Thunder

348 24 34
                                    

Entramos na reta final.
Música do capítulo: Open Your Eyes - Snow Patrol.

Camila pov.

Estava um vazio e um silêncio em minha casa, minha sensação era que se uma agulha caísse no chão eu escutaria, e isso estava me enlouquecendo. Os pensamentos pesados em minha mente, pareciam uma manada de elefantes correndo, tudo tão pesado e tão confuso, engoli cada nó que se formou em minha garganta, não me permitindo chorar.

A chuva caía forte lá fora, fui andando pelos corredores de casa, mas nem ao menos sei o que estou procurando, abri a porta da frente e a brisa gelada me atingiu, por estar apenas de camiseta e shorts, todo meu corpo estremeceu.

Sentei no primeiro degrau da varanda segurando minhas pernas, o vento trazia alguns pingos de chuva até meu corpo, gelado, muito gelado.

Olhei aos céus pedindo ajuda, eu só queria acabar com tudo isso, me livrar de todo esse peso em meu corpo. Fechei meus olhos pressionando o mais forte que conseguia, apertei minhas unhas em minha mão, dor, sangue, dor, é melhor que essa raiva que me corrói.

Eu só queria resolver tudo, mas as coisas são tão difíceis, chega parecer irreal.

Minha vida parecia escorregar pelos meus dedos, fora do meu controle.

Meus ossos já estavam doendo com o frio, e as palavras do meu pai, ecoavam em minha mente. O estrondo do trovão fez meu coração disparar acelerado em meu peito.

Sim. Isso é tão real.

E apenas eu posso fazer minhas escolhas, e determinar o meu futuro.

Quando foi que me perdi? Quando foi que deixei de ser, eu?

Os poderosos podem ter minha carreira em suas mãos, mas dessa vez que se exploda! Que o inferno congele, mas não vão conseguir minha alma, não vão tirar de mim, a minha chama, não mais!

Nunca mais.

Abri meus olhos e vi o clarão iluminar tudo. Raios, relâmpagos e trovões, uma sequência que cortava os céus, como se aquilo fosse a descarga elétrica, direto em minhas veias, me levantei, calcei meus tênis e bati a porta da casa, olhei para garagem, vazia.

Mas não será isso que vai me impedir.

Comecei a caminhar para fora da varanda, e a chuva já escorria por meu corpo.

Senti uma sensação incomum, era alívio.

E naquele instante, me permiti chorar, então as lágrimas começaram a banhar meus olhos, e serem levadas com a chuva. Senti todos os meus problemas transbordarem, meus medos, incertezas e dúvidas, tudo que estava acumulado em mim, parecia estar saindo de uma só vez, me senti meio patética por estar soluçando na rua, no meio da chuva, parecia cena de novela mexicana, mas eu não controlava mais minhas emoções, tudo teria que ser lavado, e levado embora, só assim eu conseguiria começar de novo, me permitir ser feliz de verdade.

Minha respiração já estava ofegante e minhas pernas queimando, mas a ansiedade era maior que tudo, então apertei meus passos, mesmo que caminhar em meio a uma tempestade não seja nada fácil, a vontade de chegar ao final é tão grande, que não cabe em mim. 

As roupas coladas em meu corpo, pareciam pesar uma tonelada, tentei fazer um coque em meu cabelo encharcado, mas foi em vão, os pingos fortes chicoteavam minha pele, e o vento gelado fazia meu queixo tremer. Alguns carros passavam buzinando, mas eu não prestava atenção, só mantive meu olhar em meu caminho, em meu destino.

A OUTRA FACE DA LUA - CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora