7. Mãos à obra

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- Obrigada, senhor Kaiba.

- Acho que você pode me chamar apenas de Seto de agora em diante. Vamos indo, antes que arrumem algum pretexto para que eu cancele meu almoço.

Mokuba o seguiu, mas parou de repente, olhando para mim.

- O que está fazendo parada aí? Vai acabar ficando para trás.

- Eu não quero atrapalhar...

- Deixe de cerimônias e vamos logo! – o Kaiba mais novo disse, me puxando pela mão - Estou com tanta fome que posso comer o disco de duelo do Seto em segundos!

- Nem tente fazer uma coisa dessas, Mokuba. – Seto respondeu.

- Só estou brincando, irmão.

Eu me sentia completamente desconfortável por ir ao restaurante com eles outra vez. Entretanto, aquilo não parecia incomodá-los, uma vez que ambos conversavam naturalmente mesmo na minha presença e vez ou outra pediam minha opinião para isso ou aquilo.

Enquanto almoçávamos tranquilamente, alguém para na nossa mesa.

- Garoto Kaiba! Menino Mokuba! Que surpresa vê-los por aqui. Achei que os presidentes da corporação não tinham tempo de almoçar.

- Se não se importa, se eu quisesse gente para me tirar a paz teria ficado na empresa.

- Sempre mal humorado... – o homem de roupas vermelhas e cabelos brancos finalmente pousou o olhar sobre mim – Olha só, que bela jovem temos por aqui. Como se chama?

- Luka Kamisawa.

- Meu nome é Maximillion Pegasus. Imagino que seja companheira de um dos dois... Não, o Menino Mokuba é jovem demais... Então com certeza você conquistou o Garoto Kaiba.

- Chega de tolices, Pegasus. – Kaiba interferiu – Ela é apenas a nova estagiária da empresa.

- E desde quando você convida estagiários para almoçar, Kaiba?

- Desde quando me dá vontade. Mas acho que não devo explicações disso para alguém como você, então passar bem, Pegasus.

- Pobre menina... – Pegasus disse, antes de se afastar da mesa – Não sei como consegue suportar tamanha grosseria.

Os irmãos reviraram os olhos. Aparentemente, uma situação daquelas era mais do que comum. Nenhum de nós tocou no assunto e continuamos com o silêncio absoluto até o final, quando Mokuba começou a conversar comigo a respeito da minha faculdade. Voltando para a empresa, fiquei sabendo que teria minhas coisas remanejadas para a sala da presidência, uma vez que Seto tinha o costume de supervisionar pessoalmente o desenvolvimento dos projetos até que estivessem prontos para a devida produção.

- Não se deixe intimidar por estar aqui, Luka. – me surpreendi ao ouvir o Kaiba me chamando pelo primeiro nome quando fomos para a sala dele – Apenas esqueça de mim e faça o que precisa ser feito.

Por sorte, estaria em um canto afastado dele. A mesa era enorme e tinha absolutamente tudo que eu fosse precisar. Enquanto eu arrumava minhas coisas, meu celular tocou. Era um e-mail desmarcando minha segunda aula.

- Senhor Kaiba? – definitivamente não tinha coragem de chama-lo pelo primeiro nome.

- Já disse para não me chamar assim.

- Desculpe. Seto, se importa se eu fizer algumas horas extras?

- E você não tem aula daqui a algumas horas?

- Não mais, foi desmarcada. Pensei em aproveitar para trabalhar melhor no projeto.

- Faça como quiser, mas lembre-se de não ultrapassar sua carga horária de 30 horas semanais.

Ele voltou aos seus afazeres e eu me concentrei no primeiro e mais importante detalhe: o modelo de como o disco seria. Desenhei três rascunhos iniciais antes de finalmente chegar ao resultado que eu queria, mas a melhor parte era que realmente eles pensavam em tudo. Em uma das gavetas havia um estojo de madeira com lápis coloridos novos em folha. Não me demorei para usá-los e não escondi um pequeno sorriso de satisfação quando terminei. No entanto, dependia da aprovação de certo alguém.

- Seto?

- Sim?

- Acabei de terminar a ideia do modelo do novo disco de duelo, mas no fim desenhei em duas cores.

- Vamos ver o que temos aí.

Entreguei as duas folhas com os desenhos finalizados, mas em cores diferentes. O primeiro era preto e azul claro, já o segundo branco e vermelho. Seto chamou Mokuba pelo interfone e o mesmo apareceu quase que imediatamente para olhar os modelos.

- Se te conheço bem, só você terá a versão em azul e preto, né Seto?

- Justamente por isso te chamei aqui. Pensei em disponibilizar para o mercado apenas a segunda versão.

- Não vejo problema nenhum.

- Ótimo.

Entraram no acordo e me devolveram os desenhos. Só então percebi que, descuidadamente, o azul que usei no projeto tinha o mesmo tom dos olhos do Seto. Mokuba se despediu, pois já tinha terminado seu horário, enquanto Kaiba e eu permanecemos na sala, cada qual cuidando de seus afazeres. Comecei a fazer a relação do necessário para começarmos a dar andamento nas coisas e também o planejamento do software novo para o disco.

Querido Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora