Wings

The Universe In Your Eyes

    Jungkook estava puxando sua flecha, olhando fixamente seu alvo quando a soltou e viu as cores explodindo e se espalhando por todos os lados,  ele e Taehyung faziam um bom trabalho e a praça estava tão colorida que nem mesmo parecia que as pessoas a volta estavam alheias a tudo o que acontecia ao seu redor, dava a sensação de que as pessoas jogavam as cores ao redor delas e se divertiam com isso, quanto na verdade eram apenas suas almas ganhando algo para amar e acreditar até que o fim chegasse, e não muito raramente, até mesmo depois que o fim chegasse.

    As duas meninas riam enquanto conversavam sobre filmes, os dois garotos brigavam de brincadeira enquanto levavam os cachorros para andar, era mais um dia normal, sem nenhuma excessão em seu cotidiano. O dia estava harmonioso e Jungkook gostava disso, o sol brilhava mas não queimava a pele que se arrepiava ao sentir o vento que bagunçava seus cabelos levemente. As árvores estavam começando a parecerem estar em estado mórbido, mas mesmo assim a paisagem coberta de neve ainda lhe atraía como nunca antes, era inverno e as estalactites de gelo desciam pelos galhos e procuravam amparo no chão.

     No banco onde Jungkook estava naquele dia, o dia mais confuso e feliz da sua vida, havia um casal de velhinhos que estavam bem cobertos, conversavam sobre seu passado e enquanto isso um cachorro brincava correndo pela neve, o que deixava o ambiente mais agradável. Jungkook ria quando notou que Taehyung estava distraído enquanto olhava para uma árvore que estava resistindo ao frio, como se este não lhe fizesse nada. Andando devagar até o Cupido Negro, Jungkook percebeu que suas asas estavam mais rígidas, e isso significava que o fim estava mais próximo do que todos especulavam, ele iria mais uma vez?

    Ele sabia de todas as vezes em que ele havia ido, todas as vezes que morreu nos braços de Taehyung e todas as vezes que o viu lhe olhar até que sua vida esvaísse de seu pulmão enquanto sua pulsação parecia nunca ter existido. E ele sempre se entregava a escuridão que parecia lhe chegar cada vez mais rápido, e quando enfim abria os olhos estava em uma nova vida e não se lembrava de ter fechado os olhos e sentindo o beijo singelo na testa, isso era mórbido mas era algo que Jungkook nunca descartou de sua lista.

    Mas ali, olhando para a árvore que mesmo entre neve e frio ainda tinha algumas poucas folhas foi que percebeu todo o seu erro. Jungkook ia em seu próprio destino sem resistir, e quando chegava nele se entregava e lhe dava tudo o que era preciso, mas dessa vez ele não iria desistir, iria se esforçar para manter a chama de seu coração acesa e quente enquanto Taehyung fazia o que havia de ser feito, e se precisasse Jungkook mesmo faria o necessário para nunca mais ter que se afastar de seu destino, Taehyung não era só algo que ele amava, era algo que ele era obrigado a amar.

   —Minhas asas estão duras...eu preciso ir pro cemitério agora se eu quiser chegar lá antes do anoitecer!—Diz baixo, abraçando o corpo de Taehyung e sentindo as asas se fecharem em seu corpo, elas estavam congelando, como deviam fazer para mostrar que não eram mais tão fortes.—Vou passar no Jimin, deixar as coisas lá e ir para minha lápide, eu te amo, mesmo depois do por do sol!

   —Eu também te amo, mesmo depois de milhares de anos e fim do sol....para toda a minha existência!—Taehyung diz, sentindo Jungkook se afastar de seu corpo mas não olhando o menor, apenas abriu as asas e começou a voar na direção do Rio Han.

     As penas de Taehyung estavam mais fortes, porém não o suficiente para voar rápido demais contra a corrente de ar frio, quando estava voando olhou para o céu e viu todas as cores que imaginava existir em Jungkook, a circunferência no céu deixava claro que o dia estava tomando rumos chuvosos mas não era algo que faria muita diferença para ele, depois estaria tudo acabado de qualquer maneira, então ele só precisava cortar o mal pela raiz.

    Olhou para baixo e viu as pequenas pessoas passando de um lado ao outro, sentiria falta disso com toda a certeza que possuía mas não estava disposto a esperar mais nada, estavam a muito tempo nisso e tinham que fazer essa história parar de se repetir em um luppinga infinito e enjoativo. Então assim que aterrissou sobre o gelo sorriu como se nada estivesse errado, sorriu como se estivesse feliz e assim que viu o amigo sorriu para ele, indo até o mesmo e o abraçando de maneira carinhosa, logo voltando para a beirada do rio.