Véu III

71 5 5
                                    

Toda as moradoras da ilha estavam reunidas em um descampado com vista para o mar, no topo de um penhasco. Ao centro, a pira mortuária com o corpo da sacerdotisa Teona. Sua armadura, da constelação de Carina estava próxima, coberta por um véu preto. 

A rainha, sua filha, a escriba e as sacerdotisas estavam mais próximas da pira, por serem amigas da falecida Teona, enquanto toda as mulheres estavam mais atrás, em um semicírculo.

Elis percorreu toda a multidão com o olhar buscando por Sora. A colega de treino estava vestindo uma armadura vermelha que não conhecia. De alguma forma, ver Sora vestindo uma armadura deixou Elis confusa. 

Atalanta, por ser a mais velha entre as discípulas, acendeu a pira mortuária - tal como manda a tradição amazona -  e voltou para o lado de Himiko, que a abraçou.

Após a magnífica pira de morte da sacerdotisa Teona ter queimado Elis, vestindo sua armadura de Crux, se aproximou de Sora.

Sora conversava com suas amigas e infância, Natássia e Alcione, que pareciam não se ver a muito tempo.

— Por que não veio e ficou do meu lado - Elis disse bruscamente. Sora se virou e fez reverência a general, junto com as amigas com quem conversava.

— Mil perdões, senhora. Passei o dia inteiro com as novas discípulas da nossa mestra Diotima. - Disse Sora que agora exercia um papel de mestra iniciante.

—É isso que tem feito? Ajudando nossa mestra Diotima? Correto. Foi ela quem deu essa armadura para você? - Perguntou Elis olhando Sora de cima para baixo.

— Sim, senhora.

— Sora acabou de dizer que era a armadura da mestra de Diotima. Não é maravilhosa? - disse Natássia sorrindo, no entanto Elis não sorriu de volta.

Elis sentiu uma pontada forte de inveja. Uma aprendiz que recebe uma armadura de sua mestra é um demonstração de carinho e confiança, uma das maiores honras entre as amazonas.

Um vento frio soprou naquela noite. Alcione e Natássia cruzaram os olhares. Um cosmo diferente emanava de Elis. Sora também sentiu, mas estava intrigada e encarava a colega de treinamento de frente. Receiosa de que algo pudesse acontecer, Alcione colocou a mão no ombro de Sora.

— Vamos beber colega, para comemorar a armadura de Sora, quer vir Elis? - perguntou Alcione.

— Como general, não posso beber. - respondeu Elis.

— Eu sei. É uma pena, até mais. - Disse Alcione puxando Sora e Natássia.

xxx

 Após a evidente exclusão das colegas de Sora, Elis caminha só pela praia a noite, observava como as ruínas das estátuas da deusa pareciam placidas, com a sabedoria que só a imortalidade de milênios poderia lhes dar.

Por coincidência, na cabeça de um desses colossos, que parecia ser Ártemis, Atalanta estava sentada e encolhida. Elis se aproximou com um salto silencioso.

— Vamos para a cidade? Himiko deve estar te esperando. - Elis estendeu a mão.

— Sim, me perdoe, general. Precisei de um tempo para pensar no que fazer agora que minha mestra se foi. - Atalanta se levantou.

— Não se preocupe, pequena amazona. Sua mestra já cumpriu seu dever aqui na terra. Agora saiba que pode sempre contar comigo. Podemos vir aqui caminhar todas as noites se isso lhe faz bem, pequena amazona.

— Bom saber disso general Elis. Muito obrigada. - Atalanta estava corada, apesar da noite não permitir que Elis notasse.

— Um novo tempo está para começar nesta ilha. Tudo agora será diferente. -Elis pegou na mão de Atalanta e as duas começaram a andar.

Saint Seiya - Amazonas Parte I: Além do VéuOnde histórias criam vida. Descubra agora