Véu II

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Após receber tratamento para suas feridas, Sora se encaminhava vagarosamente para o encontro de sua mestra, as feridas e a derrota ainda doíam. Sora ia em direção a colina de Atena, que ficava mais ao norte,onde havia um coreto em ruínas.

Ao chegar lá, Diotima, observava as estrelas do centro do coreto, vestindo um manto para se proteger do sereno da noite. Suas mãos pousavam em seu ventre que gestava mais uma amazona. Ao seu lado, uma caixa alta. Seus cabelos balançavam com a suave brisa marinha que soprava por toda ilha.

Diotima, com sua juba castanha ondulada, se virou e olhou para sua discípula, Sora.

— Eu preciso fazer uma confissão minha doce Sora. - Diotima riu e acariciou o ventre. - Eu sabia que você não iria ganhar a luta de hoje.

—Mestra...

— O cargo de general é de muitos poderes, consequentemente de muitas responsabilidades. E responsabilidades prendem as pessoas. Em algum momento você percebeu isso e decidiu que não queria mais e por isso deixou Elis ganhar. Não é verdade? Pois ao te ver treinar, vi que suas capacidades excediam de Elis, e até as minhas quando tinha sua idade.

— A senhora me conhece bem demais... - riu timidamente Sora. - Aquela armadura é mais importante para Elis do que pra mim.

Diotima respirou fundo, a expressão da mestra de tapa-olho ficou mais séria.

— Existe uma lenda sobre aquela armadura. Que me deixa preocupada sobre o futuro de Elis.

— Qual lenda, mestra?

— Dizem que ela é amaldiçoada. Quem a veste acaba tirando a própria vida. Foi assim com a general passada, antes de vocês nascerem.

— É só uma lenda, nada vai acontecer a Elis, mestra. - Sora riu nervosamente.

— Torço para que não aconteça nada mesmo.

A mulher com um tapa-olho, então posicionou a mão sobre a urna que estava aos seus pés.

— Minha querida Sora, vim dizer que te chamei aqui para lhe dar o que você merece. É dever de toda mestra amazona, passar uma armadura para suas melhores e mais dignas alunas. Por conhecer seu coração, escolhi passar para você. Portanto, não considere como um prêmio de consolação. Esta é a armadura que minha mestra vestia. Esta é de Camellopardalis, mais conhecida como Kirin, e ela é sua agora.

Os olhos de Sora brilharam. A urna da armadura se abriu, revelando uma estatueta vermelha claro de um animal, parecido com um cavalo, de longo pescoço e um pequeno  e único chifre na cabeça. As peças daquele objeto foram se desmontando e vestindo Sora.

— Agora você é Sora sob a constelação de Kirin! Sora de Kirin!

Sora se sentia tão poderosa vestindo essa armadura, sentia que poderia fender o mar até o continente onde ficava o Santuário de Atena, no entanto a armadura era leve. Tão leve como se tivesse sido ungida pelo óleo sagrado da deusa em seu corpo nu, que lhe conferia poderes além dos limites do seu corpo humano mortal.

—Minha doce Sora, as profecias revelam tempos de crise vindouros. Por favor, proteja essa ilha e as pessoas que aqui vivem. E lembre-se que Atena é nossa senhora e roga pela justiça desse mundo.

Sob as estrelas que brilhavam infinitamente no céu, Sora fechou os punhos e concordou com a cabeça, jurando que iria proteger a ilha e defender a justiça.

xxx

Em sua cabana, com a urna de Kirin ao lado de sua cama, Sora se lembrou de um acontecimento que se passou dias antes da disputa pela armadura de Crux, quando Elis e Sora foram ensinar as amazonas novatas a caçar em nome de Ártemis.

Saint Seiya - Amazonas Parte I: Além do VéuOnde histórias criam vida. Descubra agora