Isso não é um adeus! Mas um para sempre!

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Depois que as lágrimas ja tinham cessado, soltei-o de meus braços lhe dando um sorriso de amor e reconforto.
- Podemos ir? - perguntei acariciando sua bochecha.
- S-sim...
Andamos um do lado do outro até o carro vermelho do meu pai. Assim que entramos um silêncio tomou conta; nem mesmo o rádio ou o próprio carro ousavam fazer algum barulho.
Durante todo o caminho percebi os olhares vazios e sem esperança de Kakashi pela janela. Parecia que não havia mais nada pelo que lutar em sua vida.... Me partia o coração vê-lo assim, mas nem mesmo o meu mais sincero "eu te amo" iria mudar isso; talvez só piorasse. E no fundo eu sabia, que parte daquele suicídio, havia sido minha culpa.....
- Chegamos, meninos. - meu pai disse olhando pelo retrovisor à nós. - Tem certeza que está bem Kakashi?
- Sim. - ele disse sem nem mesmo olhar para o meu pai, apenas para as mãos que não paravam de mexer nas alianças do pai e da mãe. - Eu estou bem, senhor Uchiha.
Saímos do carro e antes dele dizer outra pergunta, direcionei um olhar de que queria ficar à sós com o albino. Assim que meu pai entrou em casa, olhei nos olhos dele. - O que foi?
- Preciso de contar uma coisa....
- Claro. Conte.
- Eu vou embora da cidade.
Minha respiração falhou, meu coração parecia não querer mais bater, meus olhos já ardiam de não piscar e lágrimas caim. Como assim ele iria embora? Como assim ele me deixaria? COMO ASSIM?
- D-do que está falando? - gaguejei.
- Eu sou órfão agora, Obito. Mesmo eu estando no último ano e tendo dezoito, não significa que vou conseguir viver aqui. Eu não quero voltar para aquela casa, eu não tenho nem dinheiro para sustentá-la.
- M-mas é lá onde estão suas memórias....
- Memórias que eu quero esquecer.
- Esquecer?
- É, esquecer. Não quero ter nada que me lembre eles, inclusive isto. - mostrou as alianças jogando-as em algum lugar.
O que ele estava fazendo? Destruindo tudo pelo que os pais tinham lutado! Esquecendo as melhores memórias! ME esquecendo!
- Kakashi, não faça isso! Aquele é o seu lar! E se não quiser ficar lá, tudo bem eu entendo, mas fica aqui comigo. E-eu preciso de você....
- Eu não posso. - me interrompeu. - Eu te amo, muito mais do que você consegue imaginar, mas não quero te fazer sofrer. Eu, não quero sofrer. Tudo nessa cidade me lembra dele. Ou melhor, deles. Eu não posso ficar aqui! Talvez eu vá morar com a minha tia Tsunade ou eu...
- Então é isso? - o interrompi. - Depois de tudo que eu fiz, de tudo que nós passamos, de tudo que lutamos e construímos juntos, você vai ir embora? Vai me deixar? Simples assim? Como se nada tivesse acontecido? É assim que você me agradece, Kakashi? É assim que você mostra que me ama? É ISSO?! Eu transei com você, eu amei você, e ainda amo! Eu briguei com seu pai para ele aceitar você do jeito que era! EU QUE TE FIZ NÃO LEVAR MAIS TAPAS OU SOCOS!!! E É ASSIM? UM SIMPLES "EU TENHO QUE IR EMBORA"?! DEPOIS DE TUDO QUE EU DISSE SOBRE ESTAR ATÉ O FIM COM VOCÊ?! É ASSIM QUE VOCÊ ME ENXERGA? COMO UM APOIO DE BRAÇO PRA SUA DOR? MAS DEPOIS QUE ELA PASSA VOCÊ ME JOGA FORA? COMO SE EU NÃO FOSSE NADA?! É ASSIM, KAKASHI?!
Depois de explodir com ele, percebi estar com nossas testas coladas, respiração ofegante e aquele embrulho no estômago que eu sentia sempre que o via passar no corredor.
- É assim que você quer que termine tudo que construímos juntos? - perguntei segurando as lágrimas.
- Acredite em mim, eu daria qualquer coisa pra ser forte como você e ficar aqui, mas eu não sou Obito. Não sou como você....
- Tem razão! Você é Kakashi Hatake! Capitão do time de basquete, o mais popular, o mais bonito, inteligente, o filho do xerife, o cara que qualquer garota abriria as pernas. O cara que quebrou o braço três vezes, que chutou um garoto que assediou uma garota, o cara que não suporta gente preconceituosa, o cara que cai de cabeça e se dedica até o fim. O cara que me tirou da depressão, que arranca sorrisos e suspiros todos os dias de mim, o cara que me fode tão bem, que ninguém vai me fazer esquecer da nossa foda. O cara que enfrentou a morte da mãe e mesmo assim continuou sorrindo por ela, o cara que amava o pai alcóolatra que tinha e mesmo te batendo, você ajudava-o. O cara que vai superar qualquer coisa que quiser e que vai ficar aqui do meu lado. Você é o meu namorado, e eu não posso viver sem ti. Então por favor, fica comigo.
Invés de uma resposta, recebi o melhor beijo da minha vida. Uma mistura de completamente tudo que eu já tinha sentido e o que eu não tinha. Amor, carinho, ternura, alívio, medo, felicidade, necessidade, tesão.....
- Isso foi um "sim, eu vou ficar"? - perguntei ainda ofegante pelo beijo.
- Com certeza sim. - continuamos a nos beijar.

×××× 6 anos depois

- Bom-dia, flor do dia. - Kakashi chegou com uma bandeja com o café da manhã. Suco de laranja, ovos e bacon. Ah como eu amava meu marido.....
- Bom-dia.... - sorri esfregando os olhos de sono.
- Tem que acordar, seu plantão começa daqui uma hora e meia. - disse colocando a bandeija no meu colo se sentando do meu lado na cama.
- Hmfff.... - repousei minha cabeça no seu ombro sentindo sua mão acariciar minha nuca e os primeiros fios de cabelo, enquanto beijava o topo da minha cabeça. - Por que temos que trabalhar mesmo?
- Quem escolheu ser médico pediatra foi você..... - riu suave.
Comecei a lembrar de tudo que passamos. Depois da morte do pai do albino, consegui convencê-lo a ficar na nossa cidade natal. A tia dele, Tsunade, foi morar com ele na casa dos pais; que no começo foi bem difícil.
Nos formamos e três meses depois meu pai se casou com Hashirama, e uau que puta vexame eu passei naquela festa de casamento. Não foi nada legal ver meu pai e padastro se pegando na pista de dança; mais um dos traumas que Kakashi e eu criamos por causa desse casal!!
Assim que entrei na faculdade de medicina, Hatake passou na academia de polícia. No começo eu quis ser psicólogo para ajudar pessoas com depressão, mas depois que Kakashi veio com a ideia de adotar o pequeno Sasuke, eu mudei de ideia e virei pediatra.
Não deu nem seis meses de faculdade e já morávamos juntos com uma criança entre nós, curada do câncer felizmente.
Foi bem difícil arrumar nossa rotina, mas assim que ele começou nos chamar de pai, tudo pareceu valer a pena. Óbvio que Kakashi queria matar o pequeno já que quase não conseguíamos transar, mas nada que uma ajudinha da Rin que não desse conta do garoto.
Depois de terminar a faculdade e ele academia, eu comecei a me preocupar com a profissão. Não morávamos mais em uma cidade pequena na Califórnia, mas em Nova Iorque. A violência era diferente e eu tinha medo todos os dias de receber uma ligação da emergência de um hospital dizendo que meu namorado tinha sido baleado. Mas assim que comecei a ver seus sorrisos sempre que ia e voltava do trabalho, me tranquilizei.
O casamento? Bom foi meio inesperado.... Digamos que nenhum de nós esperávamos ou pensávamos nisso, mas em uma noite em que bebemos o albino ficou tão bêbado a ponto de me pedir em casamento e eu como estava bêbado também aceitei. No dia seguinte estávamos com alianças nos dedos, dores de cabeça e ancia de vômito.
- Ô PAI!!! - ouvimos Sasuke gritar.
Tirei a bandeja vazia de cima de mim, colocando a calça o mais depressa possível, e Kakashi e eu corremos até o quarto dele.
- O QUE ACONTECEU?
- SE MACHUCOU?
Perguntamos praticamente juntos.
- O Naruto disse que gosta de mim. - ele respondeu mostrando as mensagens no celular todo corado. - O que eu faço?
Sentimos um alívio enorme. Ele está bem!
- Diga o que sente.
- Não tenha medo, vá em frente.
Dissemos e logo saímos do quarto em direção ao nosso.
- Da pra acreditar que esse pirralho já tem 11 anos? - Kakashi disse sorrindo ladino pra mim.
- E ainda já tá de namorico..... - disse rindo.
- Obito.
- Hm?
- Eu te amo.
Sorri o beijando.
- Eu te amo, Kakashi Hatake.

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