O Michael já está fechado no quarto com Rose a algum tempo... E o nervosismo de estar a fazer algo desnecessário, enlouquecer de ciúmes, enerva-me mais. Sou um tolo por fazer nada em relação a isso, ou talvez sou ainda mais por pensar nisto desta maneira...
Mas a vida é como um livro, cada página, mais perto do fim.
E talvez a minha mente não chega a intender que, mesmo perto, o fim vai em direção a Rose, que nem as cores já dão-me vida, apenas distingo o vermelho das outras cores, talvez por ser a cor de sangue, cor dos lábios dela , cor do objeto que a minha vida é feita, rosas.
Agora nada faz sentido, sou um alucinante aventureiro em busca de rubis para tornar algo mais belo.
Onde a morte pode ser algo belo? Ou como apenas podemos dar ao luxo de a identificar?
Talvez não estou em mim apenas por quem eu amo estar prestes a deixar de respirar.
Talvez seja porque não tenho noção da morte, do que está a passar com ela, que os sentimentos estão ocultos e sinto-me vazio como um psicopata sem planos de homicídio. Estou a preparar-me para a sua perda.
A minha mente desperta com uma rajada de vento mas eu continuo a andar.
Rose.
Onde um vicio meu será de novo a droga. Não! Não posso voltar ás drogas... E o álcool? A Rose achará que sou tolo, eu fico uma pessoa horrível bêbado!
Entre cambaleantes passos e empurrões os meus pensamentos tombam de um lado ao outro na minha cabeça, será que ela quando morrer vai para o meu coração como todas as pessoas o dizem?
Que estará ao meu lado?
A lâmina ao tocar na pele arrepia-me por estar fria, recordando-me o quanto a inveja é idiota, ela vendia o corpo, tocaram nela.
Pessoas compraram prazer do seu corpo e eu apenas penso no Michael.
Por falar em pessoas, o Ash? Quando foi a última vez que o vi? Será que está preocupado comigo?
Como maluco é o tempo, as coisas que pensamos sem dar fé...
Gostava de saber o verdadeiro significado de "fé", acreditar? , esperança?, estupidez?
Todas elas com a sua razão, verdadeiras...
O dióxido de carbono enche os meus pulmões aquecendo a garganta, suspiro para soltar o fumo e volto a sentir o puro sabor do tabaco.
Atiro a beata para o meio da rua que estava encharcada pela chuva.
De negro e calmo, sério de pensamentos pesados entro no quarto de Rose. Estava sentada sobre a cama, com as suas pernas nuas porque a bata não chegava tapa-las e com os pés descalços, a sorrir.
Dos meus lábios cresce um sorriso, vou para a sua frente, sinto a sua pele a arrepiar com o toque da minha nas suas mãos e beijo-a, intensamente, como último beijo, mas sem dar esperanças disso.
O seu hálito a mentol esconde o meu pouco hálito a tabaco e as mangas do meu casaco esconde o que pretendo esconder.
Não quero morrer já, mas quero morrer quando ela for, consequentemente, quero morrer sem dor, drogado, bêbado, feliz, à beira de Rose.
- Promete-me algo... - ouço a voz de Rose melódica sobre o beijo calmo.
- Prometo. - apenas disse e as minhas mãos viajaram para as suas ancas que empurro contra mim.
- Sem fôlego, Luke... - ela geme sem cortar o beijo à espera que eu o fizesse - Prometes-me que vives sem mim?
- Não consigo... - arrumo o seu cabelo para trás da orelha observando-a.
- Apenas promete... Por favor. - ela sussurra.
Suspiro e repito - Prometo. - como esta palavra pesa, como se toda a minha traqueia ficasse arranhada.
Ela sorri e tira os tubos que lhe rodeavam a cabeça - Eu perciso de ter a certeza das palavras. - ela fala com a respiração normal dela, com solavancos.
De mãos firmes nas suas ancas, encosto os meus lábios no pescoço de Rose, beijo-o, e os meus olhos tornam-se inchados, lágrimas pesadas tentam fugir-me. Soluços são feitos pelo meu diafragma, agarro a sua bata com ambas as mãos com força suficiente para rasgar o tecido.
Sinto as suas leves mãos nas minhas costas e movimento de novo os lábios com a tentativa de ser no pescoço mas foi na clavícula. A minha língua ao tocar nela sente o sabor da sua pele, sabia a maçã, talvez ela acabara de tomar banho.
- Eu não vou-te perder, Rose. - a minha voz desespera.
Ela enche de novo os pulmões - Promete-me, Luke.
Eu não consigo... Amo-a demasiado para a deixar ir, mas amo-a o suficiente ao ponto de querer que ela parta, para ficar feliz, livre de dor - Prometo, Rose,