Segredo de justiça – Dois dias atrás.
Chegou o dia da mudança e eu agradeci aos céus por não ter aula na faculdade hoje. Mas essa rotina ia mudar já que era dezembro, estava chegando final de semestre e o natal.
– Nós vamos ficar um tempo sem se ver – disse à Theóphiles enquanto carregávamos as coisas para o caminhão de mudança. Graças a Deus ele tinha tirado a manhã de folga para meu ajudar.
– Por que? – perguntou sem olhar para mim – além de se mudar da nossa casa, eu não vou poder te ver mais?
– É final de período na faculdade e preciso terminar esse caso – coloquei a caixa dentro do grande caminhão me sentando dentro dele para descansar um pouco.
– Não gostei nada disso – declarou, sentando ao meu lado cruzando as pernas. Apesar de estar fresco podia sentir o suor escorrer pelas minhas costas e pescoço.
– Só alguns dias – falei, prendendo o cabelo em um coque mais alto – mas talvez eu abra uma exceção para você.
– Já gostei mais disso – disse me fazendo sorrir, seu olhar se abaixou para meu pescoço. – Onde encontrou esse colar?
Passei a mão pelo pescoço analisando o colar de lobo prato que tinha achado, novamente, perdido dentro da minha bolsa de faculdade. Desde que o encontrei ele vive se perdendo e por incrível que pareça esse acessório se tornou um dos meus preferidos.
– Um homem deixou cair a muito tempo em uma cafeteria que eu estava, quando fui devolver ele já tinha ido embora. Decidi ficar comigo. Por que? – questionei e ele pegou de leve o colar o virando na parte de trás.
– Eu perdi um colar a muito tempo igual a esse – sorriu – Ele tinha um TH atrás, nas costas do lobo – virei o colar para verificar e levo um susto.
Reparei que de fato tinha mesmo um pequeno TH gravado no colar.
– Era você? – ele deu ombros sorrindo, comecei a rir animada – Impossível esse colar ter sido seu e você ter perdido e eu achado - fiquei sem folego com a novidade.
– O que está fazendo? – perguntou enquanto tirava o colar do pescoço e o entregava.
– Não é obvio? Devolvendo ao dono, creio eu que esse TH, seja de Theóphiles Hall – ele em encara – Certo?
Abro sua mão depositando o colar, eu estava feliz por ter sido dele, mas triste por que tinha que devolvê-lo. Levantei dando tapinhas em sua coxa para voltar ao trabalho, apesar de ter poucas coisas, descer e subir do 26º andar não era mole, mesmo que de elevador.
– Sabe a história desse colar? – perguntou e neguei com a cabeça entrando no elevador, de novo. – Minha mãe me deu quando tinha dez anos.
– Por que ela daria um lobo para uma criança? – o interrompi com curiosidade.
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Posso fugir agora? | Completo
RomanceValentina encontrou a oportunidade perfeita de ir embora da sua cidade no Brasil para viver seu desejo de estudar Direito e crescer profissionalmente, mais do que isso, era a chance perfeita de se livrar de conflitos do passado que marcaram sua vida...