“Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.”
LUAN
Eu tô de saco cheio desse espanhol dando em cima da Anna o tempo todo!
Eu sei que a gente já tinha se resolvido, eu sei que a gente não tem nada oficial e por isso não posso cobrar nada mas eu sei que a gente tem alguma coisa, então eu tenho o direito de ficar puto, não tenho?!
Ela já me disse que eu não preciso me preocupar, que o tal Bernardo não tá dando em cima dela mas qual é, eu não sou cego porra!
O negócio já tava fechado, pedi pra irmos embora mas ela me pediu pra esperar mais um pouco, que tinha tempo que não via os rapazes… Eu respeitei mas não conseguia disfarçar que tava incomodado, então levantei pra ir no banheiro pra tentar espairecer um pouco.
Eu sei que a Anna é uma mulher que chama a atenção e que ela não se importa com isso por isso eu também nunca me importei mas esse Bernardo realmente é um cara que me incomoda. Mas bom, a noite já tá quase acabando, amanhã esses gringos vão embora e minha paz volta.
Ainda tava puto mas resolvi voltar pra não pegar mal pros negócios. Eu ainda tava voltando quando vi uma cena que preferia que fosse mentira.
É isso mesmo que eu tô vendo? Esse cara tá dando em cima da Anna comigo aqui? E ela tá dando confiança? Ah não!
- QUE PORRA É ESSA? - esbravejei e senti metade do bar me encarando.
Anna, Bernardo e Federico tomaram um susto e ela logo fechou a cara, ela odeia escândalos.
- No, no, no eres lo que pensas… - Bernardo levantou falando vindo até mim e eu quis voar em cima.
- VOCÊ CALA A BOCA! - gritei e Anna interviu.
- PARA DE GRITAR! - esbravejou e essa altura as pessoas no bar já cochichavam entre si.
- Luan, dejame hablar… - Bernardo insistiu.
- ¡Bernardo, todo bien, yo voy a resolver esto! Aprovecha la noche y hablamos por la mañana, ¿sí? - Anna disse e Bernardo só concordou visivelmente incomodado. - E você, lá fora, AGORA! - ordenou pra mim com a cara fechada e saiu na minha frente.
- Que palhaçada foi essa? - perguntou estressada.
- PALHAÇADA? EU É QUE PERGUNTO ANNA! QUE PORRA FOI AQUELA? EU MAL SAÍ E VOCÊ JÁ COMEÇOU A SE JOGAR PRA CIMA DO BERNARDO!
- Abaixa o seu tom pra falar comigo! - ordenou firme apontando o dedo pra mim e eu recuei. - Eu não tava me jogando pra cima de ninguém, você entendeu tudo errado!
- Entendi o que errado? Que toda aquela história de “ele não tá dando em cima de mim” era mentira? Que você queria pegar os dois ao mesmo tempo? É isso??? - perguntei e a essa altura eu mal me controlava pra falar.
- Você tá me ofendendo! - disse tentando me alertar.
- Ah tô? E você acha que me fazer de palhaço não me ofende?
- SE VOCÊ PELO MENOS ME DEIXASSE FALAR! - Ela gritou tentando me fazer ouví-la.
- ENTÃO FALA ANNA! FALA! Vai me explicar que esse é o método que você usa pra conseguir nossos clientes? - questionei rígido e ela deu um passo pra trás visivelmente afetada.
- Que? - perguntou abaixando o tom imediatamente.
“Para Luan, para…” - uma parte de mim dizia mas eu simplesmente não conseguia, as palavras já saiam sem o menor filtro.
- Foi isso mesmo que você ouviu! - respondi. - Sempre toda arrumada, toda maquiada, chamando a atenção de todo mundo, sorrindo o tempo todo…
- Cuidado com o que você fala… - me alertou com a feição já triste.
- Por que? Vai magoar o coração da princesa?
- Palavras ditas não podem ser apagadas… - respondeu e já dava pra notar que ela tava ofendida.
- Então me diz, é assim que consegue tantos clientes? Se vendendo pra eles? - questionei e só senti o lado direito do meu rosto queimar. Sim, ela havia me dado um tapa.
- ME VENDENDO? VOCÊ TÁ INSINUANDO O QUE? OLHA A MERDA QUE VOCÊ TÁ FALANDO! - gritou e eu vi uma lágrima descer pelo rosto dela.
- EU TÔ FALANDO MERDA???? ENTÃO ME DIZ QUE EU TÔ ERRADO! DIZ QUE O QUE EU VI NÃO FOI O BERNARDO SE JOGANDO PRA CIMA DE VOCÊ E VOCÊ CHEIA DE RISINHO PRA ELE!!
- VOCÊ NÃO SABE O QUE ACONTECEU, SEU IMBECIL! - gritou com a voz já embargada.
- VOCÊ TÁ SE COMPORTANDO QUE NEM UMA P…
- ELE É GAY, LUAN! - gritou já chorando e eu paralisei.
GAY????????? Como assim, ele é gay?
- Eu tô tentando te dizer o dia inteiro que não faz o menor sentido você ter ciúme dele… Quer dizer, eu achei que fosse ciúmes porque eu achei que você… Eu podia esperar qualquer coisa de você mas isso?? Por Dio, como eu fui burra! - disse chorando e se afastando de mim.
- Ele é gay???? - questionei ainda desacreditado.
- Você é inacreditável, moleque! - disse soltando o ar e se virando pra ir embora.
- ANNA, ESPERA! EU… - gritei e ela parou se virando pra mim.
- Quer saber, termina de dizer o que tava dizendo! - exclamou com raiva sem conseguir controlar as lagrimas que insistiam em descer - Você ia dizer que eu tô me comportando feito uma puta… não é isso??? - perguntou quase cuspindo as palavras pra cima de mim.
Sua raiva era palpável. Eu não sabia o que dizer. Que merda eu tinha feito!
- Então deixa eu te perguntar… - continuou. - Que diferença isso faria? Se eu tivesse me vendendo pra eles, que diferença isso faria pra você???? - perguntou chorando com a feição mais nervosa que eu já vi.
- Anna, eu…
- Se você vier dizer que tá arrependido do que você falou, eu juro que eu te mato aqui e agora! - me alertou quando tentei me aproximar e ela recuou.
- Eu não sabia… Eu...
- Você ainda não respondeu a minha pergunta, que diferença isso faria? Afinal, eu não sou o tipo de mulher pra namorar, não é?! - disse chorando soltando um sorriso sem humor.
Aquilo me atingiu feito um raio.
Ela ainda se lembrava disso?? Eu disse isso na primeira vez que nós ficamos juntos!
- Achou mesmo que eu não lembraria? Meu Deus, quanto tempo eu perdi com você… - disse passando a mão pelos cabelos.
- Não, não faz isso… - pedi tentando me aproximar.
- Quer saber, esquece.. - disse se virando e indo em direção a uma frota de táxis que estava ali perto.
- Anna… ANNA, ESPERA! - disse correndo até ela tentando segurá-la pelo braço.
- NÃO ENCOSTA EM MIM! - gritou ainda chorando se desvencilhando de mim.
- Eu tava nervoso, eu não queria… - tentei me explicar.
- Eu mandei você tomar cuidado com o que ia dizer! - exclamou me interrompendo. - Como eu pude ser tão burra? - questionou quase sussurrando olhando em meus olhos.
- Me desculpa! Vamo conversar, por favor… - pedi.
- Conversar? Você quer conv... Você tem noção de tudo o que você disse? Eu não quero nem olhar pra você! - disse ríspida quase atropelando as palavras. - Some da minha frente! - exclamou abrindo a porta do táxi e berrando pra o motorista partisse logo, o que foi prontamente feito.
E eu fiquei ali, tentando digerir tudo o que tinha acontecido. Tudo o que eu disse e tudo o que eu ouvi.
Eu estraguei tudo.
Eu perdi a minha garota.
Puta que pariu, o que foi que eu fiz?
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Bulletproof Love - Amor à prova de balas
Fiksi RemajaHerdeira de uma máfia italiana milionária, Anna Giácomo, além de chefe, é a melhor atiradora do seu QG, situado na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro. Após problemas com ataques inimigos, seu pai, Dom Antoni Giácomo, precisa que ela receba 16 homen...