto abandonado e espero que mantenha segredo — Marcia exige com clareza.

A empregada a obedece mais apressadamente possível e vai em busca das chaves do quarto,o que não lhe sai da consciência é o porque dela querer reabrir o lugar novamente depois de tantos anos.

"A patroa está muito estranha ultimamente "

Voltando para o jardim,Magda entrega a Marcia a pequena chave que abrirá  a porta do quarto vazio,as duas sobem as escadas da casa sem que Fabio as perceba,a cada passo dado as fendas do passado voltam a lhes atormentar.

— Sinto como se cada pedaço daquele lugar me fizesse te-la novamente a vida — Marcia estremecida coloca as mãos sobre a cabeça.
— Foi algo trágico que não teve nenhum culpado a não ser o próprio destino dela — Magda segurando os ombros de Marcia com rosto sereno.
— Houve sim um culpado,tudo por culpa de Luma que só me trouxe desgraça — Marcia com os olhos queimando mas sem demonstrar choro.
— Não!!!Ela é uma moça humilde em nenhum momento queria acabar com a vida dela — Magda em tom alto expressa sua opinião.

   Ao abrir-se a porta uma imensidão de poeira se faz presente no quarto,as paredes brancas não pareciam ser de tal cor,pelas janelas vê-se apenas vidros embaçados,a penteadeira continua intacta com apenas alguns perfuros do tempo.Na cama as roupas da menina embalam cada pedaço do colchão,tudo parecia velho e inexplorado em tons acinzentados e sem alegria contagiante de vinte anos atrás,o simples cheiro insubstituivel reconforta o coração de Marcia mas não é o suficiente para poder liberta-la do passado.

— Nunca conseguirei esquecer aquele tempo em que eramos tão felizes,Luma tem de sofrer tudo o que eu sofri com a perda da minha filha — Marcia senta sobre a cama e sente o frescor das roupas de sua filha,o perfume de jasmin traz belas recordações que jamais quer esquecer.

Na estrada de pedras seguindo em direção a cidade,Luma segura as rédeas do cavalo e o faz galopar velozmente para que o homem desconhecido não os alcance,seus cabelos louros voam numa sintonia com o vento que sopra fortemente explorando cada parte da seda de seu vestido rodado,o que mais lhe importa neste momento é poder chegar a estação de trem o mais seguradamente possível para que possa levar consigo o animal ferido e nunca mais aproxima-lo do estupido senhor.A estrada que parecia não ter fim dá sinais de que a cidade se encontra muito perto,casarões antigos são avistados e uma melodia mais forte que o interior se instaura a medida que avançam.

— Vai ficar tudo bem,nos livramos daquele homem — Luma calma e de semblante límpido.

Ela imaginava que tinha livrado-se do homem porém se enganou e quando ela olha para seu lado ele vem com sede de resistência.

Destino imprevísivel(pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora