18. Visões

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- Vou confiar em vocês dois. – Seto respondeu, ignorando Ishizu e falando com meus amigos – Se deixarem aquela louca encher a cabeça da Luka com essa besteira de destino e Antigo Egito, garanto que se arrependerão.

Ele se foi, bem como nossa visita inesperada. Fui tomar meu banho enquanto os dois se dispuseram a fazer o almoço apesar da minha insistência para que não se incomodassem em cuidar de nada por mim. Conversamos como há muito tempo não fazíamos até que Mokuba apareceu para uma visita rápida antes de ir à escola para ver como eu estava e também para agradecer pela ajuda nos estudos.

Curiosamente, me senti um pouco mais cansada do que o normal e decidi tirar um cochilo. Abraçada ao casaco do Seto, adormecei rapidamente.

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- Seto!

Devo ter gritado mais do que imaginei, pois vi meus amigos de prontidão na porta do quarto.

- Tudo bem, Luka?

- Foi só um sonho, desculpe por alarmá-los.

- Tem certeza? – Yugi perguntou – Quando você gritou o nome do Kaiba, Atem ficou agitado dentro do Enigma.

- Sei lá. Foi estranho, devo admitir... Era como se tudo fosse mais antigo, inclusive o Seto estava vestido de uma maneira bem diferente, lembrava uma espécie de sacerdote. Além disso, eu também usava um vestido simples da época e meus cabelos eram... Brancos. Completamente brancos. Um homem ia atirar uma flecha e sem pensar me coloquei na frente do Seto. A flecha perfurou meu coração e a última coisa que vi foram as lágrimas se formando no rosto dele.

- Algo me diz que tem algo a ver com o que a Ishizu falou. Pode ser uma lembrança ou qualquer coisa do tipo. Pode até fazer sentido com uma das visões que o Kaiba teve certa vez.

- Ele já teve esse tipo de coisa?

- Sim. Uma visão do tipo uma garota desacordada nos braços dele. Enfim, maiores detalhes só ele pode dizer, mas duvido que você consiga algo dele quanto a esse tipo de assunto.

- Deve ser só porque isso que a Ishizu me disse está fresco na minha memória. É só uma coincidência.

Acordei pouco depois do café da tarde, mas sem fome alguma. Troquei algumas mensagens com o Seto ao longo do início da noite. Jantei com Yugi e Téa e assistimos um filme qualquer. Há tempos não tinha um tempo com meus amigos assim e imaginei que nunca mais passaríamos tanto tempo juntos. O cansaço me dominou novamente e fui me deitar. Confesso que me sentia uma preguiçosa por dormir tanto, mas acho que desde aquela parada eu realmente precisava descansar mais do que nunca.

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Durante a madrugada senti sede e decidi pegar um copo d'água na cozinha, mas paro na sala ao ver uma coisa completamente incomum: Seto estava deitado em um sofá e Mokuba em outro. Não imaginei que eles iriam se dispor a tal coisa. Voltei para o quarto e peguei dois cobertores do meu guarda-roupa e coloquei sobre os dois com cuidado para não acordá-los desnecessariamente.

Não tinha ideia de que horas eram, só sei que senti alguém beijando meu rosto com todo cuidado. Reclamei um pouco antes de acordar realmente e dar de cara com Seto sentado na cama ao meu lado, me observando.

- Bom dia.

- Você não deveria me pegar de surpresa assim, Seto.

- E por que não?

- Não quero que me veja com a cara amassada e completamente despenteada.

- Não tem importância.

Ele se virou na direção da minha mesa de cabeceira e então vi que tinha uma bandeja bem montada de café da manhã esperando por mim.

- Você é um doce. Não precisava de nada disso.

- Isso é porque você merece.

- Vou ficar mal-acostumada.

- A intenção é essa.

Particularmente, estava um pouco surpresa pelos dotes culinários dele. Não eram dignos de um chefe de cozinha, mas com certeza chegava a ser melhor do que eu, fato impressionante por estarmos falando do CEO da Corporação Kaiba. Mokuba veio até o meu quarto também e acabei tomando café na companhia dos dois enquanto conversávamos.

- Yugi me disse que você teve uma visão ontem.

- É verdade.

Contei para Seto os detalhes da melhor maneira que pude e vi seu rosto assumir a expressão de surpresa por segundos antes de voltar ao ceticismo usual.

- Também já tive esse tipo de visão, mas eu carregava uma mulher com as mesmas descrições do seu sonho. Algo me dizia que ela estava morta.

- Você acha que pode ter alguma ligação?

- Não fique presa a essas bobagens, com certeza não é nada demais. Esqueça tudo isso que Ishizu disse, ela não passa de uma fraude. – ele olhou para o relógio e me deu um beijo na testa – Mokuba e eu precisamos ir. Te vejo na empresa em uma hora.

Fiquei com meus pensamentos e divagações. Não poderia ser coincidência, afinal. Instintivamente olhei para meu precioso pingente do Dragão Branco de Olhos Azuis que estava sobre o despertador e tive o estranho sentimento de que deveria, apesar de Seto não apreciar a ideia, encontrar Ishizu para saber mais a respeito de tudo isso. As coisas se encaixavam bem demais para ser um sonho aleatório e o fato de que Atem ficou inquieto era um pretexto bom o bastante para saber que com certeza havia algo a mais.

Querido Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora