Pôr do Sol - cap 32

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Thaís

Conversei com Letícia sobre o que estava acontecendo e nós resolvemos não chamar a polícia, queríamos pegar Sávio do nosso jeito. Mandei uma mensagem pra ele, no número que eu tinha salvo ao invés de mandar no anônimo, mas ele não respondeu, o jeito era esperar. Acordei super disposta e marquei um horário para visitar uma casa não muito longe daqui, chamei Letícia para ir comigo. Nós chegamos lá e logo de cara a casa já me chamou atenção, nós começamos a visita e cada vez eu gostava mais

- E então, o que achou? Gostou dela?

- Sim, gostei muito, vou ficar com ela.

- Perfeito, vamos dar início a papelada.

Conversamos mais um pouco com ele e quando fomos embora, Letícia precisou ir para outro lugar, então ela pegou um táxi e eu tive que voltar sozinha no meu carro. Como era quase uma hora da tarde a fome começou a apertar, mas eu não tinha ideia de onde ia almoçar.

Meu celular apitou avisando que havia uma nova mensagem

Quer almoçar comigo? (Murilo)

Pensei um pouco e resolvi aceitar, não tinha planos para agora mesmo

Está pensando em ir aonde? (Thaís)

Um amigo meu tem um restaurante japonês, você gosta? (Murilo)

Sim, aonde fica? (Thaís)

Vou mandar a localização (Murilo)

Não ficava muito longe dali, coloquei no gps e dava 16 minutos

Te encontro lá em vinte minutos (Thaís)

Sim, senhora. (Murilo)

Desliguei meu celular e comecei a prestar atenção no caminho, havia coisas pelas ruas nas quais eu nunca havia prestado atenção, liguei o rádio e começou a tocar uma música que no momento eu não consegui me recordar o nome, mas a letra dizia

Tá ficando incontrolável não segurar sua mão
Tá ficando insuportável essa situação

Você finge que não quer, na frente dos outros
Ai eu chego junto cê não nega fogo
Chega ser até covarde da sua parte
Confundir amor com amizade

Pensei em mim e no Murilo, querendo ou não, nesse momento era assim que eu me sentia em relação a ele, somos ótimos amigos, mas não me contento só com a amizade.

Chegamos ao restaurante e eu vi Murilo em pé na frente me esperando, e com isso acabei me lembrando que precisava falar com os fãs sobre meu divórcio, não é justo esconder isso deles.

- Oi. - disse Murilo ao me ver chegar

- Oi. - falei

- Você sumiu desde ontem. - disse ele

- Muitas coisas para fazer. - falei entrando junto com ele

Escolhemos uma mesa e nos sentamos, comecei a contar para ele que eu estava procurando uma casa e que provavelmente eu já havia encontrado, falamos de mais algumas coisas como o roteiro da novela, depois das férias, e eu acabei me empolgando e falando da última novela que eu fiz

- Você não escutou nada do que eu disse né? - falei colocando um sashimi na boca

- Oi? - perguntou

- Foi mal, eu me empolguei. - falei

- Não, eu que peço desculpa, é que eu vi uma pessoa na rua, era meio familiar, mas não consegui saber quem era

- Ela já foi? - perguntei

- Sim.

- Bom, eu já estou satisfeita.

- Eu também.

- Então já podemos ir.

- Mas já? - perguntou

- Você já viu que horas são? Começamos a conversar e nem vimos a hora passar, já estão fechando o restaurante.

- Tem razão, eu nem tinha reparado. Já tem quase duas horas que estamos aqui.

Nos levantamos e ele não deixou de jeito nenhum eu pagar a conta, insisti de todas as maneiras, mas quando ele coloca uma coisa na cabeça, não tem discussão. Saímos do restaurante e atravessamos a rua onde meu carro estava estacionado. Nos despedimos, coloquei a chave no contato e Murilo começou a caminhar em direção ao seu carro, mas acabou dando meia volta.


- Quer passar o resto do dia comigo no Guarujá? - perguntou ao se aproximar, segundos antes de eu dar partida no carro e ir embora


Tirei a mão que estava no volante e coloquei sobre meu colo, fiz o mesmo com a mão que estava na chave. Olhei para Murilo e ele parecia nervoso, então começou a falar novamente

- Sei que posso parecer meio impulsivo. E, por favor não...

- Eu quero. - respondi, por fim, sem pensar muito para não perder a coragem

- Você vai deixar seu carro aqui ou prefere ir até a firma? Podemos deixar lá se quiser.

- Vou deixá-lo aqui para não perdermos tanto tempo.

- Então vamos no meu carro? - perguntou

- Como você preferir.

- Estacionei meu carro ali na frente. - disse me guiando gentilmente até o carro, abriu a porta para que eu entrasse, contornou o carro e entrou.

Sem nem perceber, eu dormi. Quando chegamos ao destino, a tarde estava quase terminando.


- Bem, já estamos aqui. - disse ele dirigindo devagar pela orla

- Sim, estamos aqui. - respondi observando a paisagem, nunca tinha vindo aqui antes

- O que acha de pararmos na praia da Enseada? Podemos ver o pôr do sol

Concordei com a cabeça e, depois de estacionar o carro nós seguimos à pé até a praia, caminhando lado a lado em completo silêncio, até que resolvemos sentar na areia
Tirei meus sapatos e senti a areia no meu pé, eu senti cócegas não sei por que, mas fez Murilo rir. Parei para reparar no sorriso dele, pensei no quanto ele me traz conforto e paz, reparei em seus olhos também, desejando guardar comigo para sempre aquela imagem dele sentado na praia, rindo de uma coisa besta, esse é o meu Murilo, o Murilo que me fez sentir preenchida após longos anos com um enorme vazio. Deitei minha cabeça em seu ombro, ele me abraçou me trazendo para mais perto de si e eu vi o pôr do sol mais bonito de toda minha vida.

Lying CoupleOnde histórias criam vida. Descubra agora