Milena
Voltamos ao morro, como de costume estava tudo iluminado e com muitas pessoas na rua. Mikaele tinha pedido um táxi pra nós voltarmos. Cheguei em casa era 19:58 por causa do trânsito que estava lento.
Quando entrei em casa vi a Dandara que estava se arrumando.
— Onde vai? —perguntei curiosa
—Baile bebê —piscou enquanto passava o rimeu
—Nossa mãe deixou?
—Provavelmente eu vou sair antes dela chegar pra evitar um não dela
—Se eu fosse você eu não iria, lá só tem drogas e homens armados escutando músicas obscenas
Ela revira os olhos sem da a mínima importância ao que eu acabei de falar.
—Vai encher o saco? Porque se for e melhor sair de perto de mim. Já basta a mamãe
—Tá, desculpa então. Só queria ajudar
Deixei a Dandara se arrumar e fui tomar outro banho, eu estava morta de cansada. Quando terminei meu banho fui fazer algo pra comer, foi aí que ouvi a voz de mamãe brigando com Dandara.
—O que tá acontecendo? —perguntei vendo a Dandara enburrada com os braços cruzados e a Marcela na porta
—Encontrei a Dandara descendo a favela toda arrumada dizendo que ia pro baile, ver se pode— minha mãe fala toda stressada— Você ia sem me falar é?!
—Lógico, a senhora não iria deixar —diz debochada
—O que foi que eu fiz vindo morar aqui
—Laia hen tia, é só um baile— fala Marcela— Não vai matar não, fica suave
—Olha menina, eu estou falando com minha filha, você pode ir a hora que quiser, inclusive agora — minha mãe diz pra Marcela com certa raiva- Olha o tamanho desse short Dandara. Acha mesmo que tem condição de você e a Marcela ir pro baile, duas desajuizada.
—A senhora tem razão mãe, a Milena podia ir com a gente
—O que? — perguntei incrédula
A Dandara sabe como eu sou pro lado dessas coisas. E em um baile em não piso nunca.
—Verdade, a Milena tem muito juízo, chega a ser careta
—Não, Não, Não. Eu não vou mesmo.
—Bora My. Você precisa ser divertir um pouco— diz Dandara tentando me convencer
—Filha, pode ser até bom pra você. Tu nem sai de casa direito— diz mamãe— E eu sei que você não seria capaz de fazer nada, conheço a filhinha que tenho. E toma conta dessas duas pra me deixarem em paz.
Pensei bem antes de fazer a besteira de ir naquele lugar. A verdade é que eu tenho pavor de traficantes, por mim eu nem passava perto, só de pensar que essas pessoas estragam a vida de outras pessoas me da uma raiva.
—A Dandara só vai se a Milena for— disse minha mãe
Olho pra minha irmã que está fazendo um sinal de "por favor" pra mim.
—Pronto. Eu vou, mas tem que ser do meu jeito, quando eu disser que é o horário de voltar nós voltamos, ok?
Minha irmã da pulinhos e me abraça dando beijos.
Janto e depois troco de roupa e visto uma blusa simples rosinha com uma jaqueta por causa do frio e uma calça jeans e minha sapatilha preta. Esperamos da o horário, agora era 22:22 e fomos.
Chegamos lá e eu sentia um odor muito forte, um cheiro muito estranho. Tinha muita mulher com calcinha jens e rebolando até o chão e se esfregando nos homens. Era muita gente e homens armados. Muita luzes tomava conta da quadra que estava me deixando cega, sem falar da música que estava estourando meus tímpanos.
Muita gente me olhava estranho, até fazia cara de nojo pra mim.
Eu estava tão distraída que olhei para os lados e não vi mais a Dandara e Marcela. Então fui me encostar em um canto. Lá tinha uma área que ficava perto das caixas de som onde tinha algumas pessoas, uma delas eram um homem muito lindo por sinal, ele estava segurando uma latinha de cerveja e enquanto olhava as pessoas lá de cima. Logo depois chegou um menino, eu acho que era o mesmo da moto que me parou quando eu fui comprar meu lanche. Eles conversaram um pouco e logo depois o menino saiu. Quando o homem se virou seus olhos encontrou os meus, logo me virei disfarçando. Seu olhar me intimidou muito, foi algo estranho, chega me subiu um arrepio na espinha. Quando voltei a olhar-lo ele estava do mesmo jeito, me encarando com seus olhos frios enquanto bebericava sua cerveja. Mas não demorou muito e chegou uma mulher loira, ela falou algo no seu ouvindo e logo depois eles saíram.
Eu já estava lá em pé a muito tempo, acho que umas 3 horas já e nem sinal das meninas. Meus olhos estava ardendo e minha cabeça latejando de tanta dor, sem falar o que eu estava vendo a hora de desmaiar de tanto cansaço.
Descidi que eu iria procurar as meninas.
Fui andando no meio da multidão quando me bato em alguém, quando eu fui olhar era o....Thaysson?
—O que você tá fazendo aqui? —perguntamos juntos
Ele me olhou toda, corei de vergonha.
—Fala tu primeiro!— disse ele alto no meu ouvido por causa da música muito alta
—Eu vim acompanhar minha irmã, e você?! —falai também no ouvido dele um pouco alto
—Beber, curtir, beber mais um pouco e curtir muito! Eu sempre venho aqui! —deu um sorriso— Pensei que iria pra igreja hoje!
—Eu ia mas minha irmã me convenceu a vir aqui!— ele deu uma gargalhada
Thaysson me puxou até o basinho.
—O que tu quer beber, gatinha?!
—Eu não bebo, Thaysson!
—Vai beber agora, só pra da uma emoção!
Ele pediu alguma coisa e logo chegou, era um drink azul.
Bebi um pouco da bebida que desceu queimando, mas até que era gostoso. Bebi até a metade do copo.
—Vamos dançar My!
—Não. Eu não sei dançar!
—Vamos, eu te ensino!
Ele me puxou pro meio da quadra e começou a fazer uma dança no ritmo da música me fazendo rir.
Senti tudo rodar e do nada eu comecei a rir e dançar feito uma tonta. Eu não estava sentindo nenhuma parte do meu corpo, era como eu tivesse anestesiada.
Foi quando vi tudo se apagar...
""Meu mundo parou quando eu te vi no baile
Acho que esse teu jeito combinou com a minha vibe
Doce e delicada, mas cheia de maldade
Longe da realidade, ela é minha flor de mate
Esperei pelo momento certo só pra te impressionar
Tu cheia de marra, tentando me ignorar
Mas seu olhar já dizia tudo
Roubei teu coração, te trouxe pro meu mundo"
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Perdida no Morro
TienerfictieBabilônia, um sistema capitalista em que todo mundo só pensa em poder, no lucro e na propriedade, pregando a individualidade e esquecendo da importância do próximo em nossas vidas. "Enquanto uns querem sair outros entram nessa Babilônia." Capa feita...