20 de dezembro, domingo – 12:02AM
Encolho-me mais no banco e encaro a janela, observando as luzes lá fora enquanto avião desce cada vez mais.
Estou cansada.
Meu corpo ainda está dolorido e piorou por ficar tanto tempo encolhida nesse banco, mas não é a única coisa que me causa dor. Sinto-me quebrada por dentro, por algum motivo estou quebrada e tudo parece doer.
Sequer consigo dormir.
Sempre que fecho meus olhos Jamie está lá, gritando e pedindo que eu não vá... e eu fui.
Respiro fundo e me remexo no banco para conseguir esticar as pernas, o cinto me incomoda, e meu único desejo é tirar isso e sair desse maldito avião!
— Você está me deixando louco — Stephan murmura de repente e eu encolho os ombros. — Por Deus! Katie! Me fale o que está acontecendo. O que há de errado, querida?
— Está doendo, aqui — aponto para o meu peito e ele franze o cenho. — Os gritos dele não saem da minha cabeça e é como eu me senti quando você se foi... quebrada.
Seus ombros caem lentamente e seus olhos são tomados por dor, a minha dor, e não há nada que ele possa dizer sobre isso, então ele se cala, até parecendo envergonhado, mas eu não entendo o motivo da sua vergonha, pois ela não deveria existir.
Isso não é sua culpa.
Acho que não há culpados para a dor que estou sentindo, mas ainda a sinto e não sei como manda-la embora... apenas dói.
O avião pousa minutos mais tarde e eu observo pela janela que Marco já está aqui, então começo a sentir a estranha necessidade de receber um dos seus abraços, mesmo estando tão irritada com ele; só quero que ele me abrace.
Tiro meu cinto e me levanto, assim como Stephan, mas enquanto ele fica pegando suas malas, eu saio do avião e caminho em direção a Marco. Seu cenho se franze e ele me encara com preocupação, mas sem dizer nada estende os seus braços e eu vou, encolhida, pequena e deixando todo o choro sair.
— Tudo bem, querida — ele sussurra apertando-me. — Está tudo bem.
Ele sequer sabe o motivo da minha dor, mas está aqui, me consolando e mesmo assim não para de doer. Tudo o que eu menos quero é parecer uma garotinha que não pode controlar o que sente, mas está doendo de uma forma que eu nunca senti antes e eu estou chorando, como se fosse uma garotinha e eu não me importo, não se isso fizer a doer ir.
É a única coisa que quero.
⊱⋅ ✿ ⋅⊰
25 de dezembro, sexta-feira – 09:37PM
Encolho-me no sofá um pouco irritado com todo o barulho que há pela casa. As crianças estão correndo e os adultos estão conversando sobre qualquer outra que eu não dou atenção. Sei que não foi educado da minha parte, mas quase não falei com nenhum deles e, por mais que esse tenha sido um natal tão especial por Stephan estar aqui... eu ainda não me sinto feliz.
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A Vida (Quase) Perfeita de Katie Williams
Любовные романы"As marcas do passado não irão sumir, mas não podem definir quem você quer ser" Ser abandonada e crescer em um orfanato, por alguns anos, pareceu ser a pior coisa para Katie, mas ela estava disposta a mudar isso e não se tornar a garotinha que foi a...