#04 Bons Sonhos Jane

17 4 0
                                    

Quando as sirenes tocam em Denvers significa que o caos está próximo, durante toda a história sangrenta de Denvers o caos foi uma das peças que ajudaram a construir essa cidade, desde sua fundação e até os dias de hoje, os gritos de socorro ecoam sobre as esquinas, o gemido de agonia é como um som ensurdecedor e mesmo assim é ignorado por todos... Mas eu os escuto, eu posso escutar tudo e todos que gritam e gemem nesta cidade corrompida. Talvez você esteja surpreso em me ver aqui hoje a noite, mas eu estava na cidade e não poderia passar aqui sem te visitar meu velho amigo. Acho que essa visita não pode ser feita sem que seja contada uma velha história. Me lembro de quando eu tinha quinze anos, eu era um menina feliz, eu vivia um vida boa, meus pais eram acionistas numa bolsa de valores, tínhamos muito dinheiro e éramos felizes, até que um dia o caos chegou até mim. A concepção de caos para as pessoas é muito relativa ao que elas acreditam, para mim o caos é uma pessoa, Frederico Martinez.
Quando conhecemos Frederico ele era um empreendedor muito ganancioso, mas segundo meu pai isso era bom para os negócios, Frederico queria que meu pai investisse uma certa quantia em dinheiro no seu negócio com a promessa de que metade dos lucros seriam dados aos meus pais, e para o meu pai a palavra lucro era como música aos ouvidos. Acontece que as reuniões era feitas em casa e meu pai nunca percebia que quando eu passava no corredor e os olhos nojentos e pretenciosos de Frederico me seguiam, mas acontece que eu percebia, mas pensava que era coisa de homem e não que seria a minha ruína. Uma vez eu estava passando e meu pai estava no meio de uma reunião e ele me chamou - Jane venha aqui - e eu fui e ele me disse - já está muito tarde para você estar andando pela casa, trate de ir dormir - então ele me deu um beijo no meu rosto e disse - bons sonho Jane - e então eu sai, ao sair pude ouvir Frederico dizer - muito bonita a sua filha - então meu pai respondeu - ela puxou muito pra mãe dela - então fui para o meu quarto. Então certo dia meu pai estava decidido em investir no empreendimento de Frederico Martinez mas que só fecharia o negócio se Frederico concordasse em assinar um documento que dizia que se o empreendimento não desse certo meu pai pegaria o dinheiro investido e ainda tomaria posse da outra metade, a metade de Frederico, mas Frederico estavam tão cego pela ganância que assinou o documento, o documento na verdade era uma sentença de morte. Como o imaginado o Empreendimento não deu certo e meu pai colocou em vigor o contrato tomando para si todos os bens de Frederico Martinez levando-o a falência, meu pai se sentia bem, para ele foi mais um bom negócio, me lembro que naquela noite ele chamou eu e minha mãe para dar a boa notícia de que iríamos tirar as férias que a anos estávamos planejando, então todos fomos dormir, mas eu era muito tola, eu realmente pensei que a felicidade era algo que durasse para sempre, na verdade a felicidade é apenas uma das armadilhas do caos que é usada para nos enganar e nos fazer acreditar que no fim tudo vai ficar bem, mas a nossa vida é regida pelo caos e a felicidade tem um preço alto, chega um momento que o caos cobra essa dívida e foi o que aconteceu. Naquela noite densa e chuvosa os alarmes de casa não foram ativados, eu estava em meu quarto dormindo quando ouvi um barulho de latidos de cães dentro de casa então levantei e fui ver o que era, o barulho vinha do escritório de meu pai, quando cheguei lá vi a porta encostada, ao abrir vi três cachorros em cima do corpo ensanguentado do meu pai que ainda estava em sua cadeira, os cães mastigavam a cerne do meu pai como se estivessem famintos então um dos cachorros me viu e latiu para mim então eu corri para o quarto do meus pais e vi a porta que estava encostada ser aberta com o vento que vinha de uma janela no fim do corredor que estava aberta, então vi o corpo da minha mãe ensanguentado e um homem em cima dela, era Frederico Martinez, em suas mãos uma faca, ele estava cortando partes do corpo dela enquanto dizia "o caos sempre cobra suas dívidas" então ele olhou para trás e me viu, ao me ver ele ele sorriu e disse - olá menina - então eu sai correndo e me tranquei no meu quarto e eu podia ouvir a voz dele pelo corredor dizendo - por que você está fugindo de mim Jane? - e eu podia ouvir suas pegadas no corredor, até que ele foi tentar abrir a porta que estava trancada, e ele disse - uma vez seu pai disse que você tinha puxado sua mãe, bom eu não sei se é verdade mas é algo que eu estou disposto a descobrir - então ele conseguiu quebrar a porta, e entrar no meu quarto, eu estava sentada na cama e ele se aproximava devagar dizendo - como é que seu pai dizia? Ah é eu lembrei . Bons sonhos Jane! - então ele pulou em cima de mim e me prendeu, enquanto eu esperneava ele me segurava, então ele puxou um punhal para me cortar então eu arranhei seu rosto de forma que começou a sangrar e ele gritou - filha da puta - então ele sorriu e disse - tenha bons sonhos Jane.
Depois de algumas horas que ele tinha fugido a polícia chegou em casa e me encontrou sentada ao lado do corpo da minha mãe, ele avia abusado dela antes de matá-la cruelmente, e nas horas antes da polícia chegar eu pensava, por que ele me deixou viva, por que ele não me matou como fez com minha mãe. Quando a polícia chegou eles fizeram mil perguntas, mas eu não conseguia expressar uma reação, não conseguia dizer uma palavra, e então, Frederico Martinez foi convocado pela polícia para relatar o que aconteceu, já que ele havia sido a última pessoa a ter contato com meu pai, então ele disse que eu era a culpada por tudo, que eu odiava meus pais, que o motivo de eu querer assassiná-los era que eu era constantemente abusada por meu pai e que minha mãe sabia, por isso eu havia feito aquilo com eles, quando ele foi questionado sobre o arranhão em seu rosto ele disse que seu gato havia feito aquilo e claro, todos acreditaram. Todas as vezes que alguém me via ou vinha me questionar ou interrogar eu ficava sem expressão, apenas calada, eu fui condenada a prisão perpétua, fui declarada como perigosa e esquizofrenica, com problemas psicológicos por isso passei dez anos da minha vida presa no asilo Waverly Hills. Mas apesar te tudo eu tenho muito a te agradecer, você me fez entender uma coisa sobre a vida, a vida é cheia altos e baixos e quando os altos acabam, bom, o caos sempre cobra suas dívidas.
- o que você quer de mim, quer que eu confesse? Eles dirão que você é louca -  disse Frederico Martinez ao se encolher em sua coberta, - não quero que você confesse, eu vim aqui nessa noite pra te desejar bons sonhos, lembra-se - respondeu Jane ao mostrar para Frederico o mesmo punhal ele havia puxado para ela. Jane havia entrado na casa de Frederico Martinez de madrugada enquanto ele recebia a visita de duas prostitutas em seu quarto, ela matou os cachorros dele e logo após matou os dois guardas que vigiavam a porta, como as quedas de energia eram comum naquela região de Denvers, Jane desligou a energia e começou a matar todos os guardas, um por um, cortando-lhes o pescoço e ao chegar no quarto de Frederico ela matou primeiro as prostitutas, ambas jogando uma faca no crânio, uma delas estava em cima de Frederico Martinez e logo após fazer seu discurso Jane matou Frederico com o mesmo punhal que ele havia usado em sua mãe, mesmo punhal que ele havia usado nela. Quando a polícia chegou no local encontraram uma inscrição na parede feita com sangue, a inscrição dizia "O caos sempre cobra suas dívidas" e no corpo mutilado de Frederico Martinez estava a seguinte inscrição feita com uma faca ou punhal "Boa noite Frederico".

O Vigilante (Em Andamento) Onde histórias criam vida. Descubra agora