Véu XVI

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Era um quarto pequeno, nos fundos da oficina de armaduras, a luz da manhã entrava por uma janelinha que dava para o mar. Uma neblina estranha pairava sobre a cidade. Todas ali sabiam o significado daquela bruma, mas não comentavam nada entre si. Neste quartinho, se encontravam as quatro Feras Celestiais, Safo e uma de suas filhas, e dona Hipátia, a escultora de armaduras e dona da oficina. Todas em volta da rainha Hipólita, que dormia serena em uma pequena cama. Exceto por Safo, que não tinha uma armadura e dona Hipátia que já estava aposentada dos treinos, todas vestiam suas armaduras. O clima na cidade era bem tenso.

— Pobre rainha. - Dizia a dona da oficina, já com cabelos brancos.

— Se não fosse por Himiko ela estaria morta agora. - Comentou Safo.

— O mais estranho é que ela suspeitava que Atalanta fosse fazer algo. Por isso ela me chamou para ir para seu quarto. - Disse a jovem sacerdotisa.

— Nem de Elis eu esperaria algo assim. Antes de morrer, a mestra Teona me disse, que não conseguiriam matar a rainha e acho que era disso que ela estava falando. - disse Sora. Todas ali trocaram olhares.

— Não sei se todas vocês sabem, mas a armadura de Crux estava possuída por um demônio ou algo assim, que eu tentei exorcizar sozinha, mas não consegui, acredito que o demônio passou para Atalanta de alguma forma. - Informou Himiko.

— Essa história de a armadura de Crux é amaldiçoada é muita antiga. - disse dona Hipátia.

— Existe chance da rainha sair desse coma? - Perguntou Alcione.

— Eu não sei, amiga. Quando recebi meu treinamento minha mestra Teona ensinou esse golpe para Atalanta, mas depois, quando Atalanta e Elis ficaram amigas, me confessou que se arrependia de ter ensinado. O golpe Êxtase Fatal deixa a pessoa louca e a coloca em um transe que só termina quando a vítima suicida. Teona nunca me ensinou como deter esse golpe. No entanto, me ensinou Comunhão da Floresta, um golpe que também mexe na mente da vítima e a coloca em uma ilusão, então ela fica sob meu comando. No entanto, a rainha não me responde, mas... Foi a única solução que pensei na hora...

—Parece que foi a melhor solução. - Disse Sora.

— Quem irá governar a ilha agora, mãe? - Perguntou Rose, a filha de Safo.

— Nós não sabemos. Segundo a regra, a rainha sempre terá de ser escolhida por meio disputa entre as mulheres que já tiveram filhas. - Informou Safo.

Nesse momento, ouviu-se barulhos vindo do lado de fora, em direção a praça onde funcionava o mercado. Parecia uma briga. Logo ouviram-se gritos, alguém gritava por Sora. Era Ruka,  logo reconheceu a amazona de Kirin. Sua espinha gelou, pois ouvia tristeza e raiva na voz de Ruka. Algo deve ter acontecido com Reira.

— Parece uma briga. Vamos lá fora!- saiu em disparada Alcione.

Safo e Sora olharam para dona Hipátia. Que respondeu ao olhar.

— Deixem a rainha comigo, aqui ela estará segura.

— Rose, fique aqui e cuide da rainha, qualquer coisa me avise. - Disse Safo.

— Sim, mamãe. - Disse a amazona-mensageira de Grus.

E logo todas saíram, só deixando dona Hipátia e Rose no leito de Hipólita.

Saint Seiya - Amazonas Parte I: Além do VéuOnde histórias criam vida. Descubra agora