Nossa Ohana! - cap 73

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Murilo

Após uns dias nossos pais chegaram e Aurora já estava bem, ela e Thaís estavam ainda mais próximas, ela perguntou uma vez sobre Vivian, mas não podíamos ser sinceros e contar que ela estava sofrendo porque a perna dela apodreceu, graças à uma ferida que ela não viu e infeccionou, então  provavelmente irião amputar aquela perna, também não podia falar que a vida dela estava por um fio graças à um defeito no coração que os médicos descobriram, provavelmente é um problema de família, ela não sabia, então nunca se cuidou, e isso só se manifestou quando ela saltou com o paraquedas do avião tentando se salvar. O que eu disse a Aurora é que ela estava lutando para sobreviver.

Estávamos nos preparando para voltar para São Paulo já que Noah seria transferido, falando nele, ele ganhou um pouco de peso nesses dias, não foi muito, mas já era alguma coisa, ele ainda corre risco de vida, mas torcemos para ele crescer logo e bem saudável.

Entramos no avião do hospital, todos, até nossos pais, o espaço de Noah já estava arrumado e os aparelhos todos estavam lá, colocaram a incubadora no lugar e cinco enfermeiras sentaram em volta dele.

- Seria muita falta de consideração se eu tomar remédio para dormir? - perguntou Thaís

- Não, se você ainda se sente insegura e está com medo, é melhor tomar. Eu fico de olho em tudo por aqui.

- Então passa a minha bolsa, por favor.

Entreguei a bolsa à ela, ela começou a revirar e tirou uma cartela com comprimidos rosa de lá, olhou para eles e começou a rir.

- O que foi? - perguntei

- Foi esse remédio que eu tomei achando que era anticoncepcional

- Então se estamos aqui hoje, é por culpa dele.

- É sim, e está aqui até hoje.

- Guarda isso aí, é uma relíquia.

- Eu vou é jogar fora, vai que eu confundo de novo, não quero ter outro filho tão cedo.

- É só tomar o remédio certo, não precisa jogar esse.

- Tá bom então, vou guardar pra você não chorar.

Soltei um riso feliz em forma de agradecimento e alguém entrou no avião, olhei para ver quem era, e era um enfermeiro, parecia um pouco nervoso. Ele se aproximou de nós, e eu não entendi.

- Vocês são parentes da Senhora Vivian Coachman?

- Não. - falei

- Mas nós a conhecemos, ela estava com a gente, por quê? - perguntou Thaís

- Lamento ter que lhes informar nessas circunstancias, mas ela veio a óbito.

Olhei para Aurora para ver a reação dela, mas estava dormindo, por sorte.

- Não conseguimos muitas informações sobre ela, então se souberem de algum parente, qualquer coisa já ajuda.

- Vivian não tinha familiares, apenas a irmã que faleceu.

- Como você sabe? - perguntou Thaís

- Ela me contou a vida dela no dia que nos conhecemos.

- Agora temos que pensar em como contar à Aurora.

- Ela ainda é muito pequena pra entender direito, mas ela tem que saber, né?

- Verdade, mas isso - a fala dela foi interrompida por um bocejo. - Nós vemos depois porque o soninho tá vindo.

Ela se aconchegou nos meus braços, com a cabeça no vão no meu pescoço. Af, eu a amo tanto que chega a doer às vezes. Com ela tão perto assim de mim, observo seus detalhes, a respiração calma e pesada, as curvas do rosto. Distribuo vários beijos e cheiros na bochecha, lábios, nos olhos e ela resmunga. Sono sagrado. Dou risada pela birra dela, quando percebo que a mãe dela está me olhando com uma cara de boba, e eu estranho porque nunca a vi assim, mas ela gesticula com os lábios "só estou admirando o amor de vocês. É lindo.", poxa, essa pegou de surpresa porque nós sempre fomos tão naturais, tão "nós" que não parei pra pensar no que os outros acham, aquelas. Mas a opinião da sogra é importante, obviamente. Prometi a Thaís que ficaria acordado, mas o cansaço foi mais forte que eu, e a minha mãe disse que ficaria de olho no baby, e nos chamaria caso acontecesse algo.

Acordei com uns pequenos cutucões no meu braço e levei o maior susto, achando que era alguma coisa com o Noah. Como eu me assustei, e a Thaís estava praticamente em cima de mim, ela se assustou também e acabou acordando.

- Aí, Murilo, que susto. - ela faz dengo, mereço.

- Desculpa, amor, é que eu também levei um susto. - a abracei e dei um beijo na sua testa.

Olhei pra trás e tentei ver quem estava me cutucando e sumia, cutucava e sumia. Recobrei a consciência e logo entendi quem era. Me preparei pra pegar a sapeca no flagra. Fingi que não estava vendo e quando ela veio, eu dei um susto nela.

- Aaaai, papai, que susto.

- Haha, peguei no flagra. - fiz cosquinha nela.

- Para, papai, para. - ela começou a rir sem parar.

Eu já estou muito apegado nessa menina, ela me encanta de todas as formas e quando ela me chama de pai, aí, chega dá umas borboletas no estômago. Ela olhou pros lados e me olhou sem entender nada. Ferrou. Thaís puxou assunto pra fazê-la esquecer, mas não adiantou, uma hora ou outra ela ia perguntar.

- Papa, onde está a mamãe?

Eu olhei pra Thaís, buscando consolo. Não faço a mínima ideia de como falar isso, nunca dei essa notícia pra ninguém, menos ainda pra uma criança. E agora? Graças a Deus, eu tenho um anjo na minha vida. Thaís a pegou no colo e olhou nos olhos dela.

- Meu amor, você acredita em Deus? - ela assentiu e a Thaís continuou. - Então, a sua mamãe virou um anjinho dEle e agora está olhando lá de cima pra você.

- Mas porquê ela teve que ir? Eu vou sentir saudade. - ela falou já choramingando

- Deus precisou dela lá, mas nós não vamos te deixar. - Thaís beijou o topo da cabeça dela e ela intercalava os olhares entre a Thaís e eu, como se estivesse escolhendo as palavras certas.

- Tudo bem, eu vou sentir falta - falou enxugando as lágrimas. - Mas agora eu tenho você, o papai e o meu irmãozinho, que cuidam de mim com muito amor e me fazem muito feliz. Se eu tenho vocês, não estou só. Eu amo muito vocês.

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