Capítulo 22

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Mariana estava adormecida no leito

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Mariana estava adormecida no leito. O rosto moreno agora com uma coloração amarelada. As lágrimas escorrendo do meu rosto. Raiva percorrendo minhas terminações nervosas ao imaginar que existe alguém lá fora que quer ferir-la, ainda mais, eu não sei.

Ela estava grávida e sei que nem desconfiava, isso com toda certeza seria algo que ela comentaria. Meu Deus! Suspiro querendo colocá-la em um potinho e deixar lá, longe de tudo que possa fazer mal. Eu quase sair pronta para caçar o "atropelador", mas, lembrei que isso era impossível para alguém como eu e continuei sentada, velando sua inconciência.

Serperteei o olhar pelo quarto branco e assustador, lugares assim me dão calafrios, me recorda os dias que passei em hospitais quase desfalecendo devido a anemia. Ainda estou puta e incrédula pelo fato de ficar sabendo hoje quando na verdade minha prima está aqui desde ontem a tarde, a fatalidade aconteceu após ela chegar da rodoviária.

Já cansada de ficar dentro desse lugar ouvindo o barulho agonizante no soro, me ponho de pé e caminho para a saída, olhar Mari assim me faz pensar em coisas violentas e eu não quero. Abro a porta pronta para respirar um pouco. Deixando escapar uma exclamação de susto ao ver Vinícius prestes a entrar, contudo ele não se assusta, permanece do mesmo jeito que o encontrei assim que cheguei; aéreo e abatido.

— Como ela está? — quer saber. Soltando um suspiro ao olhar para dentro.

— Com certeza muito mal. — Seguro as lágrimas, desviando o olhar  — Um bebê... Ela ao menos sabia que iria ser mãe,  e ainda tem esse maníaco que a atropelou a solta, eu estou querendo ser racional e não agir feito uma louca. Passamos por situações dolorosas no passado Vinícius e você não sabe o quanto nos amamos a ponto de fazer loucuras, é família. — Suspiro profundamente cega pela raiva — Eu preciso de sair desse quarto.

Ele grunhe.

— Eu vou pegar o desgraçado, nem que para isso eu precise caminhar no inferno, mas o que ele fez não ficará impune.

Fecha as mãos em punho, os nós dos dedos se tornando esbranquicados. A ira refletida em seus olhos me faz sentir confiança e satisfação.

— Faça isso Vinícius. Eu não sou a favor da violência mas faça quem quer que tenha feito isso pagar, — aponto em direção a cama ao mesmo tempo que as lágrimas descem de raiva — era o seu filho. E é a sua mulher.

Ele olha para ela. Posso ver um lampejo de arrependimento no olhar escurecido. Vinícius não me diz mais nada, ele entra no quarto e vai até a cama, se acomodando na cadeira ao lado.

Fiquei algum tempo os observando. Mariana inconciênte, ele conversando com ela. As palavras saiam rápidas e eu não pude indentificar já que foi impossível fazer leitura labial.

Voltei para a sala de espera, lá pelo menos tinha ar-condicionado, não era o melhor lugar visto que havia pessoas chorando a perda dos entes e outras se agarrando as fios finos de esperança. Me acomodei na cadeira, fechei os olhos e apoiei a cabeça na parede pensado em tia Aurora, posso garantir que ela mal chegou ao destino. A pedido da minha prima, ela não ficará sabendo o que aconteceu e eu não sei se concordo ou discordo com isso, é difícil.

DEISE © - OGG 2 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora