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Stella
Esqueço do mundo por uma fração de segundo. Enquanto me agarro em Lucas, sinto a adrenalina percorrer meu corpo, estou repleta dela. Sinto o frenesi circular por minhas veias, causando um arrepio em meu pescoço. Atravessamos a margem direita do Sena, observo os pedestres caminhando no calçadão. Esse trecho inclui outros pontos turísticos de Paris, aos quais nunca fui adepta. Coisas clichês demais para mim. Após passarmos pelo Museu do Louvre, até a saída do túnel Enrique 4°, próximo à Praça da Bastilha, relembrando quanto adorava ir lá quando criança, só para contemplar o monumento.
— Para onde você quer ir? — Grita ele por causa do barulho do tráfego.
Saímos tão rápido que esqueci de perguntar, achei que ele realmente soubesse para onde estava me levando. Como sou tola. Fui consumida tão rapidamente pelos meus sentimentos imprudentes que subi na moto, e nem ao menos avisei ao meu pai. Penso em algum lugar onde possamos ir sem sermos observados, algum lugar calmo o suficiente para que possamos ficar a sós, mas com pessoas por perto para eu não me sentir totalmente envergonhada.
— Podemos ir ao parque — Sugiro, minha voz se tornando um sussurro diante da brisa ao nosso redor.
Sem uma rota definida, Lucas nos guia até o Parc de Belleville, um lugar tranquilo, longe do bulício das ruas.
Meus braços começam a suar e deslizar pela jaqueta dele, tento me ajeitar, falho, e sem querer meu braço encosta no dele. Sinto nossas peles entrarem em contato e meu estômago roncar. Aos poucos, ele vai parando a moto e a estaciona próxima à mureta.
Descemos as escadas até o gramado, onde não há muita gente. Ao longe, vejo famílias, pais com seus filhos, idosos com seus acompanhantes. Muitos jovens preferem ir ao Parque Place de Vosges, uma das mais bonitas e antigas praças de Paris, sentimental demais para a minha pessoa.
Sentamo-nos em um banco de madeira, observando as luzes da cidade dançarem sobre as águas do Sena. A tarde está calma, e o silêncio é quebrado apenas pelo farfalhar suave das folhas das árvores acima de nós.
— Você costuma vir muito aqui? — Pergunta ele.
Ao mesmo tempo, só consigo pensar na nossa proximidade, em nós. Em como ele é um bom amigo, somos bons amigos, amigos, somos amigos.
— Eu costumava vir aqui quando era criança, e logo após quando comecei a estudar no Saint Marie. Meu pai não gosta muito de andar por esse lado da cidade — Respondo com uma pontada de saudade e nostalgia.
— Sabe, nunca tinha vindo aqui dessa forma antes. É muito mais bonito do que eu imaginava. — Ele diz, olhando ao redor com admiração genuína.
— Eu também costumava vir aqui quando era mais nova. Às vezes, sentava-me aqui com meu pai e apenas observava as pessoas passarem. É um lugar especial para mim. — Admito, sentindo um nó na garganta ao pensar nas memórias que aquele parque evoca. — Além disso, essa vista vale a pena.
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E se a chuva cair?
RomanceUm romance de fim de semana, para dias quentes, dias frios, e principalmente chuvosos, e de preferência acompanhado por um café quentinho. Um conto sobre dois jovens da cidade de Paris, Stella e Lucas, tão próximos e ao mesmo tempo tão distante, no...