Capitulo 12 - O Veneno Dos Atos

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Após banhar-se sutilmente a leveza se encontra em seu corpo encoberto por um vestido branco lacrimoso e cheio de flores coloridas,o cheiro do suave perfume de banho exala-se pelos cantos da casa e purifica os ares vibrando em cada sentido de quem recebe,caminhando descalça alça os pés sobre o gramado pisando nas folhas secas jogadas das árvores com o vento calmo,cada folha que cai é um resguardamento natural da estação,calma de si senta sobre o balanço amarrado a um pé de abacateiro sentindo a plenitude lembra-se do momento alegre que instalou no quarto,os passaros cantam esperançosos embelezando os galhos secos das arvores e suas melodias são como um alento para ela além do cocorejar das mimosas galinhas no galinheiro,mesmo o sol não podendo se abrir a felicidade se inicia em sua expressão espantando o ventinho gelado para longe.

" Que bom que eu possa ter essa leveza em meu coração,estas pessoas maravilhosas me fazem tão bem"pensa Luma maravilhada.

As rosas fluorescentes estão em pé ainda,vermelhas,brancas,azuis e amarelas tornam-se facinantes pelo tanto de botões que exaltam-se e embalsam o pequeno roseiral,o dia radiante apenas começa.

— Ar mais puro e mais belo,nossa me esqueci do meu café — o ar entra pelas narinas de Luma.
— Trouxe o seu café estou desocupada e por isso resolvi fazer esse agrado com carinho pela sua estadia aqui — Paola com a bandeja em mãos e face astuta.

A bandeja cheia de gostosuras deliciosas preparadas por Estela não esconde o quanto Paola mostra em sua face um vendaval em plena rajada pronto a assolar o local com sua forma mesclada de  audácia,seu olho claro como diamante e cabelos cor marrom rebuscado cintilam e observam cada mordida de Luma as comidas trazidas bruscamente,dentro de si reflete uma vontade inteiramente grande de destilar o que lhe instiga seus maiores medos,em um mero prazo de segundos tenta medir o quanto as palavras tem voz a quem as ouve.

— Obrigada,adorei este bolo e o café,todos estavam uma delícia — Luma contente entregando a bandeja a Paola.
— Que bom que adorou,o assunto que quero tratar é extremamente urgente — Paola se faz de difícil.
— Tem a total liberdade Paola para me falar oque lhe aflige — Luma age com sinceridade.
— Qual é realmente seu nome e onde se encontra sua família? —Paola pergunta começando a se irritar.
— Eu não sei,sonceramente isso é a ultima coisa que importa,o que eu quero de verdade é recuperar minha essência — Luma responde com expressão rude.
— Devia saber,acha que engana todos não é mas eu não se deixo ser enganada por pessoas de sua índole — Paola mostra quem realmente é.
— Me tratou muito bem,achei que me aceitasse nesta casa — Luma boquiaberta.
— Acha mesmo que tratarei você como uma princesa,é claro que não tenho paciência para aguentar seus tranzes malucos,tenho pena por te conhecer — Paola diz com ódio.
— Está me ofendendo e isso não permitirei,acha que é dona disso tudo aqui mas não passa de uma coitada que nem apoio da família tem, retire-se daqui não quero olhar para a senhorita — Luma responde descarregando tudo o que estava engasgado.
— Tenho sim apoio de todos,não vejo a hora de ver você fora desta casa,pessoas completamente alucinadas não são bem vindas por aqui — Paola interrompe com desprezo.
— Retire-se logo daqui antes que eu deixe de ser apenas uma  pessoa normal e me torne alucinada — Luma risonha desdenha.
— Tem mais uma coisa,não aproxime-se de Pedro,ele se encontra em compromisso de casamento junto a mim e ninguém jamais nos separará — Paola exige com face ruim.
— Não imaginava que ele poderia estar de compromisso com a senhorita — Luma pasmou-se.
— Me parece surpresa,guarde bem o que lhe falei papai não sabe medir uma traição e certamente castigará quem ousar me fazer sofrer — Paola franze o nariz e sorri gargalhadamente em seguida.

Ficando sozinha no balanço,Luma pousa o corpo flutuando sobre o ar e lança o olhar brilhante para tudo o que foi jogado a seus preciosos princípios,a razão de reviver se deve apenas a uma pessoa caridosa que teve a compaixão de ajuda-la,mas que fora apagar o brilho de seu coração que vol
ta a encher de sagacidade,os olhos se enchem de pequenas goticulas de lágrimas deixando algo natural acontecer e a natureza viva acompanha os sinais verdadeiros de que alguma transformação ocorre em sua alma.

Em Mariana ,o coração acelerado segue alastrando sua fortaleza  pelo ambiente,Marcia continua em total silêncio pelos espaços do local demonstrando sua expressão tentadora,o vestido escuro protege o corpo do vazio da alma que erege na frieza das palavras,o olhar castanho perpassa os barris de carvalho que sinuosos maturam o vinho dos proximos anos e o som das muitas pessoas ecoam e sintonizam em sua cabeça lhe causando uma vontade feroz de deixar tudo de lado e retornar a fazenda,Magda que se encontra prisioneira dos rastros da multidão consegue chegar perto de Marcia e fazer companhia junto a um cálice de vinho em mãos que a muito tempo nem sabia seu adocicado sabor.

— Patroa ainda bem que te encontrei — Magda simplesmente feliz tomando vinho.
— Porque não lhe devo explicações de minha vida — Marcia responde ríspida.
— Está bem então,quando precisar de mim é só chamar — Magda interrompe virando as costas.
— Não Magda!,me faça companhia e desculpe pelo meu jeito rude com que tratei,tantos anos em minha casa já é parte da família — Marcia reconsidera as palavras que disse.
— Eu gosto da senhora mesmo sendo esta pessoa dificil de lidar,sempre tenho em meu coração lugar para os três,agora que eles morreram tudo se esvaziou e  resta apenas a senhora — Magda diz com face sincera.
— Vou tentar me conter um pouco,estou com muita dor em minha cabeça,não devia ter convidado tantas pessoas a essa inauguração — Marcia coloca os dedos sobre a face massageando-os
— Quer que eu prepare um chá na carruagem e lhe traga? — Magda pergunta de maneira discreta.
— Não eu quero apenas ir embora daqui,deixaremos para abrir somente amanhã,primeiramente vou comunica-los depois podemos ir — Marcia conta ja se encaminhando a mesa.
— Peço suas atenções novamente,a vínicola agradece o apoio de cada um em ter nos prestigiados aqui hoje mas por estarmos de luto resolvemos fechar o local,acredito na compreensão de todos e amanhã retornaremos ao trabalho — Marcia desce sendo aplaudida por todos.

Na saida,a chuvinha acalentada dá uma trégua e o ar úmido fica empregnado nos sentidos,todas as carruagens estão a espreita para partir esperando uma vibração de seus donos e seguir a viagem,Marcia,Dorotéia e Magda sobem na carruagem e curvam-se as pernas cansadas desta manhã turbulenta que terminara num vazio gigantesco de emoções.O regresso do português indiscutivel trouxe atalhos indomáveis para Marcia que recompõem-se do encalço ao encontrar o sujeito em frente a seu espaço,a misteriosidade da carta lhe levanta hipóteses que jamais saem de sua consciência e o desejo de abri-la é espetacular.

— Fizemos nossa parte,estou agradecida por ter a honra de ter participado dessa solene homenagem mas agora preciso voltar ao meu trabalho do orfanato — Dorotéia exclama com satisfação.
— Se alguma vez eu fui terrivelmente ruim com você me perdoe,é dificil cuidar de coisas que a gente nem pode explicar — Marcia astutamente desculpando-se.
 — A senhora é muito especial,cuide das crianças elas vão precisar de seu apoio neste momento — Magda com a voz meio rouca por conta do vinho.
— Deixaremos a senhora aqui na estação de trem — Marcia aponta para a estação que lhe aparece pela janela.
— Podem deixar aqui tenho uma longa viagem pela frente,até mais — Dorotéia diz descendo da carruagem e caminhando,as duas acenam.
— Bom agora que ela foi preciso revelar uma coisa que aconteceu enquanto estavam distraidas — Marcia olha fixo pronta para falar.
— Sabia que alguma coisa perturba os seus pensamentos devido ao jeito de sua expressão no evento — Magda advinha euforicamente.
—Eman estava lá completamente arrasado,depois da ofensa que me fez foi uma afronta te-lo visto novamente,ainda deixou-me uma carta — Marcia revela tirando toda a tensão que afligia.
— Tal sujeito teve a audácia de se aproximar,e o que a senhora fez? — pergunta Magda receosa.
— Eu o mandei nunca mais se aproximar  de mim e de minha familia— Marcia olha transmitindo rancor.
— Fez muito bem em manda-lo embora,sujeito mais fingido não tem e a carta— Magda concorda com o ato.
— Chegamos — avisa o capataz.
— Depois falamos sobre ela Magda,agora preciso me banhar e descansar um pouco — Marcia esperta desconversa.

Os dedos enluvados tocam o portão com minuciosos movimentos e ele abre-se,ela tira os sapatos deixando os pés ardentes consideravelmente nus em seu aspecto,as pedras molhadas não importam pelo gostoso sentir do chão e o cansaço é eminente murchando até suas roupas escuras que estão em leves amassadilhos.A secreta carta não sai de sua perfeita consciência e lhe despunha o desejo nascente de descobri-la,o impulso a faz andar por caminhos destinados abrindo as secretas intenções  e enxergando a obscuridão.

Destino imprevísivel(pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora