Wings

The Promisse

    Os olhos do Cupido ainda permaneceram arregalados por um longo período de tempo, coisa que acontecia mais frequentemente do que ele gostaria de admitir, mas dessa vez era diferente. Geralmente Jeon se perdia no tempo e ficava viajando pelos paradigmas que ele mesmo criava em sua mente, dessa vez no entanto ele só conseguia focar em uma coisa, se deveria ou não prometer isso ao Kim. E por incrível que pareça algo aconteceu em sua mente, algo que ele não poderia decifrar, algo que não lhe fez sentido algum, ele simplesmente respondeu sem notar o que estava fazendo, algo tão automático quanto ele próprio.

    —Por quê? Por que quer que eu prometa?—Se surpreendeu com a própria pergunta, suspirando inaudível e esperando que o Kim lhe desse a honra de uma resposta válida e portanto digna o suficiente para lhe convencer de lhe fazer uma promessa.

   —Apenas me prometa!—Pediu o Kim, se ajoelhando na cama onde estavam deitados e olhando Jeon, que em algum momento tinha se levantado e parado de frente a cama, o Kim não era tão sonso como todos diziam, sabia que se quisesse o Cupido lhe prometeria isso, e portanto após se ajoelhar foi até a beiradinha, ficando a frente de Jeon.

   —Eu não posso fazer uma promessa sem saber o motivo Taehyung!—Diz Jungkook sério, sentindo Kim o puxar e ficar passando a pontinha do nariz em seu pescoço, de jeito manhoso.

  —Kookie...por favor!—Pediu baixinho, tinha certeza que o Cupido iria vacilar e iria prometer que lhe amaria, tinha absoluta certeza que o Cupido não iria pensar duas vezes, mas sua certeza fraquejou quando Jeon se afastou.

   —Quando você quiser me contar o motivo e pedir desculpas por tentar me corromper, eu vou aparecer novamente!—Jeon diz com a voz levemente indignada.

   Jungkook não conseguia acreditar que após ignorar ele durante um dia inteiro o Kim havia conseguido ser totalmente desrespeitoso com sua confiança. Havia dito que não conseguia se apaixonar e até onde sabia realmente não conseguia, e se chegasse a conseguir não iria amar ninguém que não conseguisse vê-lo ou ao menos lhe sentir como uma presença física, estava absurdado com o grau de desconfiança que o Kim depositou em si naquele momento. Não sabia que iria precisar prometer isso, e o problema não era esse, o problema era não saber porque a fatídica promessa não poderia ter seu real motivo revelado.

   Kim por outro lado, assim que Jeon saiu, sentiu o peso das coisas que havia dito pra Jungkook. Não era sua intenção falar algo que deixasse Jungkook decepcionado nem tão pouco acabar com a amizade que eles criaram, mas estava com medo de perder a atenção que o Cupido depositava em si, não conseguiria olhar nos olhos de Jungkook se soubesse que ele não lhe amava porque amava outra pessoa, e agora não conseguiria lhe olhar em parte alguma do corpo apenas porque havia sido egoísta e infantil, devia ter confiado em Jeon, mas não conseguiu porque era inseguro demais. Ele tinha que reatar as coisas, tinha que pedir desculpas, e iria fazer isso.

   Pensou por mais de meia hora no que faria pra conseguir o perdão do Cupido, Jeon havia lhe mandado ser sincero e ele iria ser, corria o risco de ser taxado como egoísta por outro além dele —entenda que um auto-julgamento é mais bem visto do que quando outras pessoas lhe taxam daquilo que você se julga ser— e isso estava fora de sua cogitação. Não queria ter que enfrentar a faixada que ele mesmo criará para si próprio vinda de Jungkook, porque sem ao menos ter certeza de que era possível já sabia que estava começando a ter sentimentos pelo Cupido.

  Era uma mistura homogênea, uma batida completa de amor, ódio, felicidade e desejo além do carnal...chegava a poder se comparar com necessidade de tão forte que lhe parecia ser o mix de sentimentos. Se pudesse dar nome ao que sentia naquele momento seria Coquetel de Luxúria, bem regrado ao álcool e com poucas frutas tropicais, essa era a bebida que lhe deixa bêbado sempre que Jeon Jungkook lhe olhava, era como se ingerisse a mais complexa dose e a repetisse mais de cem vezes em um único microssegundo. Não era algo ruim, era algo mais que bom.