21. O vestido do milagre

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Mandei uma mensagem pra Téa, que respondeu no mesmo instante aceitando nos acompanhar para a maratona de compras. Em menos de meia hora ela chegou em casa, animada.

- Quem diria, hein? Se eu te conheço bem tenho certeza de que você está surtando por dentro, mas não deve ser de animação.

- Pois acertou em cheio. Não consigo me imaginar no meio de um evento de alta classe e ainda como acompanhante do tão influente e famoso Seto Kaiba. É demais para mim.

- Pois chega de ficar se colocando para baixo, Luka! Se o Kaiba está confiante de te apresentar oficialmente como namorada dele, então isso significa que ele tem orgulho de você, independente de suas origens ou aparência.

- Acho que você tem razão, afinal.

Ficamos de bobeira até nossa carona aparecer em casa. Enquanto nos encaminhávamos até o carro dele, Téa tentava esconder a emoção de entrar em uma limusine pela primeira vez.

- Tente não nos fazer passar vergonha, Gardner. – Seto respondeu, passando um braço sobre meus ombros – Estaremos em lojas que pessoas refinadas frequentam, entendeu?

- Está insinuando que sou criança e não sei me comportar?

- Ainda bem que não precisei desenhar.

Ela resmungou qualquer coisa enquanto o carro começava a andar, nos levando até uma parte que eu sequer sonhava em passar do centro da cidade. O motorista parou e nós três descemos. Assim que entramos numa das lojas, uma vendedora com roupas alinhadíssimas veio correndo na nossa direção quando viu meu namorado.

- Não precisa se preocupar em nos atender. – ele respondeu, pegando uma xícara do balcão e se servindo com café – Apenas guie-as para a sessão de roupas para um jantar e deixe que elas escolham à vontade.

- Sim, senhor Kaiba. Por favor, me sigam.

- Vou ficar por aqui. – Seto se sentou em uma das cadeiras para apreciar sua bebida – Me chamem caso encontrem algo que você tenha gostado, Luka.

Téa e eu seguimos a vendedora e tal qual não foi minha decepção ao ver que a sessão era dominada por... Vestidos, principalmente daqueles que chegavam até os joelhos, mais ou menos. Minha amiga decifrou minha expressão em segundos, como era de se esperar.

- Vamos lá, Luka. Tem que ter alguma coisa aqui que você goste. – ela começou a mexer nas araras, pegando alguns modelos e me mostrando – O que acha desses?

- Sinto muito, Téa.

- Tudo bem, tem vários por aqui. Mas temos que começar com alguma coisa, assim você vai poder dizer o que prefere ou não.

E não demorou para que pilhas e pilhas de vestidos fossem jogadas sobre mim. Téa fez questão de pegar um de cada tipo que estava mais próximo para que eu experimentasse. Resultado: fiquei sabe-se lá quanto tempo dentro do provador para no fim não gostar de nenhum e ainda ter que explicar minuciosamente por que estava recusando todos os sete primeiros da lista. A vendedora acabou ajudando e fui mais massacrada com novas hordas de vestido sem ter a mais remota ideia de que horas eram.

Os resultados foram previsíveis: nenhum modelo me agradou e não, eu não estava recusando de propósito. Sempre tive essa coisa na hora de comprar roupas. Téa estava quase se dando por vencida até que a vendedora encontrou um modelo bom o suficiente para agradar meus olhos à primeira vista. Era preto - infelizmente curto -, com renda na parte superior e peplum. Não tinha nenhuma estampa ou detalhes chamativos, confesso ter achado simpático.

- Eu conheço essa cara... Você gostou desse, né?

- Vamos ver depois de provar.

- O que diabos está acontecendo aí? – Seto finalmente deu as caras na sessão, surpreso – Quase três horas e meia dentro de uma loja é bastante tempo, não? Já me vi obrigado a contar quantos clientes passaram por aqui para me distrair.

- Todos foram reprovados. – Téa respondeu – O que resta é esse vestido para nos salvar.

Entrei no provador com um longo suspiro enquanto experimentava o último da loja toda. Me olhei no espelho e admito ter gostado. Chegava até um pouco acima dos joelhos, como imaginei, mas talvez fosse um preço a pagar. O restante, por outro lado, estava muito bem.

- Conseguimos, Téa. – disse, enquanto abria a porta para mostrar o resultado.

- E não é que ficou melhor do que todos os outros? – a vendedora foi a primeira a falar e minha amiga apenas concordou animadamente.

- Mais perfeito impossível. – Seto disse, com um meio sorriso – Vou me lembrar de não tirar os olhos de você por nada. Não quero outros inferiores te olhando mais do que um segundo.

- Olha o ciúme dele...

- Não somos amigos para você falar desse jeito comigo, Gardner. Vamos, temos outras etapas para seguir, certo?

- É mesmo. Luka, vamos para seu pior pesadelo.

- Se você me aparecer com um salto que tenha mais do que dez centímetros vou jogá-lo na sua cabeça, Téa. – resmunguei do lado de dentro do provador enquanto colocava minhas roupas originais.

Querido Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora