Era o final da primavera e o verão estava se aproximando lentamente da estação, como uma estudante tímida que tem vergonha de desabotoar a saia, lentamente o sol se aproximava das planícies para aquecer á todos. O inverno tinha sido excruciante e tornando a vida de todos um pouco mais infeliz, principalmente á sua que estava tão fria por dentro como nunca.
Não havia escolha, no dia antes de sua mãe ir embora ela se ajoelhou e disse para ele ‘’Filho estou indo embora dessa casa, e você deveria fazer o mesmo. Não vai suportar viver aqui junto com o seu pai. Ele é do tipo de homem que sempre precisa de um buraco para poder colocar. Quando perceber que eu não vou voltar, não vai se importar de o primeiro buraco quente que encontrar ser o seu. ‘’ Não havia escolha ele precisava traçar sua vida longe dali.
Ele estava cansado de daquela conversa de sempre, das mesmas ações rotineiras. Simplesmente não tinha vocação para isso, e o que todos aqueles anos havia sido ensinado e tinha cansado de ouvir nos longos seminários é de que se nasce com esse dom, que é uma vocação que cada um tem dentro de si, ou pelo menos aqueles que não tem ainda não desabrocharam totalmente o seu chamado divino, mas um dia eventualmente ele iria ceder. Ele sabia que isso era balela e cada vez tinha mais e mais razão que tudo era um monte de mentiras inventadas por pessoas frustradas para justificar o fato de que nunca iriam dar uma boa trepada. É isso ai camarada, o fim da linha. Você está preso nessa prisão (prisão nem era um bom termo para ser utilizado, afinal na prisão os presos podem fazer sexo não é mesmo?) para o resto da sua vida, e não apenas vida mas por toda a eternidade. Ele não tinha nascido com nenhum chamado e não sentia nada desabrochando dentro de si. A única coisa que crescia cada vez mais e mais dentro de si, era um fogo que ardia e o consumia mais por dentro. Ele não tinha como sair dali, não depois de todo esse tempo e dedicação, mas isso não queria dizer que iria seguir todas as regras á risco. Não! Isso nem morto. Ele até podia ter terminado o seminário, mas ainda estava vivo e acima de tudo, ainda era um homem.
Aleister McDirt estava farto da vida no seminário, tão farto que quando finalmente o terminou pensou em ir á um bar comemorar, ou quem sabe até uma daquelas casas onde algumas moças muito convidativas e simpáticas ficariam encantadas com o seu instrumento de fé. Sabia que não podia fazer isso, pelo menos não na luz do dia na velha Louisiana a onde todos sabiam o que cada um fazia e não podia se dar um peido em paz. Ao invés de fazer o que lhe daria muito mais prazer ele foi presenteado por seu comprometimento e assiduidade nos ensinamentos da fé com uma paróquia para administrar. Não que gostasse do que fazia, Cristo como ele odiava tudo aquilo. Odiava ter que organizar a maldita igreja todos os dias, odiava ter que estudar o que falar todos os domingos para aquelas pessoas medíocres, e acima de tudo odiava ficar trancado naquela cabine infernal (talvez o inferno fosse mais agradável) e ouvindo as lamurias de donas de casa entediadas que bateram nos filhos e chutaram o cachorro e se acharam as piores pecadoras do universo. Na realidade ele não ouvia nem metade das baboseiras que falavam, ele geralmente estava tão embriagado com o vinho da santa ceia que ignorava todas as palavras que vomitavam procurando sua absolvição. Era simples, no final que as pessoas terminavam sua tortura verbal de contar seus pecados, ele lhes oferecia um punhado de orações que os livrariam de todo o fardo em suas costas. Ah se tudo fosse tão simples assim. Se as preces realmente ajudassem alguém.
Padre McDirt (agora ele não podia mais ser chamado de Aleister, isso era pessoal demais) era um homem da fé, honrado e respeitado por sua comunidade de caipiras ignorantes. E talvez o mais peculiar de tudo é que a única força maior em que ele acreditava era aquela que ele tinha dentro das calças. Nada é tão corruptível como mentes vazias e simplórias. Nada é mais contagioso que o mal e isso ele aprendeu com muita facilidade. As pessoas por algum motivo que ele desconhecia confiavam em um homem de batina, acreditavam que ele era amigo intimo de Deus e por isso tinha algum tipo de autoridade, e mesmo quando ele dizia as pobres irmãs desamparadas que a única maneira de se livrarem de seus pecados era se abaixando um pouco, e o tocando delicadamente, sim bem ali e sem usar muito os dentes. As pobres criaturas acreditavam e faziam de bom grado, pois afinal de contas quem iria desobedecer a um padre? O vigário de Deus na terra? Ninguém era louco o suficiente de contrariar O Homem.
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Putrefy
Mystery / ThrillerO mau não é criado, você nasce com ele. Cherry Pie é uma ambiciosa striper com um passado negro e algumas idéias erradas na cabeça, alguns dizem que ela é a personificação de um anjo, outros juram que ela tem um buraco negro no lugar da alma. Quand...