InvernoMal podemos perceber o tanto de coisa que o inverno traz consigo, além da chuva, a neve e seus ventos frios. Paris foi feita para dias frios e enebriados, como se um dia de chuva deixasse Paris ainda mais bela e a tornasse ainda mais apaixonante, apenas turistas e pessoas que tem medo de serem tocados(as) por um sentimento maior do que se é possível imaginar se escondem da chuva. O começo do inverno é como a anunciação do fim e do começo de um no ano, pode ser a chance de viver uma nova história ou dar a continuação para uma antiga, talvez não antiga, você terá mais três meses até descobrir. Nunca se sabe o que uma neblina pode significar.
As vezes, quando uma gota de água cai, é apenas uma gota de água caindo, não importa o lugar em que você esteja, com quem esteja, porque as vezes os acontecimentos são insignificantes, a menos é claro que não seja. Pode ser, que quando uma gota de água caia, ela mude tudo o que há pela frente, apagando tudo o que aconteceu no passado, como a neve que cai e depois seca, como se jamais houvesse existido.
Se sem chover as nossas vidas, nossas almas e até mesmo nossos corações já são frios, imagina chovendo, ventando e nevando, só resta de nós ter outro coração, outra alma para nos acalentar, outra vida para partilhar. Que o inverno seja frio, que chova, que amem, amém!
Stella
A volta para casa é como um pouso de um pássaro, que estava tão alto sobre as nuvens que quando paira no chão fica tonto e sente um impacto inesperado. Foi dessa forma que me senti, mesmo sentindo uma saudade e um desejo de permanecer nos braços de Lucas, sentia uma saudade ainda maior do meu pai, da nossa casa e dos meus livros, era bom e aconchegante sentir o cheiro forte da tinta novamente, como se eles enchessem meu pulmão de energia e destreza. Aconcheguei-me nos braços do meu pai, enquanto ele me volteava e dizia:
—Nunca mais! Nunca mais Stella, quanto tempo, você não avisa, Lucas não avisa nada, ninguém fala nada e seu velho pai morre de preocupação aqui. Nunca mais pense nisso, entendeu?
Admito que morri de ri, é bom vê-lo ter tanta preocupação comigo.
—Senti saudades também Senhor René, eu avisei que lá não havia sinal.
Contei para ele de forma —bastante— censurada como foi nossa viagem, como tudo era lindo e mais parecia um sonho de tão perfeito, estava tão feliz. Na verdade, feliz é até eufemismo.
Termino meus afazeres e me sento, tento escrever todas as palavras que embaralharam o estômago e ensombreceram minha mente. Queria ser como Hemingway "Escrever não é nada demais. Só que eu faço é me sentar à máquina de escrever e sangrar." queria que fosse simples assim, mas nada que eu escrevo parece ser bom, não para mim, sou uma farsa.
Certa vez, disseram-me que a vida era um compilado de experiências, eu certamente, acredito que seja, mas na época, era boba demais para acreditar em tamanha verdade, achava que o que mais importava era os sonhos, as paixões e o amor. Crendo nisso, adentrei no mundo da imaginação, onde o que mais importava era minha opinião, mesmo que fossem apenas achismos.
Só quando acaba o ensino médio, podemos perceber o quanto desperdiçamos, três anos, os mais intensos de nossas vidas. Apaixonei-me com tamanha devassidão, rápido demais para tamanha juventude, sem saber o quão frágil era aquele sentimento inóspito. Machuquei-me, como era de se esperar, de algo sem o menor preparo. Logo no começo dos três anos que eram para ser os mais bem vividos, mas que não foram, porque a dor se alastrou, foi uma hospedeira inesperada que me trancou ou que trancou a menina cheia de intensidade que desejava a verdade e a felicidade que era ser jovem. Nada nunca é o suficiente e não foi, não aproveitei os estudos, também não aproveitei as vivências, aproveitei a solidão, as crises e os choros, não fui o que deveria ter sido, jovem, por medo, por não saber que aqueles anos passavam-se rápido demais, tão rápido que não conseguir sentir nem metade do que eles me proporcionavam, me enchi de esperanças mal supridas, eu sei que aprendi, aprendi com tudo o que não vivi.
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E se a chuva cair?
RomanceUm romance de fim de semana, para dias quentes, dias frios, e principalmente chuvosos, e de preferência acompanhado por um café quentinho. Um conto sobre dois jovens da cidade de Paris, Stella e Lucas, tão próximos e ao mesmo tempo tão distante, no...