17. Emissária do Destino

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Acordei me sentindo um pouco sonolenta, mas logo entrei em estado de alerta ao ver que o quarto onde eu estava decididamente não era o meu. Ainda estava com as mesmas roupas do dia anterior e me sentei na cama, lembrando do que aconteceu na noite passada quando desmaiei.

Saí do quarto procurando por alguém, mas o corredor estava completamente vazio. Chegando perto da escadaria, cruzei com Seto e seu olhar era um misto de alívio e preocupação.

- Como se sente?

- Melhor, eu acho. O que aconteceu depois que eu desmaiei?

- Te levei para o hospital e conseguiram te reanimar. Você teve uma parada cardíaca.

- Faz tanto tempo desde que isso aconteceu pela última vez...

- Já aconteceu antes?

Assenti. Acho que não havia motivos para esconder essa história dele, visto que sua preocupação não poderia piorar.

- Essas dores sempre foram frequentes quando eu era criança. Quase toda a semana eu ia para o hospital por causa das frequentes paradas. Os médicos nunca encontraram nada de anormal, a não ser uma cicatriz estranha tanto na minha pele quanto no próprio coração. No entanto, à medida que fui crescendo os problemas diminuíram até que imaginei terem desaparecido.

- Entendo. Me disseram que essa cicatriz só pode ter sido feita por uma flecha.

- Uma flecha?

- Também achei loucura, mas eles me garantiram que é o único objeto que deixaria marcas compatíveis com as que você tem. Como era tarde, achei melhor que você ficasse aqui, pelo menos não estaria sozinha caso algo acontecesse, mas acho que é melhor descansar em um lugar onde se sinta confortável, certo?

- Estou bem, Seto. Só preciso ir para casa tomar um banho e logo estarei na empresa.

- De jeito nenhum. A senhorita vai descansar quer queria, quer não. Se eu ver um fio de cabelo seu na corporação por hoje vou lhe fazer assinar uma advertência, entendeu?

- Acho que não me resta escolha, então.

Seto me deu um abraço apertado e repetidos beijos na minha testa e nas têmporas.

- Não me entenda mal. – ele disse, beijando minha testa pela milésima vez – Só estou preocupado com a sua condição. Sabe, o susto que eu levei ontem foi o suficiente para me fazer ver que sua companhia é mais importante do que imaginei.

- Não quero que isso atrapalhe você, Seto.

- Não vai atrapalhar de jeito nenhum. Só estou cuidando do que é precioso para mim.

Ele me deixou na porta de casa antes de ir para a corporação. No portão, Téa e Yugi estavam montando guarda, esperando minha chegada.

- Então foi por isso que você não estava em casa, hein?

- Não comece a ter ideias, Gardner. – Seto respondeu, me ajudando a descer do carro – Mas já que estão aqui, acho que posso confiar Luka a vocês.

- O que aconteceu para você ficar tão preocupado, Kaiba?

- Ela teve uma parada cardíaca ontem. - Eu tentei impedi-lo de contar, mas não tive tempo.

- E pensar que achamos que você tinha se curado, Luka... – Yugi me olhou com certa piedade, o que eu não gostava muito – Pode confiar em nós, Kaiba. Ela vai ficar bem.

- Assim espero.

- Não é bem assim que meu Colar do Milênio me mostrou. – uma mulher com roupas parecidas com as que se usavam no Antigo Egito apareceu.

- O que está fazendo aqui, Ishizu?

- O Colar me disse para vir avisá-los do que o destino reserva para esta jovem. – ela apontou para mim, fazendo Kaiba trincar os músculos do maxilar.

- Se for começar com a sua ladainha de destino é melhor ir embora daqui, Ishizu.

- Hostil como sempre, não é? Mesmo assim vou dizer o que precisam saber: Luka é a reencarnação de Kisara, sua amada da época em que você era o Alto Sacerdote, Kaiba. No passado, Kisara morreu para te salvar e acabou levando um golpe de flecha no seu lugar e isso trouxe consequências para a realidade atual.

- Será que isso é... – para mim fazia algum sentido. Afinal, bem ou mal eu acreditava que essa história de reencarnação poderia ser possível.

- Não dê ouvidos a ela, Luka. – Seto me levou para dentro de casa – Ishizu faz questão de continuar com essas baboseiras sem sentido sobre o Egito.

- Você diz isso porque não quer aceitar a verdade, Kaiba. – Ishizu respondeu, nos acompanhando com o olhar – É possível ver seu apego de longe e a ideia de perdê-la é demais para suportar, eu entendo.

Querido Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora