Thaís
Eu me lembrei de tudo da noite com o Sávio, e não podia conter minha felicidade nesse momento, eu sabia que havia algo errado, nós não fizemos nada, eu não dormi com ele, eu apenas bebi muito e dormi logo em seguida, não posso acreditar.
Estava feliz, mas fiquei triste ao lembrar que eu havia perdido o bebê, que ainda por cima era do Murilo, comecei a chorar novamente pensando no meu brotinho que não estava mais vivo.
- Eita, por que a senhorita está chorando? - perguntou a Dra Robbins ao entrar no quarto.
- Porque perdi meu broti... digo, o bebê.
- Perdeu o bebê? Não, ele está aí e super saudável por sinal. - falou limpando uma lágrima minha.
- Hã? Como não? - perguntei
- Tomar muitos sedativos pode te deixar meio monga mesmo, mas não afeta o bebê. Agora me explica porque você fez isso.
- Mas eu não fiz isso. - falei
- Bom, seus exames mostram o contrário.
Não pude deixar de sorrir com a notícia, apesar de tudo meu brotinho ainda estava lá.
- Doutora, tem mais alguma grávida no hospital? - perguntei.
- Sim, inclusive tem uma no quarto ao lado, por quê?
- Porque não tem como eu estar grávida de três semanas, entende?
- Prometo que irei atrás disso pra você. - disse ela sorrindo simpática.
- Obrigada, é, eu tenho mais uma pergunta, na verdade não é uma pergunta e sim um desejo de grávida.
- Pode falar.
- Quero que seja você a médica que irá acompanhar minha gestação
- Conta comigo, bela adormecida.
Após conversamos mais um pouco, ela me deixou sozinha. O que eu queria entender é porque eu tomei sedativos ao invés de remédio para aborto, que era o que Sávio queria.
Fui tirada dos meus pensamentos com uma visita totalmente inesperada.- O que faz aqui? O que aquele lazarento quer dessa vez?
- Calma, dessa vez não vim à pedido do Sávio, mas preciso ser rápido.
- Sandro, diga logo o que você quer.
- Quero me explicar e pedir desculpas.
- Explicar o quê?
- Sávio nos contou que você estava grávida do Murilo, então ele falou o que pretendia fazer e nos pediu para arrumar os remedios abortivos. Alex conseguiu, mas eu não poderia ver a senhora sofrendo mais, então eu troquei a cartela de remédios da caixa por sedativos sem ele ver, como forma de pedido de desculpa por ter feito parte do plano dele.
- Eu não posso acreditar. - falei sincera.
- Pois acredite, ele odeia o Murilo e o fato de vocês terem um filho, mas acho que ele deveria cuidar da própria vida e deixar vocês serem felizes.
- E o que te faz pensar assim?
- São coisas que aprendi com a vida, dona Thaís, agora já vou indo se cuida e boa sorte. - ele falou e saiu do quarto.
Minha mãe bateu na porta, anunciou que eu tinha visita e saiu, quem entrou foi a Dona Íris, senti meu corpo gelar todinho, agora o inevitável vai acontecer.
- Thaís, querida, quanto tempo, como vai? - perguntou sincera
- Bem, e a senhora?
- Um pouco preocupada mas bem também, já deve imaginar o porquê de eu estar aqui né?
- Sim... - respondi cabisbaixa.
- Thaís, quando você chegou na nossa emissora, eu senti um carinho enorme por você, e gosto de você como se fosse minha filha.
- Sério? - perguntei
- Muito sério, e eu sei que esse momento é delicado e complicado pra você, mas gostaria que você soubesse que pode contar comigo pra tudo, qualquer coisa mesmo.
- Obrigada, Dona Íris, não sabe como é reconfortante para mim ouvir isso.
- Sobre o seu papel na novela, eu sei que não é fácil, mas eu gostaria muito que você continuasse conosco. Você chegou com seu jeitinho e conquistou o coração de todos, ninguém quer te perder, muito menos eu, você é uma excelente profissional e acidentes acontecem.
- É tão bom ouvir isso e saber que tenho vocês ao me lado.
- Mas olha, se você não quiser continuar eu entendo, você é mamãe de primeira viagem, é normal que queira se distanciar.
- Não, longe de mim, quero curtir esse momento ao lado de cada um de vocês, vocês são como uma segunda família pra mim e eu sou imensamente gratar por tê-los em minha vida.
Íris continou conversando comigo até que deu a hora dela ir embora e eu não impedi.
Quanta coisa de uma vez só estava tendo encontros demais hoje. Murilo bateu na porta e pediu para entrar no quarto, e eu permiti que ele entrasse.- Como se sente? - perguntou frio.
- Maravilhosamente bem.
- Como pode se sentir bem depois do que fez? Eu não entendo.
- Eu não fiz nada. - falei calmamente.
- E essa história do Sávio?
- Realmente, eu desconfiei que fosse dele porque nos encontramos e eu bebi muito vinho, e você sabe como sou fraca, então não conseguia me lembrar do que havia acontecido, mas não aconteceu nada, eu lembrei de tudo.
- Se o filho não era dele, porque você tentou abortar? - perguntou confuso.
- Eu não tentei abortar, a própria Dra. Robbins pode te provar isso. Hoje mais cedo Sávio invadiu minha casa e disse que ninguém podia prender ele, ele me obrigou a tomar os remédios e fugiu.
- Eu acredito em você, mas agora por culpa daquele canalha nós não vamos mais ter nosso filho.
Peguei a mão dele e coloquei sobre meu ventre.
- Vamos sim, porque os remédios que ele me deu eram sedativos.
- Como você sabe? - perguntou.
- A Dra Robbins me falou, e logo depois um dos capangas dele apareceu aqui e me contou que havia trocado os remédios, ele se arrependeu do que fez e até se desculpou.
- Eu não estou acreditando, então nós ainda vamos ter um bebê? - perguntou empolgado, acariciando meu ventre.
- Sim, nós vamos ter um bebê.
Ele riu, me abraçou, me beijou, e abraçou de novo, e voltou a beijar.
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Lying Couple
RomanceThaís Melchior teve que se mudar para São Paulo para gravar uma novela, deixando pra trás sua família, amigos e até seu marido, tudo seria perfeito em sua nova vida, se não fosse por Murilo Cezar, a pessoa que ela mais odeia na firma.