Green and Blue

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Seus olhos desiguais o perseguiam pelo cômodo. Ele estava começando a ficar impaciente e sua mão latejava. Aquilo precisava ser feito, ele não tinha outra alternativa, nunca houvera uma escolha diferente e as coisas teriam que fluir de acordo com seu curso natural. Ele precisava se agarrar fielmente á isso e acreditar.

—Não acredito que você está fazendo isso comigo! Depois de tudo! Maldito seja você! Seu cretino! —Sua voz tinha se tornado apenas um eco que insistia em martelar no fundo de mente vazia e dolorida.

Estava tão fria aquela noite, talvez ela precisasse de um cobertor para se aquecer. Ele pensou que ela iria gostar disso, mas não importava o que fizesse ela não deixava de ser fria. E nunca respondia ao seu toque, as suas carícias e as suas longas investidas noturnas.

No final o cheiro não era tão desagradável, uma nuance podre estava se tornando doce e dançava em suas narinas dilatadas.

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Ela se trocava enquanto ele terminava de comer um salgadinho que tinha pegado na maquina de doces do motel. A TV estava ligada em um programa sobre financias, em que o tal milionário que Cherry tinha comentado que conhecia estava dando uma entrevista. O sujeito não era de todo desagradável aos olhos. Tinha um nariz adunco, grossas sobrancelhas grisalhas, pequenos olhos castanhos que eram bem juntos. Uma boca fina e um cabelo grisalho penteado para trás. Sua barba era salpicada de tons de cinza. James Rey Furnier coçou o bigode loiro e pensou se esse era o tipo de homem que chamava a atenção da stripper.

—Preciso que você me leve até a mansão dele, paizinho. Tenho algumas coisinhas para resolver com ele. —Ela disse enquanto saia do banheiro com um vestido curto branco. Ele era liso e sem mangas também tinha um zíper dourado nas costas. Era um bom vestido não algo barato, Rey se perguntou a onde a garota o tinha conseguido. —Você está ouvindo o que eu disse? — Ela parou na frente da TV, seu olho esquerdo estava estranho. Irritadiço e vermelho.

—Levar você na casa do velho. Entendi não sou estúpido. Saia da frente que eu estou tentando ver a televisão. —Ele disse sem pestanejar.

Ela coçou o olho esquerdo com a palma da mão e arqueou a sobrancelha.

— Oh paizinho! Você não entende porcaria nenhuma do que essas pessoas estão falando mesmo. Você se importa? — Ela disse se virando e mostrando as costas nuas para ele subir o zíper do vestido.

O zíper vinha do cóccix até a omoplata, era brilhante e dourado, subindo o zíper Rey teve vontade de tirar o vestido dela e a possuir ali no chão. Obviamente não ia fazer isso. Ele era muito covarde para fazer tal coisa.

—Obrigada paizinho. Não se esqueça que depois nós vamos roubar um banco. — Ela se sentou na cama para calçar um par de sapatos de salto brancos que trazia na mala.

—Isso é algum tipo de brincadeira?

A entrevista tinha acabado e outro programa tinha começado a ser transmitido.

—Não, paizinho. Estou falando sério. Precisamos de dinheiro. Não é nada demais, e não é um banco assim tão grande e você deve ter alguma experiência em roubos, não é mesmo? — Ela disse sugestivamente.

Ele não queria falar sobre isso.

—A onde você arrumou esse vestido chique?

—Anton me deu de presente. Ele gosta que eu fique bem vestida quando vou ter com ele. Droga! Isso está me irritando. — Ela disse coçando o olho esquerdo que estava vermelho e lacrimejante. Seus lindos olhos verdes inanimados.

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