Véu XIV: Geleiras Eternas

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A missa havia terminado e padre Oleg terminava de guardar os objetos sagrados na parte de trás do altar. Naquela igreja de pedra escura, em uma das cidades mais ao norte da Sibéria, duas moças se levantaram dos bancos, após o término do culto religioso e se encaminharam para onde o padre Oleg estava, estavam acompanhadas de uma criança que já andava. Esses visitantes vestiam roupas velhas e pesadas, destoando das demais vestimentas das mulheres daquela vila.

A mais alta, Natássia, com o pequeno menino na segurando barra da veste, Hyoga, a mais baixa Tove carregava uma urna, com a armadura de Lynx. Se aproximaram do padre e acenaram.

Oleg era já um senhor de idade, alto, dos olhos claros e voz doce. Usava óculos para os olhos que liam demais e se movia com lentidão de quem já viveu demais.

— Ah sim, vocês duas. Vocês tem certeza que querem entrar naquele navio? Só vai ter homens lá.

— Sim, senhor. Precisamos encontrar um amigo que mora mais ao norte. - Natássia era observada pelo pequeno que não .

— Mais ao norte aqui só existem as Geleiras Eternas. - O padre olhou para as duas mulheres, que pareciam ter nascido nessa mesma vila, apesar das roupas esquisitas. Elas tinham apreensão no olhar. Natássia ajeitou o menino no embrulho de lençóis.

O velho padre logo percebeu que elas queriam encontrar com um dos homens que moram por lá.

Desde muito pequeno escuto falar de homens nas Geleiras Eternas, esses guerreiros, nunca são daqui, vem de toda parte do mundo para treinar desde muito jovens. Enfim, Natássia, não lembro de ter conhecido seu pai ou sua mãe, mas me lembro do seu avô. Vocês chegaram nesta vila quando este menino ainda nem andava, vejam só! E se mostraram fiéis ao nosso senhor Jesus Cristo. Por isso resolvi te ajudar, falei com o capitão do navio que irá zarpar daqui a pouco, ele concordou em levar vocês duas. - Muito além de pregações em latim, era isso que Natássia veio saber neste local. - Tens certeza que esse é desejo, senhora Natássia?

— Sim, padre.

— Pois bem, tenham uma boa viagem. Cuidem do pequeno Hyoga. E aqui uma pequena ajuda minha. - Padre Oleg então entregou um punhado de notas, que Tove recebeu e agradeceu.

— Vamos partir irmã? - Perguntou a irmã mais velha. A mais nova concordou com um movimento de cabeça

— Muito obrigado por tudo Padre. - As duas se viraram, o velho padre voltou a organizar as coisas da missa mais cedo.

Já era a noitinha quando, após todo o trabalho de varrer a igreja, antes de fechar a porta do templo, Padre Oleg percebeu que tinha alguém lá dentro. Virou e viu uma mulher, que suas vistas cansadas deduziram ser Natássia, graças ao mesmo porte físico.

— Natássia, querida, perdeu o navio? - Perguntou o velho.

 — Onde está Natássia, velho? - a voz não era da mulher loira que andava para cima e para baixo com o pequeno Hyoga.

— Oh... Natássia? - O padre sentiu perigo. - Não sei de quem está falando.

Sem que ele compreendesse a velocidade do que aconteceu, Oleg fora erguido no ar pela gola.

— Responda: Onde está Natássia? - Urrou a mulher.

— Por Deus, eu não sei ... - Antes que o velho terminasse de falar, seu corpo foi perfurado diversas vezes por um longo objeto perfurante, a porta, que estava atrás foi manchada com todo o sangue do velho Oleg. Seu corpo foi deixado ali, na poça do próprio sangue, sem vida.

A amazona fechou a porta da igreja. Do alto da escadaria que descia para a cidade, viu um porto, para onde se encaminhou.

Já no navio, Natássia se aproximou de Tove, que observava as geleiras cada vez mais próximas, da amurada da embarcação. Hyoga e a armadura de Lynx estavam em uma cabine reservada para as irmãs. O pequeno dormia.

— Ele conseguiu dormir? - Perguntou Tove. Natássia que olhava para direção de onde estava o porto de onde vieram, parecia preocupada.

— Irmã, carregastes minha armadura por todo esse tempo. É mais do que na hora de dizer, que essa armadura também é sua. O seu treinamento foi concluído. - Natássia segurava Tove pelos braços.

— Irmã, por que diz isso agora?

— Você não sentiu esse cosmo? - Os olhos de Tove arregalaram.

— Finalmente nos encontraram!? -Tove concluiu.

— Entendeu? A armadura é sua. Se algo acontecer comigo, entregue Hyoga para Fundação Graal.

— Nada vai acontecer com você irmã.

— Tove, esconda seu cosmo, vou tentar distrair quem veio nos matar, volte para a vila e entre em contato com a Fundação Graal.

— Irmã, fique calma - Um estrondo pode ser ouvido do fundo do casco. Uma agitação se deu entre os tripulantes do navio.

— Tove, para a Cabine agora! - Neste momento, Natássia queimou seu cosmos gélido.

— Tove correu para a portinhola que levava as cabines e desceu o lance de escadas. Enquanto isso, no convés Natássia, se preparava para a aproximação de um cosmos violento, quando o convés explodiu, lançando pedaços de tábuas, assim como pedaços de corpos de homens para todos os lados.

Do buraco que se formou, saltou Carlota de Dorado. Uma amazona detestavel, uma assecla de Elis. Seu porte físico era parrudo e pequeno, por vezes confundida com um menino gordo. Uma verruga peluda e asquerosa, saltava de sua bochecha. A armadura de Dorado era de uma cor marrom,com barbatanas espalhadas pelas peças e no braço direito, existia um grande arpão.

— Hehehe, finalmente te encontrei maldita. - Disse Carlota com a voz de grasna.

— Escr*ta! Eu estava esperando alguém a minha altura. - respondeu Natássia.

— Vista sua armadura e prepare-se para morrer.

— Eu vou te mandar para o inferno usando apenas meus dedos. - O cosmo de Natássia, então criou uma pequena camada de gelo no convés do navio.

Carlota deslizou um pouco, mas partiu para o ataque com seu golpe Espada Abissal. O golpe consistia em uma salto seguido de vários socos com o braço com o arpão, nenhum destes atingiu a guerreira do gelo. Natássia desviou tranquilamente e deu apenas um toque, com as pontas dos dedos na adversária. Ao pisar no chão novamente, Carlota, percebeu que estava perdendo os movimentos e se tornou, lentamente, uma esquife de gelo. 

— Isso será suficiente por hora. 

Natássia se virou para portinhola e viu Tove saindo com o pequeno Hyoga, carregando a urna de Lynx. O navio acabou de se partir ao meio e uma parte já estava submersa.

— Depressa, suba naquele bote salva vida, irei alcançar vocês em breve. - Tove então viu alguns homens sobreviventes preparando o bote.

— E você? Você está bem?

— Sim, preciso ajudar os homens que estão preso lá embaixo.

— Irmã, venha conosco!

— Cuide de Hyoga e faça o que digo. - Disse calmamente Natássia, como despedida beijou seu filho na testa.

Tove com urgência subiu no bote carregando seu sobrinho. Quando o bote já estava um tanto distante do navio, Tove notou que Natássia andava caminhando no convés do barco que ficara para trás. Natássia foi atingida pelos golpes de Carlota e fingira estar tudo bem.

Quando de repente, Tove viu Natássia ser atingida por um golpe por trás. Era Carlota que saiu da esquife de gelo. Ainda, com o que lhe restava de vida, Natássia lançou seu golpe Carruagem de Gelo, que perfurou Carlota e jogou seu corpo inanimado ao mar. Tove gritava a plenos pulmões, mas Natássia, afundou junto com o navio.

Saint Seiya - Amazonas Parte I: Além do VéuOnde histórias criam vida. Descubra agora