Capítulo 42

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Deise

Temo que meus pés afundem o chão. Temo sofrer um infarto agora de tanto que meu coração bate acelerado – sou capaz de ouvi-lo ao fechar os olhos.
Minha mãe me encara sem entender nada, percebo pelo seu olhar preocupado que ela está tentada a chamar uma ambulância e nem isso me faz ri.

A magnitude dos acontecimentos ultimamente não tem brincado em serviço. E eu não posso compreender como Anderson pôde fazer uma coisa dessas. Eu quero chorar na mesma proporção que quero gritar, é possível?

— Mas esse na televisão não é aquele homem da foto; o seu namorado? — Ela pergunta, limpando as mãos em um pano e vindo até mim.

Minha mãe segura meus ombros, ela tem essa mania quando quer que alguém se acalme, olha nos meus olhos querendo entender mais, temo não conseguir falar.

Respiro fundo buscando equilíbrio e calma – não quero atropelar as palavras e ter que repetir tudo outra vez.

— É ele sim. —  Olho a tela — O filho da mãe produziu um desenho que eu fiz, ele...

Explico de uma maneira que ela entenda.

— Como assim? Você voltou a desenhar? — O contentamento no seu tom de voz não passa despercebido.

— E parece que ele pegou sem que eu visse e... deu vida. — Sussurro a última parte.

Como pode ter conseguido em duas semanas? É preciso muitas operações e, a não ser que ele tenha trabalhado dia e noite sem dormir, não há outra explicação para isso.

Que loucura!

— Uau. — Murmura, então leva a mão a testa — Um homem chamado Marcelo ligou quando você saiu. — Minha atenção volta para ela — Eu tinha esquecido. Ele deixou um recado para você na caixa de mensagens, perguntei o que era mas ele não quis dizer.

Cerro os olhos.

Olho o celular em cima do sofá e vou até ele. Minhas mãos tremulam e eu preciso inspirar e expirar para obter a calma necessária

Desbloqueio o aparelho, acesso a caixa de mensagens e leio o que tem escrito.

Fui designado a passar esse recado para a senhorita, visto quê o senhor Bragança não tem tido tempo suficiente para isso: Eu quero que fique ciente de uma coisa: se não aparecer nos próximos dias e continuar fugindo como uma menina medrosa eu vou atrás de você não me importa onde, vou pega-lá, trazê-la de volta e não tem ninguém que me impeça. Te dou vinte quatro horas a partir do horário dessa mensagem.

Eu poderia bater o pé e lhe enviar outra, mas a verdade é que eu quero muito vê-lo e essas palavras só me deixou ainda mais acesa. São mais de duas horas e meia de voo até São Paulo, a única coisa a fazer agora é me apressar. Deixá-lo vir aqui também seria uma opção mas chegou a hora de mostrar que eu também o quero.

— Vai tomar banho que eu ponho as roupas na mala.

O celular é retirado dos meus dedos, sou levada até o quarto e, enquanto separo uma roupa vejo se reservo uma passagem que me leve de volta.

Estou tremendo muito quando entro debaixo do chuveiro, todavia vou me acalmando e repetindo o mantra mentalmente: é só o Anderson.
O que na verdade é mentira, não é só Anderson, é todo o conjunto. É o que eu sinto, é a nossa conversa e a urgência em ter seus lábios sobre os meus novamente e ninguém pode me culpar disso. É tudo!

Mais tarde, quando já estou devidamente pronta e com a mala em mãos me jogo nos braços da minha mãe lhe prometendo estar de volta em breve dando-lhe um aviso de que ela vai comigo para São Paulo querendo ou não.

DEISE © - OGG 2 [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora