The Human

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  O grupo de jovens ria enquanto andavam pela rua bem iluminada da grande capital, contavam piadas sem graça e caminhavam lado a lado mantendo todos o mesmo ritmo com seus passos curtos, eram jovens e não tinham preocupações, portanto, não tinham pressa. Ao longe viram a praça e continuaram andando e conversando algumas coisas fúteis.

    Ao se sentarem no chão de grama perto do poste central, o garoto de olhos castanhos aos poucos foi se encostando em seu melhor amigo em uma tentativa falhada de chamar a atenção do mais velho para si mesmo, estava carente obviamente, e o melhor amigo só lhe deu atenção quando seus dentes afundarem no braço alheio. O mais velho suspirou,  passando o braço na cintura do mais novo e em seguida eles buscaram focar na música que começou a ser tocada.

    O de olhos castanhos examinou toda a praça, parando o olhar em um banco mais afastado que ficava localizado em frente aos jovens sentados em uma rodinha, ele focou seus olhos naquele ponto e todos pensaram que ele estava se concentrando no ritmo e na letra da música que invadia a sua mente, mas o que ele realmente estava vendo era um garoto de cabelos castanhos que estava largado no banco.

     Lhe ocorreu a ideia de ir lá falar com o garoto do banco, mas por algum motivo suas pernas travaram e ele não conseguia se levantar do chão e quem dirá caminhar até onde o garoto estava sem fraquejar, não era uma grande distância, mas ele nem ao menos sentia seus dedos do pé. Ele ficou observando o garoto que em alguns momentos parecia olhar pra ele, até que seus olhares se encontraram e ele teve que se levantar para poder recompor a cabeça. O rapaz no banco então se levantou e abriu um par de asas lindo, brancas tal como a neve e tão grandes  como as de uma águia, porem eram delicadas, ao menos em sua percepção.

   O acastanhado ficou assustado com o que viu e por alguns minutos buscou os olhos fortes da criatura, olhando para ele com um pouco de admiração e isso parecia estar se tornando desconfortável a medida em que o anjo puxava uma flecha e se preparava para atingir qualquer um dos seus amigos. O acastanhado não sabia o que fazer para impedir que o anjo machucasse um deles então continuou o olhando até que a música parou e ele teve que desviar o olhar.

   A corda do violão arrebentou e enquanto ele olhava pra corda o anjo por seu estado de desconforto decidiu ir embora, e enquanto os amigos estavam rindo da situação, ele suspirava aliviado. Talvez porque quando voltou a olhar não havia ninguém perto das árvores o que lhe deixou mais calmo, e talvez porque decidiu pensar que aquilo era só sua imaginação trabalhando de acordo com a música que tocava. Enquanto isso ele aos poucos fechava os olhos e seus amigos voltavam a tocar e cantar, seu melhor amigo puxou uma coberta e os enrolou nela enquanto acompanhava o refrão da música.

   Quando notou que estava enrolado em uma coberta quentinha, Kim Taehyung agradeceu aos céus por ter um melhor amigo tão preocupado igual ao Park Jimin. Taehyung era um dos que costumamos chamar descaradamente de  sonhador porque sempre que começava a pensar demais nas coisas por algum motivo que ele mesmo não entendia, mas agradecia por não entender, começava a imaginar batalhas entre os Anjos Puros e os Anjos Impuros, batalhas onde as asas negras eram tão fortes quanto as brancas e sempre que imaginava essa batalha acabava chorando. Por algum motivo que ele não conhece!

   Taehyung não tinha mãe e pai, e se tinha eles não fazeram questão de tê-lo, ele acreditava que pai e mãe eram as pessoas que se davam de alma e coração para criarem alguém, e no seu caso essas pessoas eram Kim Namjoon e Kim Seokjin, que haviam criado o menino desde que eram adolescentes. Hoje em dia seus pais já não estão em casa quando ele chega dos passeios noturnos com os amigos, mas de alguma forma ele sabe que os dois se preocupavam muito com ele e por isso ele sempre sente como se os dois estivessem andando ao lado do seu corpo. Haviam morrido em um acidente de carro, Taehyung estava dentro do veículo quando tudo aconteceu e já tinha seus dezoito anos quando eles o deixaram para seguir um caminho melhor e mais tranquilo.

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