No dia seguinte, a casa está silenciosa, Lucas parece calmo, entretanto, seu estado ainda está lastimável.
Acordo com a lembrança de um sonho, as imagens ainda estão nubladas na minha mente, assim como a noite passada, porém meu peito dói, ao pensar nas duas coisas. Sinto as lágrimas escorrerem, abrasando minha face. Continuo de olhos fechados, com a mente obscura, no entanto as imagens são tão claras, sinto meus pelos arrepiarem-se ao recordá-las cruamente.
— Stella...? — Ecoa a voz de Lucas na minha nuca. Sinto o toque de sua mão no meu ombro e meu corpo se contorce, aperto meus olhos com força, tentando parar de chorar. — O que você tem amor, você tá chorando?
Respiro fundo e viro-me para cima, sem encará-lo, olhando o teto cristalino, sentindo a mão dele percorrer o meu braço nu.
— Não...não é nada... — Respondo sentindo-me sufocada.
— Teve um pesadelo? — Perguntou. Sua voz era serena, seu toque macio, totalmente distinto do seu eu da noite anterior.
— Foi apenas um sonho, na verdade, um sonho muito bom... — Respondo e meu corpo volta a estremecer. Ao fitar seu rosto, tão bonito, seus cabelos bagunçados, seus olhos profundos, me acalmo e afundo naquele olhar.
— E qual é o problema?
— Não é real, nada daquilo é real.
— Você e eu. Nós somos reais. — Respondeu amansando-me, beijando a minha testa com seus lábios calorosos.
Após um tempo tentando me recompor, levanto da cama, o quarto estava uma bagunça, como jamais vira antes. Lucas é o primeiro a tomar banho, vou logo depois, não consigo afastar o sentimento de angústia do meu peito, como se estivesse ancorado lá. Ainda enrolada na toalha, passo a mão no espelho tirando o excesso de vapor, deixando que meu reflexo aparecesse, como uma mancha, fitava minha face sem que conseguisse me reconhecer ali, quando foi que me transformei nessa mulher tão depressa? Quando foi que me transformei nisso?
Não sinto meu coração bater, não sinto meu coração mexer, não se enche, não se abre, não se abre, não sinto nada.
— Seja forte, você é forte, então apenas sorria! — Disse para o espectro em minha frente, inspirei e expirei, até que ouvi uma batida na porta — Já estou indo.
Quando retornei para o quarto, não havia ninguém, me troquei e desci. Observava a enorme mansão, tão cheia e simultaneamente, tão vazia. Lucas estava na varanda dos fundos, a mesma que nos sentamos na noite anterior, na mesma em que ele mentiu para mim quando disse que não havia nada. Escondeu tudo isso de mim, todo este tempo, as inseguranças me preenchem novamente, entretanto, é assim que funciona comigo, ele escondeu, mentiu para mim e agora...não sei como confiar ou no quê.
— Achei você... — Disse ao adentrar o cômodo, sentando ao lado dele.
Sua camisa branca estava levemente amassada, a calça jeans amarrotada, pior até mesmo do que no dia do chateau, aquele dia ainda estava vivo em minha lembrança como brasa.
— Eu...não queria ver meu pai e...não queria que a minha mãe me visse nesse estado...é deplorável, ainda me sinto tão envergonhado.
— E deveria mesmo, mas para a sua sorte, ela saiu e deixou um recado na geladeira — Conto de forma sincera.
Ele eleva as mãos ao rosto, esfregando sua testa e bagunçando novamente seu cabelo, toco seu ombro, mesmo zangada, não gosto de vê-lo tão atormentado. Nunca o vi tão aflito, normalmente essa parte da relação fica comigo, o drama e os males. Lucas sempre foi sinônimo de ânimo para mim e não aflição.
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E se a chuva cair?
RomanceUm romance de fim de semana, para dias quentes, dias frios, e principalmente chuvosos, e de preferência acompanhado por um café quentinho. Um conto sobre dois jovens da cidade de Paris, Stella e Lucas, tão próximos e ao mesmo tempo tão distante, no...