Destino imprevísivel(pausa)

Capitulo 3 - Revelações da vida

  Luma sorri esperançosamente pela atitude do senhor e adentra o trem,Joana com as roupas longas não passa despercebida ao entrar pelo tom vermelho de sua saia e os colares de ouro ficam em sintonia com sua pele fulgaz.

— Que assentos macios,não pude até hoje ter tal agrado — Joana sorrindo passa a mão sobre o acento.
— Agora a senhorita pode ter,estou do lado da verdade e não me preocupo com os pensamentos desta sociedade — Luma com face firme ressalta.
— O que tenho a dizer é sobre isso — Joana fala serenamente.
— Como assim,o que a senhorita sabe sobre mim? — Luma ansiosa pergunta.
— Sei tudo o que me permitir,vejo uma alma boa mas insegura de si — Joana abre as cartas.
— Estou deslumbrada por isto — Luma boquiaberta.
— Luma não é,a luz brilha forte em tu resta não deixa-la apagar para sempre — Joana aconselha sinceramente.
— Fui quase obrigada por minha mãe a ter um marido mas deixei claro que ela não me convence e posso decidir minha vida —as palpebras de Luma se dilatam ao contar sobre sua vida.
— Tu Luma não se deixe levar pelo coração,ele é traiçoeiro,enganoso e nem tão pouco viva a forma como os outros querem — Joana docemente avisa.
— O que dizem as cartas sobre mim?meu futuro parece tão incerto — Luma suspira virtuosa.
— Incerto não,parece que seu destino fora escrito desde o dia que nasceu — Joana ergue os olhos e desconversa.
— Meu pai apenas é que aceita minha decisão,é o unico homem que não expõe a filha a casamentos — Luma diz orgulhosa do pai.
— Tu tem muita sorte de ter um pai como ele,eu  fugi do centro de ciganos mesmo tendo bom convívio com minha família,o interesse que meu pai tinha eram os dotes da família de meu noivo e por isso que hoje estou aqui em busca de minha própria liberdade como cigana — Joana exclama ofegante.
— Estou indo em busca da minha própria liberdade essa é uma despedida do orfanato,por isso propus o acampamento — Luma arrepia-se ao falar.
— Desembarcarei na graciosa cidade de Ouro Preto para recomeçar como tu — Joana com rosto de satisfação.

   Recomeços e despedidas permanecem vivos diante da tamanha grandeza dos atos,as duas ficam silenciosas ao cansativo e demorado percurso que irão fazer,pela janela é possível apreciar os encantos das florestas que afloram a leveza da alma,a cada período de tempo ve-se montanhas a perder de vista,cachoeiras e nascentes das águas mais puras e cristalinas vistas e o canto dos pássaros ressoa pelo arvoredo soando como uma melodia viciante,Luma tem um lapso de memória quando escuta o barulho da cachoeira efervescendo sobre a terra.

" Luma preciso de sua ajusa,me salva por favor,por favor!!!"

O grito impenetrante reproduz o que jamais quer esquecer,voltando a consciência seus olhos lacrimejam pela dor que fere o coração.Joana adormece claramente sobre o banco aveludado sem reparar que Luma se encontra sobre a sombra do passado,este é irremediável quanto as lembranças do que jamais voltará.

— Se eu pudesse voltar no tempo não teria feito o que fiz com ela — Luma cabisbaixa balbucia em tom baixo.

Nunca entendeu porque tudo isto estava acontecendo com sua consciência,depois de muitos anos deveria ter esquecido o que lhe traz muita tristeza.

  Enquanto isso na fazenda em Mariana,Fabio procura o paradeiro de Marcia que não se encontra em nenhum canto da casa mas ao se deparar com a típica feição assustada de Magda nota-se que lhe esconde algo.

— Magda você viu Marcia por alguma parte da fazenda? — Fabio pergunta desconfiado.
— Patrão eu não sei sobre nada,preciso ir imediatamente buscar os vestidos para que a senhora Marcia experimente — Magda apressada sem olhar direito para Fabio.

Um ruído manifesta-se do quarto abandonado pois o abajur envelhecido que não traz mais luminosidade cai para a infelicidade de Marcia,Fabio se aproxima dele e quando tenta abrir a porta Marcia tranca utilizando as chaves e deixando totalmente irritado.

— Marcia abra a porta,eu pedi para que não voltasse a esse quarto novamente — Fabio instantâneamente tenso.
— Não ouse me impedir de vir aqui,as lembranças desse quarto me trazem força — Marcia encostada sobre a porta olha em sua volta.
— Jamais vou lhe impedir de te-la em sua memória,porém este quarto lhe traz sentimentos deprimentes — Fabio olha para baixo do lado de fora tentando convencer.

Num descompasso de segundo, Marcia se sucumbe a vontade de falar o que lhe dói no corpo,por entre a mente e na sua alma pois a cicatriz é tão grande que não pode ser reparada.

— Maldita hora em que me trouxe Luma,tudo estava tão bem,ela me parece não se importar com nossa família,um dia ela pagará por tudo — Marcia abre a porta e diz olhando firmemente para Fabio.
— Eu amo Luma e jamais a culpo por tudo o que aconteceu,não tenho sequer arrependimento em te-la acolhido a essa casa — Fabio com uma expressão alegre.
— Ama nada,so quer me perturbar com essa libertina,o que falaremos ao senhor que queria casar-se com ela — Marcia furiosa desdenha.
— Vi aquele cesto parado em frente a fazenda e não pude deixa-lo para trás senão estaria estilhaçando seu futuro,quanto ao senhor terá de aceitar a decisão de Luma — Fabio comenta com os olhos brilhantes.
— Faça o que lhe der vontade,com licença me vestirei para ir ao baile e que fique bem claro que não fingirei ter o prazer de estar indo — Marcia deixando o quarto e descendo para baixo.

  Fabio calado vai para seu escritório,cansado de tanta rigídez de Marcia o que mais quer é ter um pouco de privacidade antes de ir ao baile que marcará a inauguração da  vinícola Campeel, Marcia grita pelos cantos da casa em busca de Magda para que prepare o vestido de ir ao tal evento.

— Magda!!! prepare meu vestido não quero me atrasar para esse grandioso evento — Marcia balbucia em tom irônico.
— Já vou senhora — Magda obedecede.

Marcia sorri pela forma com a empregada reage a sua ordem,o que lhe da total liberdade para se aproveitar da situação e impor o seu poder.

Não trem,Luma pensativa acorda Joana porque ele vai paear na estação de Ouro Preto,chegando mais pertobda cidade faz-se possível contemplar a imensa igreja barroca,as cores brancas e amareladas provocam um doce entusiasmo nela,passado algumas horas a fome aparece para lhe acalentar.

— Joana estou inteiramente faminta,antes de partir aceita tomar um café comigo — Luma convida humildemente.
— Aceito teu convite sim,adoro as delicias de Minas,há pouco tempo vim numa cerimônia de morte e me encantei por tudo o que vi das cidades — Joana conta cingelamente,as duas vão para o vagão restaurante.
— Uma cerimônia de morte?nunca vi tal coisa surpreendente — Luma boquiaberta.
— Nosso povo realiza cerimônia de morte a todos que se vão,vestimos o corpo de ervas e roupas para que ele encontre sua alma e possa se reencarnar em paz — Exclama Joana sentando-se a mesa.

Luma vai até o local de servir-se ,o cheiro inconfundivel se exala pelo lugar e rapidamente volta a mesa.

— Trouxe uns pãezinhos de queijo e uns docinhos de banana — Luma com um pedaço de pão sobre a boca.
— Agradeço tua atenção e estas comidas maravilhosas mas chegou a hora de partir — Joana entristece.

O trem para sobre a estação,abrem-se as portas e muitas pessoas desembarcam.

— Tenho uma ultima palavra a te dizer Luma — Joana segura com leveza as mãos de Luma.
— Pode falar estou disposta a lhe ouvir — Luma agarra e toma uma xícara de café.
— Não faça nasa contra o destino,tudo está escrito basta seguir trilhando de maneira certa — Joana com o resto felicissimo.
— Quando nos veremos novamente?guardarei todos os seus conselhos — Luma abraça Joana com singelismo.
— Um dia nos encontraremos no momento certo,continue tendo a luz dentro de si — Joana vira as costas com ar de mistério.

Joana desce os degraus do trem e desaparece em meio a multidão de pessoas,as intrigantes palavras tocam o coração de Luma que volta para o vagão e senta-se no assento a beira da janela,olhando pelos vidros embaçados reflexiona tudo o que a cigana lhe contara,mesmo que o destino jogue para caminhos incertos se dispõe a encarar tudo o que vir ao seu encontro.