Nosso brotinho - cap 53

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Thaís

Eu me lembrei de tudo da noite com o Sávio, e não podia conter minha felicidade nesse momento, eu sabia que havia algo errado, nós não fizemos nada, eu não dormi com ele, eu apenas bebi muito e dormi logo em seguida, não posso acreditar.

Estava feliz, mas fiquei triste ao lembrar que eu havia perdido o bebê, que ainda por cima era do Murilo, comecei a chorar novamente pensando no meu brotinho que não estava mais vivo.

- Eita, por que a senhorita está chorando? - perguntou a Dra Robbins ao entrar no quarto.

- Porque perdi meu broti... digo, o bebê.

- Perdeu o bebê? Não, ele está aí e super saudável por sinal. - falou limpando uma lágrima minha.

- Hã? Como não? - perguntei

- Tomar muitos sedativos pode te deixar meio monga mesmo, mas não afeta o bebê. Agora me explica porque você fez isso.

- Mas eu não fiz isso. - falei

- Bom, seus exames mostram o contrário.

Não pude deixar de sorrir com a notícia, apesar de tudo meu brotinho ainda estava lá.

- Doutora, tem mais alguma grávida no hospital? - perguntei.

- Sim, inclusive tem uma no quarto ao lado, por quê?

- Porque não tem como eu estar grávida de três semanas, entende?

- Prometo que irei atrás disso pra você. - disse ela sorrindo simpática.

- Obrigada, é, eu tenho mais uma pergunta, na verdade não é uma pergunta e sim um desejo de grávida.

- Pode falar.

- Quero que seja você a médica que irá acompanhar minha gestação

- Conta comigo, bela adormecida.

Após conversamos mais um pouco,  ela me deixou sozinha. O que eu queria entender é porque eu tomei sedativos ao invés de remédio para aborto, que era o que Sávio queria.
Fui tirada dos meus pensamentos com uma visita totalmente inesperada.

- O que faz aqui? O que aquele lazarento quer dessa vez?

- Calma, dessa vez não vim à pedido do Sávio, mas preciso ser rápido.

- Sandro, diga logo o que você quer.

- Quero me explicar e pedir desculpas.

- Explicar o quê?

- Sávio nos contou que você estava grávida do Murilo, então ele falou o que pretendia fazer e nos pediu para arrumar os remedios abortivos. Alex conseguiu, mas eu não poderia ver a senhora sofrendo mais, então eu troquei a cartela de remédios da caixa por sedativos sem ele ver, como forma de pedido de desculpa por ter feito parte do plano dele. 

- Eu não posso acreditar. - falei sincera.

- Pois acredite, ele odeia o Murilo e o fato de vocês terem um filho, mas acho que ele deveria cuidar da própria vida e deixar vocês serem felizes.

- E o que te faz pensar assim?

- São coisas que aprendi com a vida, dona Thaís, agora já vou indo se cuida e boa sorte. - ele falou e saiu do quarto.

Minha mãe bateu na porta, anunciou que eu tinha visita e saiu, quem entrou foi a Dona Íris, senti meu corpo gelar todinho, agora o inevitável vai acontecer.

- Thaís, querida, quanto tempo, como vai? - perguntou sincera

- Bem, e a senhora?

- Um pouco preocupada mas bem também, já deve imaginar o porquê de eu estar aqui né?

- Sim... - respondi cabisbaixa.

- Thaís, quando você chegou na nossa emissora, eu senti um carinho enorme por você, e gosto de você como se fosse minha filha.

- Sério? - perguntei

- Muito sério, e eu sei que esse momento é delicado e complicado pra você, mas gostaria que você soubesse que pode contar comigo pra tudo, qualquer coisa mesmo.

- Obrigada, Dona Íris, não sabe como é reconfortante para mim ouvir isso.

- Sobre o seu papel na novela, eu sei que não é fácil, mas eu gostaria muito que você continuasse conosco. Você chegou com seu jeitinho e conquistou o coração de todos, ninguém quer te perder, muito menos eu, você é uma excelente profissional e acidentes acontecem.

- É tão bom ouvir isso e saber que tenho vocês ao me lado.

- Mas olha, se você não quiser continuar eu entendo, você é mamãe de primeira viagem, é normal que queira se distanciar.

- Não, longe de mim, quero curtir esse momento ao lado de cada um de vocês, vocês são como uma segunda família pra mim e eu sou imensamente gratar por tê-los em minha vida.

Íris continou conversando comigo até que deu a hora dela ir embora e eu não impedi.
Quanta coisa de uma vez só estava tendo encontros demais hoje. Murilo bateu na porta e pediu para entrar no quarto, e eu permiti que ele entrasse.

- Como se sente? - perguntou frio.

- Maravilhosamente bem.

- Como pode se sentir bem depois do que fez? Eu não entendo.

- Eu não fiz nada. - falei calmamente.

- E essa história do Sávio?

- Realmente, eu desconfiei que fosse dele porque nos encontramos e eu bebi muito vinho, e você sabe como sou fraca, então não conseguia me lembrar do que havia acontecido, mas não aconteceu nada, eu lembrei de tudo.

- Se o filho não era dele, porque você tentou abortar? - perguntou confuso.

- Eu não tentei abortar, a própria Dra. Robbins pode te provar isso. Hoje mais cedo Sávio invadiu minha casa e disse que ninguém podia prender ele, ele me obrigou a tomar os remédios e fugiu.

- Eu acredito em você, mas agora por culpa daquele canalha nós não vamos mais ter nosso filho.

Peguei a mão dele e coloquei sobre meu ventre.

- Vamos sim, porque os remédios que ele me deu eram sedativos.

- Como você sabe? - perguntou.

- A Dra Robbins me falou, e logo depois um dos capangas dele apareceu aqui e me contou que havia trocado os remédios, ele se arrependeu do que fez e até se desculpou.

- Eu não estou acreditando, então nós ainda vamos ter um bebê? - perguntou empolgado, acariciando meu ventre.

- Sim, nós vamos ter um bebê.

Ele riu, me abraçou, me beijou, e abraçou de novo, e voltou a beijar.

Lying CoupleOnde histórias criam vida. Descubra agora