Vou para a casa de Adam. Conto tudo enquanto jogamos videogame, desde a proposta de emprego fora, a faculdade de Stella, a briga com meu pai, até o "tempo" que ela pediu. No começo ele levou na zoação, disse que foi a maior mancada eu não ter aceitado, que a segunda melhor coisa depois de viajar, é viajar fazendo o que se gosta, no meu caso é ainda mais compreensível. Contudo, também deu a maior força quando falei do meu pai, e é isso que mais gosto nele, a compreensão e o apoio, acho que estava precisando disso.— O que diabos é Ross e Rachel? — Indagou apertando o controle de forma excessiva.
— São personagens de um sitcom americano dos anos 90 — Explico a ele.
— Sabe cara, acho que você foi precipitado com esse lance de querer que a Stella estudasse na mesma facul que você, avisei a você no outono, eu sou seu amigo, mas você as vezes pode ser um pé no saco — Disse mordendo um sanduíche que estava lá desde que cheguei.
— Não é só isso, ela realmente tava estranha, distante de mim, quase não a reconheci.
— Tá vendo? Pé no sacoooo! — Grita ele e nós rimos.
— É sério Adam! Eu a amo, nunca havia me apaixonado assim antes.
— Saquei isso, conheço você mais da metade da minha vida, conheço o cheiro do seu chulé, sei seus maiores segredos e também sei que, se precisar de alguém para desovar um corpo...
— Você pode ligar para o Max — Respondo.
— Continua sendo um otário, o que posso fazer se você é o meu melhor amigo? Deixa a garota respirar um pouco e aproveita pra respirar também, vocês namoram há o quê? Quase um ano e são excessivamente apaixonados — Exprime fazendo uma careta.
— Eu sei o que significa o seu "respirar" — Antes mesmo de conseguir terminar minha frase ele grita mais uma vez.
— Vamo encher a cara!
— Nem pensar — Retruco.
— Então você vai ser o motorista da vez, vai se arrumar e daqui a uma hora saímos para buscar o Max.
— Você tá zoando? — Indago e franzo a testa.
— Não, partiu Moulin Rouge! — Expôs jogando o controle no sofá em que estávamos sentado — Vamos no meu carro e de lá você que dirige.
Dou de ombros e deixo a relutância de lado. Há tempos que não saio com eles ou com eles e sem meninas, sem namoradas ou em busca delas, apenas bons amigos.
Stella
Pego o metrô e sento-me ao fundo, afundando minha cabeça na janela e permitindo-me sentir, toda a confusão e aflição.
— Eu...nem olhei para trás...nem olhei para ele — Digo a mim mesma em voz alta e abafada.
Dessa vez não retenho as lágrimas, deixo cair, uma por uma, como se as tivesse libertando, deixando que elas sejam ofuscadas pelo insigne calor do sol, não mais tão caloroso, sendo coberto pela frieza do inverno, assim como o meu coração estava sendo coberto de angústia. Havia dito que o amava, disse e nem tive tempo e processar, refletir sobre o meu feito. Não sabia como havia conseguido, no entanto, consegui, vencer minhas amarras e dizer as três palavras que tanto me assustam, que me afligem, a única infelicidade é que Lucas não havia escutado, não soubera que finalmente libertei-me.
Fui dizer logo em um momento como esse, ter a certeza, gostaria de ligar agora para ele e dizer-lhe, entretanto, não conseguia, ainda era inacreditável. A melhor coisa é aproveitar esse momento distante, colocar todos os pensamentos que açoitavam-me, ordenados.
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E se a chuva cair?
RomanceUm romance de fim de semana, para dias quentes, dias frios, e principalmente chuvosos, e de preferência acompanhado por um café quentinho. Um conto sobre dois jovens da cidade de Paris, Stella e Lucas, tão próximos e ao mesmo tempo tão distante, no...