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 Pouco consegui dormir.

 Consigo ouvir as pesadas gotas a baterem na pequena janela da casa de banho. Está frio.

 Deixei a agua correr para a aquecer e quando ficou sufeciente quente ao ponto de me arrepiar começa a fumegar.

 Dispo-me e aos poucos vou para baixo do chuveiro, deixo a água doce escorrer pelo meu corpo.

 Limpas o meu corpo mas a minha alma continua turva.

 Feixo os olhos e respiro o ar quente que tornava-me acolhido, baixo a cabeça para facilitar a minha respiração.

 Tudo que é bom tem fim e o meu limite chegou mais perto que todos.

 Cruzo os braços como um abraço a mim próprio e encosto-me à togeleira cinzenta da parede que ainda estava fria mas já húmida.

 Mesmo quando dizias que me amavas o teu amor pretencia a outro...

 Tão bondoza, deixas-te-me só... Largado nos braços do meu pai quanto tinha sete anos que não se preocupa comigo, apenas com o seu império de ouro.

 

***


 - Para onde vais mãe? - pergunto-lhe de olhos arregalados para ela.

 Ela sorri e apercebo-mo o quantas vezes ela o faz, cara cansada com um sorriso maravilhoso, e com o sorriso paça a sua mão sobre o meu cabelo loiro.

 Inclina-se sobre mim por ser muito mais alta que eu.

 - Meu príncipe, eu vou estar longe, durante muito tempo, mas o teu pai vai tratar de ti - conta ela e o meu pai aperta ambos os meus ombros, subo o olhar para ele e vejo um homem de gravata negra, camisa branca e smoking brilhante.

 Limpo as lágrimas.

Gostava de ser como todas as outras crianças com uma vida normal, dois pais, conseguir lanchar nos intervalos. Não ir sozinho para casa.

 - Quanto tempo? - pergunto abraçando-a.

 - Muito tempo, meu querido. Mas estarei sempre contigo, a cuidar bem de ti. Sempre no teu coração.

 A minha irmã mais velha, Gemma, que eu dois anos estava atrás da minha mãe e aí achei uma enjustiça de a minha irmã continuar com ela mas eu também sabia que ela sabia mais sobre a mãe que eu.

 E a minha mãe abraça-me forte como um adeus escondido no silêncio.

 - Vais tornar -te num anjo, mamã? - pergunto aconchegando-me no seu ombro.

 Ela sorri.

- Estarei à tua espera.

- Prometo que me tornarei num anjo para não ficares lá só...

Ri. - Tudo a seu tempo, Lucas...


***


E olho para o meu pulso em sofrimento.

 Não, serei fraco ao fazê-lo! Não, lutarei para ser feliz!

 E assim é a minha forma de o fazer...

 Olho para o chuveiro que ainda deixava água quente caír sobre mim.

 Levanto à lâmina pratiada e imagino um corte no meu pulso.

 Encosto-me á banheira. Levo-a ao pulso, desenhando um corte fundo, tão fundo que me esqueci da mimha própria mãe.

  E fico "feliz".

Amnesia // a portuguese Luke Hemmings fan ficOnde histórias criam vida. Descubra agora