Eu precisava de ar.
Essa é, de longe, a maior ameaça que a gente já sofreu e eu não consigo me sentir segura pra vencer.
Fui para a varanda que dava vista pra piscina e ao me debruçar nela finalmente soltei o ar que prendia desde que saí daquela bendita sala de informática.
- Anna…
- Não, agora não, por favor. - pedi negando com a cabeça, eu estava exausta.
- Eu tava passando e vi você quando saiu da sala... - Luan afirmou se aproximando.
- Eu só preciso de ar, tem muita coisa acontecendo de uma vez só… - respondi baixo olhando pro horizonte.
- Eu conheço você… No que você tá pensando? - perguntou me olhando e eu respirei fundo mais uma vez.
- Em 26 anos da minha vida, eu nunca vi meu pai com medo… E hoje foi a primeira vez que eu vi isso nele quando ele disse que me amava. Ele é a fortaleza desse lugar, é a base de tudo! E se ele tá com medo, então o que é que eu vou fazer? - disse baixo. Eu realmente tava cansada.
- Ninguém esperava que as coisas tomariam esse rumo, talvez seu pai só precise de tempo pra se reestruturar… - ele disse tentando me acalmar.
- O problema é que não existe tempo pra isso e se meu pai cai, eu caio. - respondi finalmente o olhando. - Tem 55 vidas nesse lugar que esperam coisas de mim todos os dias… Eu levei um tiro, eu quase morri e agora eu não faço a menor ideia de por onde recomeçar.. Enquanto isso, o Vincent pensa numa nova forma de atacar a gente de novo e isso não vai parar enquanto alguém não vencer… Então não, a gente não tem tempo pra se reestruturar e meu pai sabe disso. - desabafei respirando fundo e fechando uns olhos por um minuto.
- Hey, vem cá… - disse tentando se aproximar pra um abraço.
- Não! Não, por favor não! - respondi hesitando.
- Anna…
- E-eu tô bem… Sério, sério Luan, tá tudo bem, mas obrigada por se preocupar. - disse por último me afastando de vez e saindo da varanda. - Pedro! - o chamei com pressa ao vê-lo passar e ele veio até mim. - Reúne todo mundo na sala principal! - ordenei e ele só assentiu saindo pra dar o recado.
Definitivamente, abraçar o Luan não era algo que eu precisava agora.
Na verdade, precisava.
Eu sinto falta da segurança que o abraço dele me trazia e eu sei que se ele me abraçasse eu teria a sensação de que tudo vai ficar bem. Mas também sei que eu seria capaz de esquecer absolutamente tudo o que ele tinha feito.
Então, sim, eu precisava desse abraço mas não tenho certeza se queria.
Fui até a cozinha, peguei uma garrafa de vinho e uma taça e voltei pra sala enquanto todo mundo se reunia.
- Bom, todos vocês já sabem o que tá acontecendo e sabem que o que a gente vai enfrentar não é nada fácil. Depois de ontem, eu percebi que talvez a gente não esteja pronto pra enfrentar o Vincent. Por isso eu pensei e decidi que quero que vocês tirem o dia de hoje pra vocês. Eu sei que muitos de vocês não dormiram ou descansaram então façam isso hoje, porque a partir de amanhã... - parei nervosa e dei um gole no meu vinho. - A partir de amanhã a gente não vai parar enquanto não achar esses franceses mas eles também não vão desistir de achar a gente, então é guerra. - disse os encarando e enquanto a tensão se estabelecia no ar eu pude ver o olhar de receio e apreensão no rosto deles. - A partir de amanhã, a gente vai intensificar os treinos de tiro e de luta. Marcos, Pedro, Bianca… Eu vou precisar do máximo de vocês nisso. Bruno e Luan - olhei pra eles - Eu preciso dessa nova chave de codificação pronta pra ontem. Não meçam esforços, não meçam tempo, nada enquanto essa nova chave não estiver pronta, coloquem todo o pessoal possível nisso! Arthur, continue processando os dados do Herrera, eu quero descobrir tudo sobre esse cara. Além de tudo isso, a gente precisa continuar com as vendas e transportes das armas porque é o que nos mantém aqui dentro. Em breve, eu sei que a gente vai precisar sair daqui mas antes eu preciso que tudo esteja seguro, eu não posso arriscar a vida de vocês e nem a segurança da máfia. - disse respirando fundo. Bem, eu acho que eu falei o suficiente… Todo mundo entendeu? - perguntei e eles assentiram. - Ótimo, cês estão dispensados. - disse dando um último gole no meu vinho antes de subir as escadas com a garrafa na mão.
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Bulletproof Love - Amor à prova de balas
Fiksi RemajaHerdeira de uma máfia italiana milionária, Anna Giácomo, além de chefe, é a melhor atiradora do seu QG, situado na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro. Após problemas com ataques inimigos, seu pai, Dom Antoni Giácomo, precisa que ela receba 16 homen...