Sorria e Acene

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Março - 2017.

Lauren Pov

— Sinto que vai ser bom para você Lauren. – Simon dizia com calma.

— Pra mim, ou para vocês?! – Respondi irritada.

A conversa com Simon fazia meu estômago embrulhar e minha mente trabalhar tentando sair dessa, como eles podiam decidir por mim? Decidir que eu entraria em um relacionamento por puro marketing. O PR é comum no mundo das celebridades, mas eu nunca me imaginei tendo que passar por isso, maldita! Maldita hora que eu assinei aquele contrato, foi como entregar minha vida em uma bandeja de prata, vender minha alma para o diabo. Isso vai contra tudo que eu acredito, tudo que eu luto, estão tirando minha identidade enquanto eu viro simplesmente um fantoche.

Sorria e acene Lauren.  

Eu já conhecia Ty Dolla de quando gravamos Work From Home, mas nada muito pessoal, e agora eu deveria simplesmente, namorar ele, ótimo!

— Para todos Lauren, será por pouco tempo, preciso apenas abafar toda essa história que ronda vocês, e Ty Dolla está em uma fase ruim precisando de visibilidade, então vamos unir o útil ao agradável. – Simon dizia com um sorriso de triunfo no rosto, sabia que eu não podia negar, ainda mais quando ele disse vocês, se referindo a Camila e eu.

 Não me parece agradável, mas o que eu posso fazer, a não ser aceitar tudo que vocês impõem, não é mesmo? – Respondi com sarcasmo.

Simon deu de ombros

 Não seja tão séria Lauren, já vi muitos relacionamentos PR que deram certo no final, e você e o Ty Dolla já tem algumas coisas em comum... – Deixou a frase no ar enquanto bebia seu Whisky.

Deve ser que eu gosto de mulher e ele também. Pensei, e não respondi mais nada, é inútil perder meu tempo com algo que eu não tenho controle, tipo minha vida.

Simon me deu o endereço da casa do Ty Dolla, e me disse pra ir encontrá-lo para resolvermos os detalhes da nossa 'relação'.

(...)

O endereço me trouxe até um luxuoso condomínio, deve ser por isso que ele precisa de mais visibilidade. Logo meu acesso foi liberado e não me surpreendeu toda a ostentação do imóvel, tudo muito chamativo e dourado, assim como as correntes que estavam no pescoço do Ty Dolla, e por falar nele.

— Hey Lauren, bom te ver, seja bem vinda. – Ty Dolla disse enquanto me cumprimentava com um beijo no rosto, graças a Deus.

 Oi Ty Dolla, obrigada, bom ver você também. – Tentei meu melhor sorriso.

— Por favor Lauren, me chame apenas de Ty, vamos entre. – Foi me conduzindo a uma enorme sala com tapetes e sofás de pele.

— Aceita alguma bebida? – Ty Dolla ofereceu apontando para seu bar, que como decoração tinha a cabeça de um alce. 

— Água por favor. – Me sentei em um sofá tentando não pensar no pobre urso que morreu para virar o tapete que eu estava pisando.

— Aqui está. – Me entregou o copo e sentou ao meu lado. — Eu sei que essa situação toda é estranha, mas eu quero te agradecer, você vai me ajudar muito, eu prometo ser o seu melhor PR. – Disse com humor.

Nós dois rimos.

— Não tem que me agradecer nada Ty, você também vai me ajudar. – Respondi tentando parecer tranquila com a situação, bebi toda minha água e coloquei o copo na mesinha de centro, o silêncio se fez presente por um momento.

— Você se importa se eu fumar? – Eu logo neguei com a cabeça, ele tirou um cigarro de maconha de sua cigarreira, muito bonita por sinal, toda em prata, com uma cobra preta estampada.

— Simon me disse para acertarmos nossos encontros, quando vamos aparecer em público, essas coisas, como você prefere? – Ele me perguntou enquanto levava o cigarro na boca, puxando um isqueiro de seu bolso, e acendendo seu cigarro nada modesto de maconha.  

 Bem, eu não sei nem por onde começar. – Respondi sincera, o cheiro e a fumaça já se faziam presente em toda sala.

 Essa indústria é uma merda não é mesmo? Tudo que eu queria era fazer meu som sem tantas regras e contratos. Viramos macacos de circo nas mãos deles. – Ty Dolla disse irritado, tragando forte sua maconha. 

— Nem me fale, temos que dançar conforme a música, ou caímos fora, com uma grande multa nas costas. – Respondi séria, fazendo ele rir.

— E eu não tenho dinheiro para essa multa, então melhor dançarmos e rirmos da nossa desgraça. – Disse me oferecendo seu cigarro.

Não pensei duas vezes ao aceitar, levei a boca e puxei forte toda a fumaça que eu conseguia, até meus pulmões se encherem, esperando que milagrosamente meus problemas fossem sumir.

A cada tragada eu me sinto mais leve e despreocupada, o estoque de maconha do Ty Dolla parece não ter fim, e realmente não tem. Compartilhamos o mesmo interesse em falar mal da gravadora e dos nossos 'donos', Simon tinha razão, temos muito em comum.

Após vários cigarros de maconha e algumas cervejas, eu estou tão chapada que não sei nem como vou chegar em casa, analisei por um momento Ty dolla adormecido no sofá. Eu realmente não tenho nada contra ele, suas botas de couro, e suas grandes correntes de ouro, ou a decoração de sua casa que é revestida em animais mortos, não é isso, por mais que ele possa ser um cara legal, ele não é ela.

Ninguém nunca vai ser o suficiente como ela é para mim.

Como eu vou sair por aí beijando e falando que amo alguém que não é ela, isso é tão errado. Desbloqueei meu celular indo até minha agenda, toquei sob seu nome, Camila, como eu gostaria e ouvir sua voz dizendo que vai ficar tudo bem, seus conselhos e provavelmente suas broncas por eu ter fumado.

Neguei com a cabeça e bloqueei meu celular, me levantei ainda meio tonta, caminhei até uma mesa onde tinha um bloco de notas com uma caneta pesada e dourada, conhecendo pouco do Ty Dolla, não duvido ser banhada a ouro, deixei um bilhete com meu número, peguei minha bolsa, encostei a porta e fui em direção ao meu carro. Ao sair do condomínio sinto vários flashes em mim, paparazzi aqui e a essa hora? Realmente, Simon não dá ponto sem nó, mesmo sendo a noite coloquei meus óculos escuros para não denunciar meus olhos vermelhos.

Sorrio e Aceno para as fotos, logo todos saberiam com quem eu estava.


A OUTRA FACE DA LUA - CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora