Querido Olhos Azuis

13. Defesas ao chão

Finalmente o sábado chegou e admito estar uma pilha de nervos. Seto mandou uma mensagem para confirmar nosso encontro logo pela manhã e então comecei a preparar minhas roupas. Por sorte estava frio, o que significava que usar o casaco que ganhei certamente era uma opção.

Faltavam dez minutos para as seis horas e já estava pronta. Fiz o máximo que pude para prender meu cabelo e acho que consegui alguma coisa satisfatória. Graças às compras com a Téa, admito me sentir a altura para andar por aí com Seto Kaiba.

Às seis em ponto a campainha toca. Era ele, que deu um meio sorriso ao me ver com o casaco. No entanto, ao olhar para o meu cabelo, suas sobrancelhas se uniram por um instante.

- Acho que seu cabelo pode ficar melhor. - Seto começou a tirar os grampos até que meu cabelo ficasse totalmente solto, como de costume – Sim, está ótimo. Vamos?

Concordei. Primeiro decidimos jantar, e era estranho ver apenas nós dois na mesa que geralmente fica nós três. Conversávamos naturalmente sobre assuntos variados, como se fosse nosso costume passeios assim.

Depois, fomos para o teatro e era maravilhoso, nunca tinha visto uma peça - que, ironicamente ou não, era de romance - antes. Seu braço esquerdo deslizou lentamente sobre o encosto da minha cadeira, como que me convidando para me apoiar em seu ombro, o que acabei fazendo. Olhei para ele pelo canto do olho e o peguei me encarando. Ia me afastar, envergonhada, mas Seto me envolveu com um braço, me deixando como estava.

A peça terminou e nos levantamos meio que preguiçosamente do lugar. Admito que nunca me senti tão bem quanto estava agora. Não tocamos a respeito deste assunto, apenas concordamos em dar uma volta pelo parque. Conversamos até chegarmos perto do lago, admirando a paisagem ao redor. Estava tão distraída que voltei à realidade quando senti a mão quente e suave do Kaiba segurando a minha.

- Obrigado por ter aceitado perder um pouco de tempo comigo, Luka.

- Não foi perda de tempo. Na verdade, estou aproveitando muito. E não é só este passeio, mas tudo o que fazemos juntos. É estranho, mas sinto como se fôssemos...

- Antigos amigos. – ele completou.

- Isso mesmo.

- Mas percebi que quero ser algo a mais.

Ele tocou meu rosto com cuidado e só então descobri gostar de seu toque. Nos aproximamos e quando me dei conta nossos lábios já estavam unidos. Me sentia amada e protegida de uma maneira inexplicável.

- Você conseguiu o impossível, Luka. – um genuíno e doce sorriso brincava em seu rosto – Quebrar minhas paredes de gelo não é fácil.

- Para quem é rodeado por gelo, você até que é bem quentinho.

Seu sorriso aumentou e ganhei mais um beijo, até que a chuva começou a cair. Seto tirou seu casaco e o colocou sobre minha cabeça.

- Vai se molhar.

- Não se preocupe comigo.

Voltamos para o carro e então chegou o triste momento de terminar o passeio. Tentei devolver o sobretudo, mas ele o colocou de volta sobre minha cabeça. Me deu mais um beijo e fiquei apoiada nele o caminho todo de volta.

- Senhor Kaiba, chegamos.

Nem percebi que tinha adormecido e Seto fez o mesmo que eu. Descemos da limusine, relutantes em nos deixarmos, mas era necessário. Ele me deu um abraço longo e apertado antes de outro beijo.

- Pode pagar agora, Mokuba!

Fomos interrompidos pelo grito da Téa e o resmungo de outra pessoa, que estavam escondidos atrás de um carro do outro lado da rua. O outro se revelou como senhor Mokuba.

- Achei que você estivesse estudando, Mokuba.

- E estou, Seto. Estudando vocês. Mas não achei que vocês iam se juntar tão cedo.

- Eu disse. – Téa respondeu, sorridente – Tinha certeza que de hoje não passava.

- Vamos indo, antes que me liguem me dizendo que você sumiu, irmãozinho. – Seto me deu um beijo na testa como despedida em seguida.

- Seto, seu casaco.

- Pode ficar com ele. – ele disse, enquanto voltava para o carro.

- Irmãzona! – Mokuba veio correndo me dar um abraço antes de se juntar ao irmão e irem embora.

A Téa surtou e me abraçou também antes de ir embora e contar a novidade para os outros. Quanto a mim, o que me restava era voltar para dentro com um sorriso bobo no rosto enquanto me mantinha envolta pelo casaco e o perfume de Seto Kaiba, meu... Namorado.