Stella
Nunca ninguém me conheceu tão bem quanto Lucas me conhece, até mesmo a parte de mim que eu escondo, a parte de mim que nem eu mesma conheço, ele desbrava e desvenda. Como uma nova terra sendo descoberta, minha mente se adepta a todos os seus pensamentos, e mesmo a frase mais incoerente cria sentido, criamos juntos um universo nosso, mesmo que me sinta obscura, mais perdida na penumbra da terra e ele viesse como o seu me cobrisse com sua luz, meus pensamentos esquecem que sentem medo, e eu esqueço que me sinto um nada, como se flutuasse no galáxia e me encontro em seus pensamentos. "Você consegue me completar mais do que já me senti a vida inteira" foram as minhas palavras. Ele é como um eclipse solar que cobre totalmente a minha terra, mas não sou terrena, sou sombra, sou livre, sou vida.
Depois da sua ligação, reflito para tentar digerir tudo que ele me disse, parece tudo tão perfeito e inacreditável, é tão conveniente que a família dele tenha um chateau, mas é claro, como não teriam? ricos como ele são, sinto me tola, não quero me aproveitar das condições de Lucas, sinto que ele já faz tanto por mim, e com os problemas que tivemos com a Universidade. Evito pensar besteiras, mas as paranoias já fazem parte de mim, é inevitável, quando percebo já criei um monte de problemas que só existem na minha cabeça, preciso conseguir, pelo Lucas, pela minha sanidade mental. Saio para tentar falar com o meu pai, ele está sentado na poltrona na sala, sento-me no sofá, próxima à ele.
—Pai?! —Digo receosa.
—Oi filha, eu estava aqui e acabei pegando o seu livro para ler, muito bom ele. —Disse ele, mostrando o livro "Ilusões perdida (A comédia humana)" de Honoré de Balzac, tenho que parar de deixar meus livros por toda a casa lembro-me.
—Sem problemas pai, eu preciso falar com o senhor.
—Que foi querida? Você tá com uma cara, tá bem? —Pergunta ele, fechando o livro e o pondo na escrivaninha.
—Relaxa, tá tudo bem sim. —Respondo e sorrio para ele, tentando aliviar a tensão do momento, dou uma pause e continuo. —Não sei se o senhor sabe, mas o aniversário do Lucas é daqui há alguns dias.
—Ah que bom para ele!
—Nossa pai! Só isso?
—O que você quer que eu fale? Ele tá querendo me convidar para ir comer bolo?
Olho para e ele também está sorrindo, um sorriso lindo, amo o ver desta forma, sorridente, fazendo piada, fazendo o que ama, o amo tanto, é nesses momentos que enxergo o quão belo ele é, de todas as formas, ele ainda é jovem e está em forma, é um artista e tão inteligente. Queria que pudesse ser feliz no amor novamente, se apaixonar e sentir sua alma levitar.
—Qual é! Sabe bem o que eu quero dizer mocinho. —Digo encarando-o. —Lucas quer me levar, bom... para sair.
—Para sair? Mas vocês saem sempre. —Responde ele.
—Uma saída de dois dias, tipo uma viagem... COF COF!!! —Dou uma tossidinha fake e elevo a mão a boca, abafando o som das minhas últimas palavras.
—É uma saída ou uma viagem Stella? —Indaga ele.
—Aí pai, sabe como é, um poucos dos dois.
—Não! Eu não sei, pode me explicar, por favor!
—É uma viagem... —Sussurro.
—O que? —Pergunta novamente.
—Uma viagem! —Grito, sem querer, sem imaginar o quão alto e estridente sairia minha voz.
—Agora sim pude entender com clareza. —Disse ele.
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E se a chuva cair?
RomanceUm romance de fim de semana, para dias quentes, dias frios, e principalmente chuvosos, e de preferência acompanhado por um café quentinho. Um conto sobre dois jovens da cidade de Paris, Stella e Lucas, tão próximos e ao mesmo tempo tão distante, no...