Véu IV

50 4 2
                                    


A tardinha se despedia da ilha que recebia a noite estrelada. No topo do monte Egéia, Sora e suas discípulas, as primeiras da amazona de Kirin, treinavam. Haviam treinado desde manhã, carregando pesos escadaria acima, fortaleceram os braços e pernas chutando troncos de carvalho e agora, para fechar o dia, praticavam o primeiro combate com a mestra, que havia prometido.

Eram duas jovens meninas, Reira e Ruka, tinham a mesma idade. Ambas acabaram de entrar na puberdade. Ruka tinha os cabelos verdes, cortados com cuia. Reira tinha longos cabelos azuis trançados.

Por entre as arvores, Sora se aproximou, vestindo a túnica e as sandálias típicas da ilha. Ainda estava se acostumando ao novo papel como mestra, o nervoso havia sido substituído para uma certa comicidade que encontrava em fazer o papel da mestra durona, que Sora sabia que não iria conseguir mante por muito tempo. Parou e cruzou os braços e disse:

—Comecem o combate!

O olho das meninas brilharam e com ansiosidade, começaram a socar e chutar Sora com toda força que tinham, pois confiavam que a mestra podia receber muito mais.

— É isso tudo o que tem pra mostrar? - Sora era mais rápida que as duas atacando juntas, defendia ou desviava das duas ao mesmo tempo, sem perder o fôlego.

Sora então deu um chute meia lua acertando os dois rostos e as jogando os corpos longe, acertando os contra as arvores. Reira foi a primeira se levantar e ajudou Ruka.

As meninas então partiram pro segundo turno, dessa vez chutando e socando enquanto giravam em alta velocidade torno de Sora. Apesar disso, a mestra ainda continuava a demonstrar habilidade muito superior as alunas.

—Elevem o cosmos de vocês! - as garotas se afastaram e se concentraram para elevar o cosmos.

Mas não obtiveram resultado. Ruka partiu com uma rasteira, Sora saltou, Reira foi atrás da mestra para acerta-la no ar, Reira deu um soco. Pegou de raspão e acertou uma arvore. Sora agora estava atrás de Reira.

— Muito bem meninas. O treinamento hoje foi muito bom e tivemos alguns avanços. - Sora sentira um cosmo surgir em Reira, a garota de tranças, mas nada ainda em Ruka. - Me acompanhem, vou mostrar uma surpresa para vocês.

Esperou que se reerguessem.

Elas desceram o monte, o sol já se punha no mar Egeu. Entraram por trás do Palácio real e cruzaram o pátio, onde amazonas corriam de um lado para o outro, eram escribas, contadoras, fiscais e funcionárias da limpeza, que carregavam baldes e varriam o pátio.

Depois seguiram passando pelo descampado, onde soldadas realizavam diversos treinamentos, carregando pesos, simulando lutas e correndo.

Ao chegar na cidade, viram mulheres mais velhas cuidando das hortas, algumas carregando vigas e arrumando um telhado. Eram mulheres que já haviam cumprido seu serviço militar. Sora, sempre cumprimentava alguma conhecida, parecia ser bem querida pelas demais amazonas.

Nas ruas e vielas da cidade, muitas comerciantes, feirantes e artesãs, que deixavam suas oficinas abertas para a boa ventilação. Era uma cidade viva, que terminava mais um dia de expediente.

Sora, Ruka e Reira então chegaram na praça onde um grupo de meninas saiam de uma escola. Reira e Ruka estudavam também pela manhã, e treinavam a tarde com Sora. A mestra então se encaminhou para oficina de armaduras.

Uma senhora baixa, de cabelos grisalhos sincelava uma manopla vermelha. Ao ver Sora ela sorriu e parou e recebeu as três.

—Vieram ver a armadura? Está lá no fundo!

—Com licença. - Sora guiou as meninas para o fundo da oficinas. Várias armaduras que nunca tinham saído da oficina estavam lá, algumas em urnas e outras em pedestais.

Mais ao fundo, num quarto com janelas para os fundos da oficina, tinha uma armadura de cor verde em que a forma objeto tinha um pequeno cavalo.

—Essa é a armadura de Equulus. Ela será de uma vocês. Para ganha-la, é preciso se dedicar aos meus treinamentos, todos os dias. Para uma amazona ganhar uma armadura, ela precisa se dedicar aos treinos todos os dias. Foi assim que ganhei minha armadura de Kirin.

As meninas estavam deslumbradas. Os olhos de Reira brilhavam, Ruka no entanto, não parecia impressionada. Sora prosseguiu.

— Por Pallas! - disse Reira.

— Outra coisa, vou precisar me ausentar por uns dias, para realizar uma missão no mundo dos homens, mas quando retornar, ensinarei os primeiros passos para obter o sentido zero. De acordo, meninas?

— Sim, mestra! - disseram em uníssono.

Saint Seiya - Amazonas Parte I: Além do VéuOnde histórias criam vida. Descubra agora