Véu VIII

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A noite na ilha secreta soprava uma brisa que aliviava o calor do dia. Toda as mulheres da ilha estavam ali, na parte de trás do templo de Hera.

Algumas mulheres vestiam um véu branco de linho que mal cobria seus corpo nus. Estavam todas em fila, prontas para entrar na gruta onde estavam o homens prisioneiros. Era  um festival  conhecido como Noite de Núpcias, onde as amazonas férteis, se apresentavam para ter um momento com os prisioneiros e dessa forma garantir a próxima geração de garotas guerreiras.

Cada mulher segurava um lamparina. Se a fecundação tivesse ocorrido, elas saiam da gruta com a lamparina acesa, caso contrário, apagavam.

Elas não conheciam seus parceiros. Apenas chegavam na cela e faziam o que sabiam para que obtivessem a semente.

Os pobres homens, ficavam dias sem ver a luz do dia e se alimentavam parcamente. Era comum muitos homens não resistirem a noite das Núpcias e saírem mortos. A maioria dos prisioneiros eram pescadores que ficaram a deriva no mar, aventureiros, ou até cavaleiros que se atreveram a investigar a lenda das amazonas. Por exemplo, naquela noite, um senhor de mais idade, saiu carregado na maca e seu corpo foi jogado no mar.

Era uma tragédia violenta para os homens aprisionados, mas uma celebração de grande importância para as amazonas. Tanto que havia feira, com barracas de comida, música e dança ao redor da entrada da gruta.

Na fila, estavam Natássia, Himiko e Atalanta. As sacerdotisas tinham autorização de participar da noite. Alcione cuidava do bebê em casa. Reira e Ruka, observavam tudo ao longe. Estavam um tanto aflitas, esperando notícias de sua mestra Sora, que fora para o mundo dos homens três dias atrás e não havia retornado ainda.

O sentimento de aflição era compartilhado por Himiko e Natássia.

— Atalanta, teve alguma notícia de Sora? - perguntou Natássia.

— Ainda não. Mas não se preocupe, Elis enviou duas amazonas responsáveis para que Sora retornasse bem. - Atalanta pontuou com um sorriso.

Natássia sorriu inocentemente, mas Himiko sabia que ela mentia.

Himiko observou uma garota loira, a frente de Natássia. Suas madeixas estavam trançadas em volta do alto da cabeça, em um penteado que Himiko já tinha visto Natássia usar antes.

— Essa é Tove, minha irmã mais nova. - Apresentou Natássia. - É a primeira Noite de Núpcias dela, ela tá super nervosa.

Tove se virou e deu um tchauzinho com a mão. Himiko abriu a mão e entregou a Tove, uma pequena ânfora.

—É um azeite de ervas para relaxar. Vai facilitar sua primeira noite. - Sorriu Himiko.

— Obrigada! - Tove aceitou de bom grado o presente da sacerdotisa, amiga de sua irmã.

As três adentraram a gruta, somente iluminada pelas lamparidas que carregavam. Ao fim do corredor, haviam quatro portas de madeira, cada amazona se direcionou a uma. Cada uma daquelas portas era uma cela, com um prisioneiro homem. Uma das portas permanecia aberta: era a cela do velho prisioneiro que acabou morrendo naquela noite.

Logo, ouviam-se gemidos de dor e prazer de homens e mulheres. Um incensário emanava um fragrância que dominava a gruta. Tudo ali era pensado para a breve troca de intimidades entre amazonas e prisioneiros. 

As três saíram das portas, cobriram o rosto com o véu e ao sair da gruta, pararam, para que todos pudessem ver se suas lamparinas estavam acesas. Somente a de Tove estava apagada. Em silêncio, beberam um cumbuca com um caldo quente e gorduroso, diziam que fazia bem para o pós coito. Assim a noite seguiu, até que a fila de mulheres acabasse.

Saint Seiya - Amazonas Parte I: Além do VéuOnde histórias criam vida. Descubra agora