The Memories

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      Jungkook era uma criatura magnífica, ninguém nunca teve asas tão lindas quando as dele, ninguém nunca teve a honra de ser tão perfeito quanto ele, ninguém nunca teve a capacidade de ser tão magnífico! Isso até ele puxar o par de asas, naquele momento o ser que antes de contorcia agora estava desacordado, mas a beleza das suas asas não era o que mais impressionava o Cupido, quando ele olhou para a face bem definida de linhas específicas e simétricas ele sentiu algo dentro de si que nunca imaginou poder sentir por algo. O garoto a sua frente era tão belo que Jungkook se perdeu entre seus mundos e teve uma única certeza, havia algo que lhe mandava proteger aquele Anjo Negro, havia algo que Jungkook precisava temer, mas com certeza não era a cor das asas.

   Durante muito tempo Jungkook não entendia o porque de Anjos Negros serem mal vistos, serem mortos ou devolvidos a terra, mas passou a duvidar quando viu aquele par de asas que estava  presente na sua frente, se existia um ainda vivo...existiam mais!

   Aos poucos puxou o corpo devagar, abraçando o mesmo e batendo as asas, indo até a superfície. Não havia indícios de que ele era um Cupido, mas com certeza ele havia feito algo ruim. Jungkook se vestiu rapidamente e pegou novamente o Anjo, levando ele até a caverna que tinha achado na noite anterior, acendeu uma fogueira e colocou o garoto perto dela na intenção de o proteger do frio naquela noite, indo, logo em seguida, se refugiar na beirada do portal de entrada, onde podia ver a lua.

    O acesso para a caverna não era tão simples, ela ficava no Monte e nenhum humano conseguiria chegar lá andando, teriam que escalar mas a altura assustava muitas pessoas, até mesmo as que não tinham medo de altura e eram dotadas de um espírito aventureiro se recusavam a se arriscar tanto, já que não havia guia para subir nas encostas do Monte. Então ele sabia que estavam seguros ali, antes ele não teria medo, mas agora com o garoto dormindo ao lado das chamas flamejantes ele já considerava temer os humanos, porque de uma coisa Jungkook tinha certeza, aquele ser era humano, ou ao menos devia ter sido, pois havia visto ele na praça tendo interações com outros seres humanos, algo de errado estava muito mais errado.

   Olhando para a floresta teve o belo vislumbre de ver várias fogueiras, as pessoas haviam dobrado de quantidade, se não fosse pelo garoto Jungkook estaria lá embaixo trabalhando fielmente em unir casais, mesmo que sua meta já estivesse ultrapassada ele teria que ficar até o dia em que seu prazo vence, e como não queria tirar férias decidiu que seria melhor continuar ali, trabalhando. Quando seus pensamentos o tentaram a descer e ir trabalhar o garoto resmungou ainda com frio e ele teve que decidir entre ir e ficar...e cá entre todos os seres do mundo, não é todo dia que se encontra um Anjo Negro.

   O garoto parecia estar com muito frio, as asas lhe cobriam o corpo mas não parecia ser o suficiente, tanto que ele ainda tremia. Jungkook não sabia porque de tanto sofrimento mas não queria deixar o menino morrendo de frio, ele se levantou e caminhou devagar, olhando seus pés afundando na poeira do chão da caverna, até que sua visão alcançou as pontas das asas cruzadas protegendo o garoto. Devagar Jeon afastou as mesmas e com cuidado colocou o corpo do menino em seu colo, caminhando lentamente até o fundo da caverna e se sentando com ele ali, o abraçando e passando suas asas ao redor dos corpos, aquecendo a si e ao garoto, mesmo que a temperatura não lhe tenha influência.

   Aquilo pareceu ser o suficiente, o garoto parou de tremer e Jeon pode enfim descansar um pouco quando teve a garantia que o outro estava dormindo profundamente, durante a noite sentiu a movimentação do corpo alheio sobre o seu e abriu os olhos rapidamente quando sentiu o menino lhe abraçando, passando o nariz no pescoço do até então Anjo Protetor. Com os olhos escuros abertos, ficou olhando o corpo sobre o seu de uma maneira que lhe pareceu confortável, mas as asas haviam sumido, isso faz Jungkook ficar confuso, devagar o Cupido Branco levou os dedos até as costas alheias e não conseguiu sentir nada, em um ato impensado invadiu a camisa do menino lhe tocando onde as asas deveriam estarem fixadas, mas não havia nada ali. Nem mesmo uma simples e fútil pena.

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